quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Um olhar luxurioso - Por Alexs Tcho


Danças insípidas

Dançando na rua... dentro da mente... enquanto pensava os amores de sua imaginação, tão distante quanto os mundos de Alice, de seus contos infantis que ainda não o fizeram crescer, ser o homem que queriam que fosse. Dançando na rua... dentro da mente... enquanto sonhava com os beijos de outros príncipes encantados ... em seus enormes cavalos ... brancos, negros, amarelos... era assim que incentivava as pupilas dos olhos a brilharem em dias chuvosos, de nuvens espessas, de memórias que pairavam no meio dos grandes prédios, no ar, flutuando com o vento poluído. Uma visão futurística de tudo o que há de bom no caos. Nas grandes cidades, nos grandes centros, há uma infinidade de rostos, de príncipes, de poucos encantos, mas de muitas poesias cheias de esperança, em cada rosto um poema. Dançando na rua... dentro da mente... enquanto pensava quem queria beijar, tão distante quanto os mundos de Alice, de seus contos infantis, que o faziam crescer pouco a pouco, enquanto admirava a barba do outro jovem, que admirava os seus olhos brilhantes, que admirava toda a pele branca, que admirava toda a pele negra, que eram opostos em paletas, e que eram únicos em sentimento. E do nada nascia o amor. De danças perdidas dentro dos olhos.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Noturno I

Ele caminha pela rua a noite, a procura de algo que não encontrará, pois aqui não há nada. Só o desespero interno. Sonhava anjos antes, porque os anjos eram inexistentes, mas proporcionavam a ele, a sublimação da solidão transportada para a dor nas genitálias causadas apenas pela imaginação. Agora os anjos se foram, e não resta mais nada, só o silêncio noturno de Chopin na mente, procurando espaços entre os pensamentos para dedilhar mais uma tecla do piano desafinado, som da memória. Eu era um anjo e podia vê-lo desesperado, entre cervejas e sonhos, entre espasmos de dor interna sentimental, e memórias selecionadas no acaso de uma vida triste. Ele caminha pela rua a noite procurando a felicidade sozinho. Arvores com grandes copas criam-se na mente sendo iluminadas pela raiz. Pássaros brotam do chão, arrastando-se com as asas machucadas. Onde não há paredes existe o cheiro do mofo. Os morangos que mofaram, do meu amigo Caio, que já falou sobre esse mesmo sentimento, sobre esse mesmo piloto da vida, sobre esse homem que caminha pela rua a noite, a procura de algo que não encontrará. Não há para ele final feliz, e tudo já é final. E tudo já é loucura, e o suicídio toma conta do seu corpo, porque na rua, a noite, não há ninguém, e árvores não fazem cafunés.


Preâmbulo sobre minha literatura

Venho pensando em escrever sobre mim no blog. E fico a avaliar se é isso algo necessário, ou no mínimo, coerente. Eu uso muitas vírgulas para dar ênfase às palavras. E isso não caberia em minha vida, que tem sido excluída de ênfase de qualquer gênero. Então. Ao invés de pensar no suicídio que poderia ser uma opção para a fuga dos problemas sentimentais de minha alma e coração, de minha mente inimiga, e do mundo que parece estar contrariado às expressões de amor que distribuo aos quatro ventos, escrevo. Pedindo a todos que desconsiderem o preâmbulo. Octávio Paz, em O Arco e a Lira disse que o poeta não se exclui da sua obra. Me disseram que eu leio mal Paz. Mas eu acho que a ligação entre o sentimento interno, e o poema é mais íntima do que se pode pensar, sonhar, imaginar. Não há poesia sem escritor, não há poesia sem poeta, sem artista, sem sentimento. Então mando ao extasiado foda-se às regras da quase literatura acadêmica, para dizer o que sei dizer de melhor.

Na verdade esse texto é só provocativo, vez que eu sempre estive inserido em meus textos, por mais externos que fossem a mim, ou por mais descritivos sobre o relato alheio da vida amorosa de outros. 

Só peço que, no fim das contas, considerem quem escreveu o texto, já que a poesia não é feita para ser lida, e sim sentida. Mas ao mesmo tempo, não relacionem tudo a mim, pois eu crio casos e situações, e o papel do escritor é esse: contar histórias.

Att. Leandro Benevides

sábado, 13 de setembro de 2014

Encontrei amores e carinhos, mas só no internato coração... não na vida entrepartida de decepções. lá não. lá não pode amar. lá é proibido. lá o amor é inexistente - concepção que mistura a fúria e o desejo. Encontrei pássaros de luzes coloridas, em novos caminhos de poemas suburbanos, de ardentes traições mundanas migrando de lugar, de almas repletas... Então ao internato coração é possível entender que se pode ser amado lá. apenas lá. aqui não pode. na vida é proibido. o amar é um defeito.


Interna depradação

como se o silêncio durasse a noite toda
o dia todo
como se o dia fosse a noite silenciosa e tensa
como se o sonho não despertasse
pesadelo...

como se o mundo não me deixasse
como se eu não pudesse
como o pão que o diabo amassou
a tristeza de noite sem alegrias

não sonho mais com beijos
nem com penas coloridas nos pássaros diurnos
como se eu fosse um anjo caído
sem asas... perdido nesse mundo
como se eu não fosse feliz

domingo, 20 de julho de 2014

O cego e o poeta


Ele olhava para o lado. Sentia como se as borboletas quisessem machucá-lo. Panapaná passara a pouco. A floresta ficou colorida. Tão colorida. Mesmo assim algumas árvores estavam escuras porque pouca luz do sol raiava embaixo das copas. E também porque pouco a pouco perdia sua visão. O médico disse um pouco antes, uns dias antes: Não tem jeito, vai ficar cego logo. A crueldade do médico era tamanha... que a mãe ouvira assim: vai ficar cegueta seu moleque, logo logo. Então ele sentia como se as borboletas fossem matá-lo, deixá-lo na escuridão tenra, sombria, triste, magoada, acalentosa. Ele sentia... panapaná... Elas iam e voltavam... de todas as cores, e traziam as memórias dos beijos de dos abutres. E ele lembrava dos sonhos e dos calores, dos quentumes. Ele via a memória, que ia se apagar como a chama consome um papel. Era assim. Ninguém sabia do fato, mas as coisas estavam acontecendo depressa. Ele olhava para tudo e via tudo se apagando. Os poemas eram raros, as obras de arte que tanto gostava eram escuras. A vida ficou sofrida. Então ele conheceu outro ele... As coisas mudaram de um dia para o outro. A intensidade. A lembrança do amor renasceu de outra forma. A rua silenciosa revelava um ambiente neutro, úmido e propício para o primeiro beijo. Foi linda a forma como se conceberam. Entre os apreços dos pais, as irmãs que se consentiam, o abraço do amor que surgia. Ele parecia um anjo. Cheio de uma luz que não se apagava. Estava quase cego, mas o amor renascia trazendo-lhe claridade. O toque foi valorizado. O beijo revelou um processo de cura. Não era milagre, ele via com o toque, com os sons. A cada toque imagens psicodélicas se formavam, a cada som cores fosforescentes apareciam na mente. As ondas sonoras revelavam um rosto lindo, diferente. Ele já estava cego por completo. Toda a retina escura, comida pelas traças de um mundo particular não explorado. Não era cena de romances, de poemas, de novelas, de cinema. Era diferente. Um amor diferente. Uma paixão diferente. O mundo todo esperava pela libertação de um amor verdadeiro, presente no coração de todos os homens. Proibido. Então: Num escuro de sons e toques chorou. Num piquenique, numa reserva florestal, um parque, em que os guaxinins tentavam roubar comida: Ele viu, do seu modo. Panapaná passava por ali. O beijo o fez ver o mundo de outra forma: Uma aliança em um morango. Os dois se casaram pouco tempo depois, no meio de um bosque. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

Carta amante nº 6 - Jean

meu querido.

normalmente eu escrevo com vírgulas após o vocativo, porque continuo a falar com você e não vejo a necessidade de pôr um ponto em algo que vai continuar. hoje é diferente. normalmente eu escrevo com letras maiúsculas depois dos pontos, porque acho tão necessário fomentar as regras da gramática, mas hoje ignoro todas, pois minha vida não seguiu o caminho das regras estabelecidas para o meu coração. hoje eu não escrevo, eu conto, eu digo, eu sonho. você se casou e eu não entendo. eu não entendo como reginaldo rossi poderia ter descrito essa cena de tristeza e amargura em palavras tão doces que me representassem tanto. eu não entendo. eu não entendo porque você não me convidou. obviamente eu não iria, mas receber de suas mãos, pessoalmente esse papel seria uma grande oportunidade para eu perguntar porque? porque só eu posso sentir tudo isso que afunda o peito em lágrimas todos os dias, e você, nada? porque nós nunca podemos ser felizes juntos? as coisas são difíceis. nada simples. eu certamente ia estar cantando baixinho, no meio dos convidados, esse verso pequeno, "saiba que o meu grande amor hoje vai se casar".... e pararia aí porque não recebi carta, nem aviso, apenas um choque imenso. eu também choraria no seu casamento, não de emoção, mas de tristeza, de luto, um choro soluço. não conseguiria parar. eu posso lembrar de quando o vocativo "meu querido" me alegrava e sustentava no meu coração algo novo, a se renovar todos os dias. eu mudei! você mudou! e hoje você é diferente. usa essas algemas de ouro, que me impedem de dizer sequer: te amo. aquele humilde som que grave, baixo e choroso, pudesse representar meu sentimento. hoje não posso dizer nada. fico só a pensar como seríamos felizes juntos. como eu poderia ter uma vida alegre e diferente se você me dissesse isso também. te amo. te amo no eterno. e nunca vou deixar de te amar. não importa o que aconteça, o que apeteça nos seus dedos, o ouro, o luxo, a prisão desnecessária, a outro coração que não o meu. desculpe se canto músicas bregas. mas eu não tenho mais nada a dizer senão "se eu pegar no sono, me deite no chão"... mas não me deixe voltar. 



domingo, 11 de maio de 2014

Os vizinhos e todas as suas preocupações.

Não é como se eu tivesse encontrado o amor da minha vida. Nunca é, na verdade. Eu posso dizer que senti isso em alguns momentos, pelo menos quando eu tive a oportunidade de sentir seu coração pulsando na pele quente da palma da sua mão. Para você que está aí sentado, deitado, com as pernas em cima do sofá, ou desesperado procurando algo para comer na geladeira, mesmo sabendo que não existe, e agora acabou de encontrar a pizza de dois dias geladas com queijo, palmito e fungos (A culinária francesa me atrai, mas esses fungos não são comestíveis), eu digo que a noite foi incrível. Não é como se eu tivesse encontrado o amor da minha vida, nunca é na verdade, mas sabe quando você sente que existe algo especial que acontece entre a gente? Sabe quando você percebe a face do outro pedindo por um pouco de atenção, e então você rebusca toda a história da vida alheia como se fosse um detetive profissional, ou psicólogo, ou um vizinho... então, nesse momento específico em que os olhos se cruzam, e você sente que precisa de mais do que apenas um beijo para ser feliz, você entende que a sua vida pode ser vazia para sempre, mas que é melhor não se precipitar, não buscar sentimentos inexistentes, contínuos alheios de espasmódicos sentimentos demonstrados em poucos sorrisos, muitos beijos, carinhos e um pouco de vodka, noite de bebidas americanas, ou inglesas, parafraseando Hilda eu digo (who knows?), sim, esse sentimento vil que mistura álcool, fumo, beijo e perversão, se a igreja me visse? ahh, se toda a beleza dos paramentos religiosos estivessem me alcançando mentalmente, talvez eu pudesse ser salvo. Mas não havia, nem padres nem freiras no momento da libertação de meu verdadeiro eu. Sim, porque a igreja de roma, e as igrejas pentecostais do "eternal halleluja" não querem que sejamos nós mesmos, porque isso faz com que nosso dinheiro seja investido agora em nós, e não em nós pós mortem, ou seja no deles agora, nos tempos de outro e paramentos etc. Muitas discussões e pouco amor. É o que eu sinto, mas os olhos dele continuaram ali, esperando uma libertação, que viria certamente com meu beijo... então eu lhe dei (o beijo pervertidos), e ficamos livres de tudo, dos "jesuses sagrados", dos outros e dos vizinhos. E as bebidas inglesas ou americanas (who knows?), que fizeram com que nos conhecêssemos me salvaram a vida, já que me sentia feio demais, pobre demais, burro demais, sozinho demais, rejeitado demais, suicida demais... Então fui salvo, pelo beijo, e pela bebida, pela língua e o carinho... Então, naquele momento, mesmo que não seja como se eu tivesse encontrado o amor da minha vida, nunca é, dessa vez, eu pude receber uma esperança, e visualizar dentro de mim essa fagulha de luz, essa linda luz espiritual que brota do centro dos nossos corações, e que vizinho nenhum pode tirar de você. Essa linda fagulha, que não aumenta quando você paga o dízimo, mas quando se sente bem, essa fagulha que me fará resgatar do nada, do fundo do poço, um amor pessoal que já estava perdido. No fim das contas, sendo você, inglês ou americano (who knows?), digo, love you men, stay with me, mas sei, é impossível no momento, então vá, mas vá comigo na memória, e com canções e amores joviais. Vá, por favor, comigo, sonhe comigo, apaixone-se comigo, porque se você for o amor da minha vida, eu poderei riscar a palavra nunca do meu vocabulário. 

sábado, 26 de abril de 2014

Irrespirável

Eu estou sem inspiração
porque meu nariz entupiu.
Fiquei sem inspirar
sem expirar
sem respirar você.
Tornou-se irrespirável.

Seu hálito podre,
seus olhos horríveis,
seus beijos nojentos.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Mensagem

Me tornei indiferente ao seu novo amor,
a essa sua vida medíocre,
a esse seu falso cultismo, ocultismo escondido...
liberado pelas máscaras religiosas.

Me tornei indiferente ao seu novo amor.
A inveja que me toma é grande,
mas prefiro não te provocar.
Pois a provocação é como um pedido desesperado.

Me tornei indiferente ao seu novo amor.
O silêncio me abençoa nestas horas.
Das vidas que me passaram,
só me restam a tristeza e a humilhação.

Me tornei indiferente ao seu novo amor.
Porque ser indiferente é não sofrer,
é relevar o peso da dor que me causa esses seus olhos.
É sentir, no fundo do coração, que um dia voltará.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O assassino e a borboleta

Eu não vou seguir a borboleta, me falaram que ela causa caos. Se cada vez que ela bate as asas aqui um furacão mata pessoas do outro lado do mundo... eu vou fazer o que ao segui-la? Nada, não quero ser cúmplice de assassinato. Prefiro ficar aqui, a lavar roupa, a lavar sangue, a lavar beijos e memórias passadas neste tanque da vida. Eu que estou sofrendo pelo meu íntimo como sofrem os poetas. Como sofrem os amores incorrespondentes. Não fico esperando as gotas de chuva caírem na janela, mas ao mesmo tempo desisto do mundo e de todos. Eu não quero ser cúmplice de assassinato. Será que preciso matar essa borboleta? Ela tem as asas tão douradas, será que vejo pó de ouro esvoaçando? Será? Duende? Doente? Gnomo? Nono? Que foi embora, que nunca mais voltou, que nunca mais me balançou nos pés a deixar largo meu sorriso de bebê. Essas lendas irlandesas que nos transformam em verdadeiros dopados químicos. Será? São as lendas? As fendas? Fendas da minha alma que mais parecem um abismo... um sujeito que me traz a lembrança de um tempo ao longe, onde tudo era fácil, e o mundo me fazia bem... eram as pessoas que me faziam mau. O mundo era lindo.... é lindo... mas não é tão lindo quando se tem fome, sede, esperança.... sentir esperança é pior que passar fome, porque a esperança como o nome diz é o ato de esperar, e quem espera nunca alcança, diz a música que só alcança quem acredita... Eu não acredito, nem espero mais... já foi o tempo. A borboleta bateu as asas de novo, parada na janela e me atrapalhando trabalhar, me incomodando pensando nas mortes no japão. Aquele filme estranho que passou na tv, o ator que tinha a voz do zé da silva, meu amigo lá do rio, dizem que ele e dublador... Eu não sei... como é que pode ter a mesma voz, o zé da silva, e o moço bonito do filme da globo? Como é que pode isso. Esse filme é mais estranho por isso do que por causa daquela teoria científica que eu acabei acreditando e que não sai da minha cabeça... Eu é que não vou ser cúmplice de assassinato. Melhor pegar o chinelo, o santo chinelo havaiana, que nos transforma em assassinos, possíveis presos da sociedade protetora dos animais, mas com esses ninguém se importa, não foi Deus que fez as baratas afinal... Deus só fez aquele cachorro poodle da madame que mora aqui em cima... o resto é produto da evolução de Darwin. O homem é imperfeito afinal... A minha tristeza não consola, não consola o pensamento de ter que matar ou morrer, não consola o beijo que foi embora, agora com a roupa estendida, e a cueca que ele esqueceu na minha casa, suja, depois de uma noite de amor. Não vale o consolo. Não vale de nada a esperança, e os sonhos vão embora dia a dia, desesperados. Uma chinelada, e ela estrebucha no parapeito, a gota da chuva bate em cima dela, o pó de ouro vira um borrão, outra chinelada e uma gosma me dá nojo, tenho que limpar essa coisa da janela, mas a minha janela, a janela da minha alma, triste e solitária... quem limpa?


facebook

E aí pessoas???? Quem vos fala é o autor, o poeta, o escritor, ou sei lá quantos títulos inúteis tenho ouvido por aí. Sou só eu, o de sempre, amigo de todos e amante infinito, Leandro. Quero convidar vocês a acompanharem minhas escrevências, meus minicontos e poemas, que atualizo sempre que possível no blog e na minha página.

Então, para quem quiser curtir, vai o endereço


Tenho compartilhado uns curtas, filmes e sons também, que tem agradado o pessoal e feito sucesso no nosso mundo. Assim, meu canal é um pouco, um canal de cultura gay no facebook. Vale a pena acompanhar.

Beijos e Griffes

Um olhar luxurioso


Pupilas

São as sensações da alma
os teus beijos mais internos e
as lembranças tão sonhadas,
as amarguradas memórias
e os simples sorrisos...

É nelas que encontramos a essência
essência criança
de um infinito particular¹

Elas brilham quando alegres...
e murcham, e ficam tristes, e pensam...
e quando eu choro o mundo acaba.

Mas é através delas
que descobrimos a verdade do amor...
As tuas lindas pupilas
que se iluminam e me veem de forma particular...
tão particular quanto te vejo
coberto de véus,
sentimentos, tesão, sexo...
e nós, perdidos num deserto de emoção,
nos guiando simplesmente pela luz dos olhos teus²




1- Referência à música de Marisa Monte, Infinito Particular, que deu nome ao álbum de 2006.
2- Referência à música de Tom Jobim, gravada por ele e por Miucha: "Pela luz dos olhos teus".

sábado, 29 de março de 2014

Ele, ele e a avó

Naquele dia, quando acordou percebeu o céu mais claro, não que no outro dia não estivesse, apenas sua vida cinza não lhe permitia enxergar a beleza à sua volta. A beleza dos dias, da natureza, dos pássaros, do amor. Mesmo vivendo na cidade, encontrava vestígios de uma natureza meio morta, semimorta, quasemorta, completa somente pelo canto do bem-te-vi que ficava no parapeito da janela. Ele ouvia sua avó na sala, terminando seu leite quente. E ninguém mais na casa percebia nada. Ela sabia que ele estava feliz, e não questionava nada, apenas sabia, e ficava feliz também. Acredito que para aqueles dois, a cumplicidade é apenas uma demonstração de amor. O dia passa, o almoço, o jantar, a casa barulhenta de novo. O seio amargo da sua família. A tristeza parece tomar conta de tudo novamente, então ele sai, olha as estrelas, vê o telefone, e pega a foto 3x4 que ganhou do seu amor no dia anterior, e pensa nele. O telefone toca, ele do lado de fora da casa, a foto 3x4 nas mãos, o beijo relembrado, a voz que se aproxima novamente, o céu estrelado ganhou mais estrelas. A avó dentro da casa observa a cena sentada no sofá ao lado da janela, sorri disfarçadamente, e quando perguntam a ela o motivo, ela diz: "é a novela". Todos pensam que ela tem problemas mentais... então os sonhos deles se unem, e mostram a felicidade guardada no coração daqueles dois... a cena se repetirá todos os dias, até que uma estrela se apague no céu.


domingo, 23 de março de 2014

A cultura da frieza

O mundo parece tão sem sentido ultimamente, nossas vidas andam perdidas, ninguém se olha nas ruas, e a cidade tornou-se cinza. Vendo deste modo parece triste, mas a maior tristeza apetece a alma quando você consegue olhar o mundo colorido, as pessoas felizes, se olhando, rindo, se beijando, se sentindo, e isso não acontece com você. Bem... Isso não parece triste, é desastroso, a alma se perde, a vida se perde, como se eu quisesse pegar água com as mãos, e ela escorre pelos meus dedos, que estão calejados demais, porque talvez meu coração esteja se refletindo na palma das minhas mãos. Eu não entendo como o mundo funciona, eu sou simples, ou talvez complicado demais, eu quero apenas amar verdadeiramente, não quero ter que me dedicar a uma falsa exposição porque a sociedade não pode permitir que eu diga eu te amo no segundo encontro, porque isso assusta... Que assuste então! Eu quero amar, eu quero me deixar amar... Desde o começo do século XX se instaurou essa cultura da frieza, dos corações gelados. Drummond disse “Os desiludidos do amor”, Florbela se suicidou pouco depois de descobrir “que quem disser que se pode amar durante a vida inteira é porque mente”. Eu nunca amei... Eu nunca fui amado... e tem sido difícil conviver com isso. Eu estou fazendo esse texto, como autor, como artista, tentando retratar a alma de tantas pessoas que passam por esse sofrimento, da falta das convenções sociais intrínsecas ao espírito. O que é conveniente tornou-se Deus. Deus se chama conveniência. A conveniência tem criado espíritos novos, e este novo Deus é frio como o ártico no inverno. É como se ninguém se visse. Hoje eu já não sei se quem se ama é apenas conveniente ou se ama de verdade. Manter um relacionamento está muito mais ligado à segurança pessoal do que ao sentimento. Baumam já nos disse isso “O relacionamento é um investimento”. Mas que merda! Será que o sexo e toda a intimidade formada a partir dele, do contato, do toque, do olhar, do beijo, do sonho, não significa nada para ninguém além de mim? Onde foi parar o cristo que dizia “amai-vos uns aos outros como a si mesmos”... De que adianta ser tão bom... seguir o (in)Feliciano (homicida e auto-homofóbico), e todos os seus comparsas e espalhar mentiras em nome de Cristo, se o principal mandamento não é seguido. Que vão à merda, você e a conveniência, e quem quiser amar, que venham comigo, que me sigam, que me amem, porque eu quero amar além das aparências.  Que enfiem a conveniência no cu, eu vou dizer eu te amo, no primeiro encontro se me der na telha, e se ninguém me desejar, se ninguém me desposar, morrerei honesto e seco. Se a conveniência criou o espírito de vocês, Deus criou o meu, que venham comigo, Florbela, Drummond, Bauman, que venham comigo brasileiros amantes de todas as tribos e culturas, o importante é o sentimento verdadeiro. Eu só quero comigo, os desiludidos do amor, o que acham que conseguirão amar a vida toda, os que pretendem se casar e ter filhos, por amor, não por medo, não por susto. Que o eu te amo seja celebrado como o espírito de Deus no meio dos homens, e não como um momento certo a dizer algo que pode se tornar estranho e amedrontado se dito em outro momento. Ahh meu Deus, quanto texto, quantas palavras dispersas e solitárias, quanto sentimento perdido aqui. E tu aí, sozinho, indo aos bares, com medo de dizer eu te amo, porque tem medo de ficar sozinho, e isso nem faz mais sentido.  Talvez você não chegue até o fim desse texto, talvez você não esteja aqui, nessa linha, talvez sua alma seja completa, e tu ames verdadeiramente, talvez você seja diferente do resto conveniente do mundo. Mas talvez, você seja como eu, sozinho, triste e abandonado, esperando amar de verdade, alguém que se importe, alguém com quem valha a pena se importar, alguém que possa ser tão triste, mas que possa me fazer tão feliz. Venham comigo “desiludidos”, vamos gritar ao mundo todo, “E agora José?”


quarta-feira, 5 de março de 2014

O último discurso

Meu sonho não é eterno,
Minha alma que é tão sombria,
O mais triste fim me aguarda.
Esse mundo estranho e fétido.
Esse beijo podre do diabo.
Minha alma sombria, minha luz que se esvai...
eu não beijo, não deixo, seu sonho vai...
nosso corpo entorna,
o seu seio me enforca,
e tudo continua triste...

Eu não vejo, não ouço, não tento...
não quero mais, basta me despedir de todos...
acho que a solução não é feliz, afinal.
Não tentem me impedir, pois só a morte,
limpa, tenra, sagrada, me retirará a dor
de nunca ser tão completo,
de sempre estar abandonado
pelos homens do nosso tempo.

Os falsos estranhos homens do nosso tempo.
São eles os culpados. Eu não aguento mais.
Tanta injustiça. Mas vai acabar, em lamúrias vai acabar...
Em choro vai acabar. Logo logo vai acabar,
o beijo vai embora, o cheiro vai embora, nada vai ficar...
nem a lembrança
nem a poesia
nem o sonho,
tudo vai para nunca mais voltar. Afinal,
somos todos tão frágeis.
Quem se importa?

Acho que vou embora
tudo vai acabar,
nada vai ficar.
Vou me matar...

terça-feira, 4 de março de 2014

tristes estações

Os dias são tensos...
escuros, energúmenos transeuntes.
São nublados, petrificados,
são tristes, a nebulosidade é o começo.

As noites tão supremas, no iluminar noturno,
no som que se apresenta,
nos grilos a tocar sinfonias barrocas,
no mato a tintilar, e a coruja que me encanta.

As noites vivo, abundantemente.
De dia,  penosamente sobrevivo.

Nas noites os amores são formados.
Nos dias, o suor, o cansaço.
Aqui no fim do mundo, um beijo enevoado,
do meu tenso trabalho, meu peito entrecortado.

Me beije o luar, pois o sol me mata, me tortura.
a fome vai embora, o beijo se demora
o sono que me apressa, nem sempre me regressa
aos bons tempo de criança, sujando a boca, vitória!
do pequeno time da rua, das disputas mundiais.

Tudo isso na infância, na adultice,
que chatice, o dia é só desgosto, rezo
vai embora, não prolongue
e a noite vem, linda e uniforme, 
e eu peço só, beije-me meu amor
Embebeda-me, minha alma, há muito tempo, dorme.


segunda-feira, 3 de março de 2014

O cenário sujo

Beijos doces no cenário
no seu cenário disfarçado
no seu inferno preparado
no seu berçário iluminado
no seu caminho apedrejado
no seu corpo violado
no seu luto transformado
no seu sexo inundado
no seu pênis estourado
no seu sêmen vazado
no seu prato angustiado
no seu lábio desfocado
enfim, beijos doces no cenário.

Fodam-se

Faço poesia porque posso
porque quero
porque não sei falar de forma menos inteligente
porque sou pretensioso
metido
arrogante, e quero que 
fodam-se.

Faço o que quero, quando quero
ofendo deus porque não tenho medo dele
porque não tenho medo do inferno
nem do capeta, nem do seu julgamento inútil
passo fome se precisar, mas não me rendo
porque sua alma está condenada
por causa da sua idiotice
podre

Faço poesia porque eu posso
você não pode
você não quer
você tem medo
é pequeno
sim, arrogância... eu amo ser assim
me faz bem, e vocês
bem, vocês... fodam-se.

Passion

Amor? não, não existe amor...
existe interesse.
troca,
impaixão,
passion.
Sim, isso existe:
a paixão pelo dinheiro.
pelo que é bom...
isso existe:
a paixão pelo status,
pelo pão (não o de comer).
sim, isso existe: paixão
amor? não, amor não existe
tola ilusão
caminho campestrados
flores ilustradas
sonhos e luares
olhos e olhares
não? não! isso: amor
amor não existe,
o que existe é interesse
é paixão.

Titã - Para Rimbaud

Pobres, meros, sujos
são teus olhos assim podres,
são teus beijos assim mundanos,
os meus seios cheios de amores,
os meus lábios são profanos.

Imundos!
São teus corpos repintando
a poesia que já existe.
A perfeição se criando
das minhas formas, minha pele resiste.

Insanos, são vocês, crápulas, loucos.
São suas mentes já tão levianas,
seus pensamentos na superfície.
Pobres coitados, minha alma me ama.
Meu falo, meu espírito, meu cérebro, isso, me disse.

domingo, 2 de março de 2014

Poema da despedida

te deixo para trás
todo perdido de si mesmo
sem saber se quer se encontrar
sem saber se me quer encontrar
se precisa encontrar teu eu
meu coração no teu
sei que não precisa disso
por isso te abandono
me despeço, te deixo para trás
todo solitário, e longe de mim
e minha solidão se faz mais presente
mas eu te deixo mesmo assim
mais vale um amor verdadeiro
uma falsa demonstração de carinho
te deixo

depois de sonhar
depois de beijar
depois de apaixonar
depois de querer
depois de casar
te deixo

meu sonho me completará
não tem problema, 
não faz diferença, sozinho
estou sempre, 
mas eu preciso dizer, 
me despeço de ti, 
meu amor eterno que morreu
meu laço interno que secou
meu coração que não levou mais sangue às flores da alma
te deixo

te queria, mas te deixo
me despeço finalmente
de todo o mal que fez
de toda a luta que travou
com meu sentimento triste
meu podre coração
meu pobre insensato ser

meu luto
minha alma negra
choro
triste
quero
sonho
vejo

te deixo, em sonho
em foto
te deixo, te vejo
te quero, te deixo

Irmã - Especial para Luana Benevides

É desde o nascimento
é, desde o primeiro olhinho abrindo sono
é, as mais poderosas brigas do universo
é, os brinquedos esquecidos da infância
é, o ursinho de pelúcia que foi de todo mundo
é, a mais chata e intolerável
é, enquanto fico sozinho
é cúmplice.

É uma profissional
é, sempre minha irmazinha
é que ela nunca vai crescer.
É que eu vou te pegar na escola ainda,
é que eu sempre acho isso.
é que eu odeio quando mexem com você
é... e não adianta ser adulta porque sempre será criança
é simples meu amor de irmão.
é sem nenhuma explicação.
é que te desejo do fundo do coração. Sempre o que há de bom.

É que eu só quero para sempre ser
teu irmão.

sábado, 1 de março de 2014

A mutação do mundo depressivo

Talvez o amor não exista, talvez a simples menção ao amor eterno, a conjuração de uma sociedade que ama e convive pacificamente, a transformação do corpo e da alma em algo bom. Talvez tudo isso não exista. Talvez não exista o bom, o deus, o anjo, o sonho. Talvez, eu esteja sempre despreparado, sempre sozinho, sempre triste e preso em lamúrias de expressão e dor. Talvez eu apenas queira ver um olhar sorridente, mas é pedir muito. Talvez eu apenas queira ver um beijo nascendo do alto de meu semblante, que se formaria contente, e que deixaria escapar um sorriso verdadeiro pela primeira vez. Talvez eu queira apenas algo simples, e desejoso. Talvez eu pense melhor em ser o mais perfeito e tenro companheiro que alguém possa querer. Mas aí vem o Talvez e joga tudo pro alto, e abandona aos olhos do destino algo que talvez nunca acontecerá levando inclusive consigo as esperanças de um mundo melhor. E aí eu digo: Talvez o amor não exista. Talvez é uma quase certeza, talvez que se forma esperançoso, porque eu não quero destituir-me de vez. Talvez sinta o que emana das pessoas, e veja também dentro delas esse desespero angustiado, e talvez eu apenas sonhe em ser uma pessoa realmente melhor, e talvez eu queira me doar aos outros para me sentir menos pior. Talvez eu beije o meu próprio corpo na busca de carinho, talvez eu siga o caminho escuro, talvez eu afronte todo mundo, talvez eu peça desilusão, desrespeito, desamor. Talvez eu apenas queira um abraço. O seu abraço, o seu sorriso, o seu respeito. Talvez eu peça para não me abandonar, mas esse talvez já foi. Você me abandonou, todo mundo me abandonou, e eu não queria me abandonar, mas talvez eu faça. Porque talvez tudo que eu sempre desejei foi ser desejado. E de talvez em talvez isso nunca aconteceu, e eu continuo aqui, pensando e pensando e chorando e refletindo, que talvez, mas só, talvez. Diante de todo esse mundo desesperado e triste e amargurado e violento e egoísta, diante dessas pessoas que agora estão aqui abandonadas me ouvindo, me lendo, me vendo, talvez essas pessoas que nesse único momento estejam sentindo algo, porque quando esse texto acabar, o talvez acabará e ela-ele, voltará ao seu egoísmo. Porque talvez essa pessoa seja o próprio amor desalmado, o próprio cupido criado pelo demônio. O próprio demônio? Talvez? Quem sabe? cade deus agora? Talvez, ele não exista. E se deus é amor, bem. Talvez, só talvez... talvez o amor não exista.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Poemas do livro Homens são como crianças - Inédito.

O olhar luxurioso de deus


Meus olhos, meus olhos
que se alegram!
Quando veem a mim mesmo
Egoísta, luxo Desnecessário.

Tenho a luxúria sim,
dentro, no peito,
bate no lugar do coração.

Revivo cada dia.
Os olhos, os meus,
são luxuriosos, como o céu,

Como Deus.


Pedidos


Eu peço, peço como nunca
pedi.
Peço os beijos ,os abraços,
eu peço os seios, os fartos.

O carinho, a atenção,
a rotina, me dê a mão,
a sua.
Peço.

E meus pedidos se perdem
no meio da multidão.


Nas estrelas



Encontre lá.
Nos céus, perdida,
aquela estrela,
lembra a vovó não lembra?
No amor perdido do espaço!
Criado em sete dias?
Aponta lá mamãe!
Deixa eu ver também?
Posso até sentir o amor.
Deus?...

Carinhos abandonados.
Perdidos num abraço sem lógica.
Vindo ninguém sabe de onde.
Quem sabe pode ser dele?
Sim! Pode ser sim!

Esperava encontrar aquela noite.
Fiquei esperando horas
Horas e horas de estrelas cadentes!
A que eu esperava ainda não veio.

Continua lá.
Encontre lá.
Nos céus escondida,
Aquela estrela.
Que lembra a vovó.


Adultério mercadológico


Fui à padaria
comprar pão,
feijão,
amor com tesão.

Fui ao mercadinho da esquina jurar perdão
pela traição,
mas troquei o mercado pela padaria
por causa do meu amor
pelo João,

seu João português.

Um olhar luxurioso - Foto


Clipe genial, não podia deixar de compartilhar com vocês. - Midnigth - Coldplay


Carta amante nº 5 - Renan

Ibiporã, 27 de fevereiro de 2014.

Querido,

sempre te chamo assim, de querido, como se o amanhã fosse reservar alo especial que me fizesse ter a certeza de que poderei, amanhã, te chamar de querido. Há então nessa palavra certo ar aromático de café da manhã, de acordar, de cheiro de nozes e menta, e há também aquela esperança do acordar com a chuva trepitando na janela, no telhado, na casa no campo, e então olhar para você no meio do branco dos lençois e dizer, bom dia querido. É realmente essa uma palavrinha mágica. O sentimento mais puro que bota no meio do som das letras. Q.u.e.r.i.d.o. E eu posso entre tantas tentativa desesperadas de sonhar com você para realizar pelo menos na mente o sonho de amor impossível que me assemelha os devaneios do meio do dia, no meio do almoço, no transito, nos textos, nos beijos e abraços falsos, e todas as outras atividades que não são mais as mesmas porque você não me sai da mente em nenhum minuto. E porque é com essa carta que na verdade, ao invés de te chamar de querido, eu me despeço desse nosso amor irrealizável, impossível. Não dava para perceber antes disso o quanto isso é importante. Eu quero um amor, e você não pode sê-lo. Meu querido, meu sonho de amor juvenil, meu príncipe mais que perfeito do subjuntivo ou seja lá o que possa se tornar isso, a gramática está um saco hoje em dia. Meu lindo inspirador poético de meus dias atuais. Meu sonho mais tenro e justo dos anjos do céu. Meu querido. Quanta coisa expressa numa única palavra, além do sentimento vil e temeroso aqui no meio das pernas. Joyce te chamaria de flor empapada de chuva. Mas eu, eu... eu prefiro dizer que sonhos me aguardam nossas conversas tão singelas. Nossos trocadilhos mais dispersos. Nossos olhares nunca vistos. Meu amor à distância. Meu, meu meu, meu querido Renan... 

Com carinho.

Leandro.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Os sonhos, nossos, transformados

Eu fico aqui pensando em anjos
em beijos perdidos esparsos
meu corpo completo e pintado
escrevo poemas em toda a parte
na pele: no peito e nos braços
meu leito descansa deitado
os lábios amarrados em nuvens
os sonhos, nossos, transformados.

Eu fico pensando em anjos
tuas asas, teu corpo dourado,
tua pele, teu cheiro, meu lado
os juntos pelos da barba
seu leito me encara pelado
e seus lábios viris me preenchem
eu vejo as estrelas, planetas sonhados
nenhum será bom sem você
meu sonho, quem dera fosse seu
os sonhos, nossos, transformados.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Uma história de amor comum - Capítulo 1 - Minirromance

Então ele se virou pela primeira vez na vida, nunca olhava para trás, nunca, mas depois daquele encontro, não resistiu, e virou, virou para trás pela primeira vez. E o outro olhou para trás, pela primeira vez, olhou para trás.  Os dois se aproximaram no meio da calçada com todos passando.

_ Oi (surgiu meio dificultoso, meio tímido
_ Oi (esse mau se ouviu)
_ Tudo bem?
_ Tudo
_ (sem resposta ele fez uma cara de desaprovação, esperava uma pergunta reciproca)
_ Eu tive que olhar... Desculpa (meio se sentindo culpado, com medo de levar um soco na fuça)
_ Você é a pessoa mais linda que eu já vi (um sorriso vergonhoso surgiu)
_ Obrigado, você também. (ele pensou que era mais educado)
_ Você está bem? (nunca fui chamado de bonito)
_ Estou sim, obrigado por perguntar. (mordeu a língua, literalmente)
_ Tem telefone? (não, só o cachorro dele tem) (piada fajuta essa)
_ Tenho sim.
_ E não vai passar o número (acho que eu fui grosso)
_ (nossa que grosso!, acho que isso não vai dar certo) Desculpa, claro que sim, você quer sair comigo.
_ Sim, vou te ligar hoje a noite, posso? (ele é estranho, será que eu quero o telefone mesmo? mas quem não é)
_ Claro, eu quero mesmo que você ligue.
_ Qual o número?
_ 92345678
_ (tá na hora de molhá o biscoito... tenso, foda esse trocadilho tosco)
_ Lembra a música né... (acho que é melhor falar, ele riu)
_ Sim, lembrei dela, (risos abafados)
_ Te ligo, tchau.
_ Até então...

O dia dos dois foi diferente.


Continua em outra postagem.

Interesse

Hoje finalmente consegui olhar a lua, presa diante dos seus pés. Se não foi a luxúria, me mostra então o que foi. Eu acho mesmo que tudo começou quando eu disse que só te daria meu coração no dia em que você me desse a lua. Bem, você deu. E agora? Não funcionou, meu amor não nasceu. Nem da lua, nem do sol se você o fosse buscar. Eu morreria queimado e nada adiantaria. Meu amor não nasceu. O que é certo é a vasta informação do meu sentimento. Não, eu não consigo mais ficar com você. Eu não consigo olhar nos teus olhos. Eu não consigo dizer eu te amo. E novamente, você tem todo o trabalho de descer os milhões de degraus que entraram para o Guinness Book de 2012 como fazendo parte da maior escada do mundo. A única que chegava até a lua. De enrolar todo aquele cabo de oxigênio, de ficar parado esperando a gravidade não te matar de tontura. E mesmo assim, todo esse trabalho, só para ter a lua debaixo dos seus pés para absolutamente nada. Ainda não consigo transar com você. Pode ser uma simples questão de aparência, pensou nisso? Eu só falei da lua porque achei que você não fosse conseguir. Como eu poderia pensar. Eu preciso mesmo de outro tipo de cara. Não vai funcionar, eu e você. Não vai... Ou talvez, quem sabe se você me fizer ganhar na loteria? Isso, se eu ganhar na loteria eu fico com você.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Carta Amante 4 - Anouar

Ibiporã, 10 de Fevereiro de 2014.

Agora eu posso convidar você para me visitar, ou para eu te visitar, mais uma intimação que convite, um pedido na verdade para extrapolar as barreiras da minha carência. O seu cabelo ruivo que eu acaricio na mente. Só na mente, e desejo mais que tudo. Sua pele brilhante, seus olhos verdes a me condenarem pelos atos sujos que pretendo. Pretendo, pretendi, pretenderei eternamente. Essa sua juventude passageira não será motivo de impedimento. Pois o mais singelo dos abraços, e ao mesmo tempo, o mais completo e carinhoso e acalentoso pode vir de mim. Ceda-me seu corpo menino. Ilumine-me com a luz dos olhos teus. Seu eu serei. Eu quero ser todo teu, nu em pelo, o falo ereto, a pele rubrando-se para sempre. O carinho de tuas mãos deve ser o mais belo expressar de sonhos que alguém pode ter. Aprecio a tua alma que resplandece e exterioriza o que há em ti. E seja meu.

Divagações...

Quero ser a sua puta, a cavalgar noites e noites em teu cavalo branco. Por favor não deixei de sonhar comigo nunca. Não perca a sensação do pensamento. Se sentes nojo, este pode ser superado. Seus cabelos não me saem da mente. Apaixonei-me pelo vermelho nos últimos meses. E antes eu nem gostava dessa cor. Agora eu desejo o vermelho emaranhado aos meus, o suor me completando, encharcando-me. A vibração mais suja que pode vir de alguém. Dê-me seu corpo, o corpo do seu meu. O seus braços a me apertar de costas contra ti. Sentir o beijo velado na nuca. Oras, é nessa hora que vejo a lua caindo do sol, as estrela rodando na minha cabeça formando uma pequena órbita, os beijos saindo dos teus lábios e ganhando vida própria, eu sou louco? Não, é só um orgasmo. E depois eu vejo borboletas gigantes tentando passar pela janela e não conseguindo por causa das majestosas asas. E depois eu vejo seu corpo nu, ainda ereto, lambusado de mim. E eu lambusado de ti. E depois não vemos nada, caímos na cama sozinhos, o apocalipse e a jumenta falante. Tudo ao mesmo tempo, sem saber que na verdade, essas monstruosidades da minha mente não passaram de um devaneio. O devaneio mais real de todos os tempos, meu devaneio sexual com você.

Com amor, carinho e tesão. 

Seu...


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Carta de reconciliação. Dedicado a Ronan de Mauro

Querido, 

Perdição da minha mente. Completamente perdida diante do seu olhar. Discreto. Amante. Saudoso. Sensível. Ah, se eu pudesse voltar e tornar-me o que éramos antes. Minha alma contradiz minha razão, mas as belezas que me mostra podem finalmente ser verdadeiras. Sim? Há amor desta vez, e eu sinto meu nome sendo pronunciado pelo teu coração em meio as flores daquele campo distante nos seus pensamentos. Os seus sonhos mais frenéticos devaneios do mundo subterfúgio desses hóspedes divinos. Isso que é a maior fantasia. Se desfaz meu sentimento e construo um novo. Me renovo, me amo, e eu posso me amar, eu preciso... para que de mim irradie a necessidade mais feroz do seu corpo leve. A leveza intermitente do seu ser que me afronta. Eu te amo finalmente. Deixa tudo. Deixa esse devaneio discurso para trás e me sinta novamente. A barba e os pelos a tocarem-me. Seu beijo. Seu suor. Seu corpo. Minhas mãos em ti. Suas mãos. Somos um, únicos no mundo todo. Esquece esse discurso e me ama apenas. O resto conseguiremos novamente. Reconstituir o sonho mais belo. O sonho de nós dois entre as bilhões de estrelas a esperar a morte no mundo. Cada um, um ser de luz. Nós demoraremos mais. Nossas vidas se juntaram. Irradiaremos por mais tempo. É sempre possível ter alguém. Seja mil, cem ou um... um amor que me salvou do leito de morte.

Segue um trecho de Leminski para ilustrar esse momento.

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mais um dia de calor

Terei de pensar hoje, sobre as necessidades do meu corpo e da minha alma. Sobre ti. Sobre a barba sua que me preencheu no passado. Sobre sua traição. Terei de pensar, mas está muito quente, e isso me atrapalha. Me atrapalha saber que a mim tu não deste nada. Mas que deste a ela. Que deste seu amor e confiança. E eu quis ser ela. deus me castigou no eterno; E sim, sofro a cada dia, entrecortado meu coração de papel. Melhor seria não tê-lo. Tua alma que não é minha se esvai pelos meus dedos, e da minha memória tu se apagas. E eu abro-me para outro. Outro que será diferente; um relato amoroso de fidelidade e compaixão. Que nascerá no sol, que ofuscará minha visão, e que me deixará cego parcos segundos adiantes de mim. E que me fará enxergar, como num nascimento uma sombra, depois uma figura enevoada,depois ele. Que se aproximará, que me olhará de perto e sentirá minha respiração. Recíproco movimento. E tudo se ajeitará enfim, no novo plano da vida e da morte. E deus será deixado de lado. Pois nada vem dele senão sofrimento e dor. O movimento perfeito do meu coração é como uma dança que se apaixona. E eu deixo sentir meu corpo. E a chuva caiu fina e a brisa confortou meu suor e o sol se acalmou na pele e tudo ficou tão perfeito que não poderia mais melhorar. E você nem mais existe. Ex-amor.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O amargo que há no doce

O céu não está estrelado hoje. Não tem chuva nem vento nem frio nem calor. Intenso em mim esse pensamento. Triste feliz tenso, indefinível. Não amo mais não vejo mais, não não não. O tríduo divino da maior farsa do mundo que me persegue, que me condena a ser triste. Nada funciona. Nada fracassa. A mesmice é meu dilema. Amo odeio, sinto apenas. Uma distância terrível, uma aproximação não me contenta. Tudo, nada. Entremeio caminho com flores podres. Vejo ouço cheiro. O teu e o meu, os nossos beijos que se foram. O amor me condena. Se vivo ou morro, apenas. O sol aparece a noite no meu peito. Cheio, choro, grito, sorrio um abraço apertado. Quero o fim disso. Porque sou assim, sozinho?


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Divagações de um amor distante e realizado (Homenagem a Alana Erram)

Nunca falei, não saiu de minha boca uma palavra sequer, nem de amor, nem de desgosto. Eu sei que as vezes sinto-me mal por isso. Mas nunca falei. As palavras pararam. Mas eu amava, em minha mente, um fantasma no quarto, um apreço que esboçou meu lábio. Um coração qualquer. Eu amei. Entre tantos dias e anos continuei em silêncio. E o fato me rendeu uma inocente loucura. Mas eu amava. E vivia os melhores momentos da minha vida. A brisa da janela com o cheiro da flor de macieira. O sorriso imaginado. A pele macia. O toque tão sonhado. O passeio no bosque, em que não estava sozinha, mas não estava acompanhada. E o beijo que eu ganhei ao fechar os olhos, do meu amado. Tudo isso na minha imaginação. Eu o via em todos os lugares. Era casado com um sonho. Apaixonado pelos luares. A solidão que me formava e o silêncio que me sentia. Até que num dia, em que o sol estava quente. A minha toalha caiu, secando meu rosto na rua, da caminhada diária. E ao levantar, eu achei que era imaginação. Meu amor, esse amor de perdição. De tanto eu sonhar apareceu. O toque no rosto, a brisa com o cheiro da flor de macieira, a limonada das crianças da escola. A banquinha de madeira. A árvore ao lado, a rua quieta, parada, morta, silenciosa. E meu toque no rosto. Tudo isso acontecia de verdade. No meio da rua, no meio do nada. Meu coração que não estava mais sozinho viveu. E eu pude dizer, nada desnecessário, um eu te amo bem convincente, ao dizer apenas, obrigado.


(in)completas - 1ª reimpressão


Nova impressão (in)completas.

O (in)completas (2012, Editora Metanoia) será reimpresso, temos algumas unidades de livros em estoque, e um programa de publicidade está sendo colocado em prática. Estou muito contente com as vendas. Beijos e grifes pra todos. Segue um conto inédito do livro para vocês.


Romance

A luz do abajur está acesa. A menina olha atenta o relógio. Tenta se concentrar no livro, mas não consegue. As palavras embaralham-se num amontoado de dizeres e emoções. Corações cruzados. A mente viajava num furor de poesia e música, os pensamentos se embalavam. Via a lua através da janela. A cortina, toda amarelada, pelos muitos anos de existência, de seda, com rendas caras, duráveis. Aquela cortina havia conhecido muitas pessoas, muitas histórias, pena que não fala. Mesmo com todo esse cargo, ela balançava com o vento. Ações se repetiam no mundo. As músicas melodiosas adornavam a noite de vários amantes. Corações entrelaçados. Estrelas cadentes apontavam um céu distante que sua alma tentava alcançar. As chamas da lareira voltam a estalar fiascos de madeira. O livro tem sono. Os cupins roem as pernas da poltrona. O relógio embala o pêndulo. Badalos. Sete. Oito. Nove. Dez. O relógio não se cansa. A paisagem do quadro acima da lareira fica escura. As chamas agora são apenas cinzas. Corações esperançosos. O sono. As badaladas do relógio indicam que são onze, meia noite. Corações quebrados.



Pré Lançamento de "Homens são como crianças"

A edição artesanal do livro "Homens são como crianças" foi um sucesso só. Estou muito feliz pela recepção, e pelos presente que recebi. Quero e espero que todos gostem do livro, e que se apaixonem um pouquinho pelos meus poemas de amor. Quero agradecer a venda e pedir perdão por não ter dado o livro pra todos, e era essa a minha vontade, mas a Vila Cultural Cemitério de Automóveis precisava desse auxílio. E parte do dinheiro foi revertido pra eles, enquanto que outra parte foi pra pagar os custos da produção.

Ainda esse ano lanço o livro editado. Tenho duas propostas e estou analisando qual será a melhor para divulgação. Claro que o senhor Vladimir Moreira, Luiz Paulo Silva, Alamir Aquino Correa e Isaac Rodrigues da Silva já ganharam essa edição, e desejo uma boa leitura, pois este livro tem poemas que não aparecem na edição artesanal.


Desapaixonar-se (Homenagem a Claudiane Erram)

Desapaixonar-se

Cada olhar é único!
Tem olhos que amam, 
outros que afrontam,
e uns olhos que desejam.

Tem uns olhos profundos,
cheios de pensar e refletir
e sentir e chorar,
são tristonhos olhares

Mas os meus olhos...
Ahh, os meus olhos
são pequenos oceanos 
em que naufragam todos os meus amores.



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Porque não pode ser meu amor? Se tudo que te prende é apenas um selo identitário.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Cegueira

Não consegui enxergar o céu
nem as nuvens que se formaram
e a chuva que me molhou
e o terno que não me coube, não
não consegui enxergar.
Não enxerguei seu vestido,
sua prontidão para o amor
meu amor materno.
Não consegui imaginar, não
as suas vestes prontas, e o vento no meu rosto
o seu corpo disposto
e meu mundo aberto
... E nada disso eu vi
e nada verei, pois o passado se formou
na minha mente deformada
de devaneios que sonhei.
E eu não vi, não vi o teu amor.
O amor de uma promessa vazia.


sábado, 11 de janeiro de 2014

Relato de um ex-anjo

Meu caminho é na escuridão latente, a alma parece corroer-me em desespero. Quantas dúvidas se formam em minha cabeça. Se a tua ainda é pouca, pensamentos em esporádicos momentos. Se tua cabeça ainda é pouca, poucos momentos de luz e sentimento. A minha se corrói de tanto pensar, e de sentir, e se misturam meus dias aos meus sonhos, e tudo vira uma confusão que não termina nunca. Aquele sentimento ruim que me toma. Não se dissipa. Meus pesadelos me comovem, são almas sombrias me possuindo. E me acho o pior ser do mundo. A terra a minha volta se forma escura. E as flores secaram. Um abismo parece preceder o fim do mundo. E eu sou tudo e sou nada, no vazio imenso desse mundo de almas claras. Aparente perdão que me consome, vem do único ser que me amou. Promessas vazias. E o sentimento que enterrou aqui são farsas estúpidas promessas de um sentimento que não chega nunca. O amor que ninguém conseguiu descrever é na verdade o sentimento que nos coloca abaixo da linha divina do ser humano. Nossa divindade se esvai. E não é atoa que anjos perdem suas asas ao se apaixonarem por humanos. Em todas as mitologias isso me precede. E eu sou assim. Me apaixonei no momento errado, e tantas divagações que me surgiram me levaram a ser um humano no momento do juízo final, quando o mundo se esvai em terra e pó. E ao pó retornarás. Disseram-me. Deixei a eternidade por duas horas com meu amor. E não me arrependo ao ver minhas asas ao chão.