segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Floreios

Meus poemas são floreios da verdade, eu apenas enfeito aquilo que acho pouco digno de ser verdadeiramente vívido. Afinal, a poesia é a prova de que só a vida não basta para ser feliz. Sempre existirá essa outra necessidade. Portanto, quando digo que estou previamente lisonjeado de ter recebido de Deus, o dom das palavras, e de falar por ele sobre seus anjos e suas belezas, creio que também o homem é privilegiado por ter alguém que lhes possa contar sobre tais belezas, a ponto de iluminar os caminhos da mente, e alastrar o poder das nossas almas. Poetizar não é embelezar as palavras, é fazer delas um movimento de reflexão. Não sou um profeta, mas falo sobre o amor, e se o amor é a lição maior de Deus, sou seu mensageiro. Então digo em seu nome "amai-vos uns aos outros, como cristo nos amou". Pare de julgar o próximo como se fosse melhor que ele, porque teu manto é mais cheio de pecado do que aquele que não julga. Agora sim, falo como profeta. 

Quais são as belezas de Deus, a que me refiro?

São as tais demonstrações afetivas, entre qualquer pessoa, porque amar é amar ao outro, e não ao que ele ou ela tem no meio das pernas. Perdão meus queridos pela acidez. Mas cansei de tantos floreios, e resolvi mandar o recado diretamente. Não sejam ridículos! Nem burros! Nem hipócritas, e muito menos isso. Amem-se e respeitem-se. E desfrutem da poesia e da arte, porque nelas está embutida, o verdadeiro espírito de Deus. Ele é a sensibilidade humana na sua mais perfeita demonstração de amor.

domingo, 29 de dezembro de 2013

A lua

Veja como é singela,
a lua em seu véu de iluminar,
o teu rosto se forma assim tão bela,
e o meu desejo vem me abençoar.

Como que eu posso agradar-te?
Se já não tenho tanto amor,
eu prometi a lua a entregar-te
mas na verdade eu só tinha a dor.

Agora sou um novo homem,
a alegria me tomou,
e tu, me transformou no teu bem,
agora sou eu quem a lua te dou.

Vem, concedo a minha mão,
dou-te meu coração,
que em véus cobertos da lua abençoam
o nosso amor que nasceu em ilusão
e não pode mais ser desmanchado
pelo pesar da decisão.

Veja como é singela,
a lua em seu véu de iluminar,
o teu rosto assim tão bela
o meu desejo vem abençoar.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Fragilidade - Homenagem a Rafael Maurício

Por um momento me senti bravo hoje, percebi que havia gasto mais do que deveria. E sentei-me ao computador na esperança de ler algo interessante, que pudesse prender minha atenção – Talvez uma música – (ainda mais depois de duas horas lendo literatura britânica). Mas ao contrário de algo interessante, vi, com os olhos que se encharcaram num segundo propício uma mensagem de luto a um amigo que nos alegrava sem muito dizer. Seu olhar meio cabreiro, desconfiado, procurando atitudes e esperando mudanças. Ninguém sabe o motivo disso. Se há uma força maior na natureza que comanda a vida e a morte, nós devemos temê-la. Um menino, pacífico e cheio de sonhos. E de virtudes. Num momento frágil do seu ser, deixou-nos. Assim como tantos meninos, uma criança entregue ao berço de um deus que deu a certeza de que ele cumpriu sua missão. Ao que nos parece, ele, conseguiu transmitir a sua mensagem principal da vida; Paz, amor, igualdade, fraternidade, união. Se compara a outros tantos homens importantes, e que eram homens, e que não se deixavam o “pecado” ao lado.
Então, talvez estivéssemos na presença de um anjo mensageiro. Seria este mais um aviso do senhor todo poderoso aos homens? Rafael, eu te chamo assim, de anjo. Questionando a deus, e atribuindo-lhe o que lhe é merecido.

Obrigado pela grande mudança que você trouxe às nossas vidas. Jamais ouvirei Raul Seixas sem lembrar de você. Obrigado pela sua paz e pela sua atenção.

A fragilidade que nos é cabida
nem sempre nos coloca na melhor posição.
Vezes cruel, nos tira o amor,
nos deixa uma dor sem fim,
que não acaba, que não ameniza,
que nem o tempo apaga,
e a lembrança me rumina.

Essa fragilidade abarca a todos nós,
e somos frágeis como uma borboleta,
que se protege apenas,

pela alegria que proporciona às pessoas.



sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Curta: O emprego

Esse curta foi muito premiado, e é realmente uma ótima expressão literária em video. Achei a proposta genial. E por isso, não tinha como deixar de compartilhar isso com vocês.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Inquietações da mente humana



Caminhei, buscando melhorar a mim mesmo, meu corpo a caminho do sofrimento diário, cotidiano. Mas algo me prendia e me fazia voltar para casa. O rosto que vi no caminho me deixou triste e alegre, romântico e infiel, são e louco, inútil e inspirado, era eu comigo mesmo. O rosto perfeito dos tais sentimentos confusos. Quão triste me tomava o corpo ao pensar que não estaria perto dele, perto daquela sarda que marcou minha memória. Um ponto de lembrança do seu rosto angelical. E porque não o motivo da inquietação da mente humana. A certeza de que seu corpo nu está fora de meu alcance. Está fora da minha vida, mas força-se na minha memória triste. Quase um diálogo comigo mesmo. Corri, brinquei, soltei risos forçados de medo. E descobri que não adiantaria fazer o caminho de volta porque não o encontraria mais, perdido em si, nas derradeiras expressões de prazer que me encheu os olhos ao lembrar dos dele. Se é amor à primeira vista, não sei dizer. Posso afirmar apenas que se eu tenho um anjo da guarda, ele deve ter se mostrado para mim naquele dia. E quanta vontade tenho eu de poder acertar o coração de um anjo de deus? Casá-lo e fazer-te pai. Quantas inquietações pecaminosas me atingem o cérebro... Descobri-me um demônio. As minhas imaginações não são tanto humanas. São inquietações de um demônio querendo deixar a solidão de lado. E arremessar-se num mar de corpos angelicais dispostos ao amor carnal.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aclamação

Ó, luz eterna
o brilho que exaspera a alma
o homem que é deus expulso
o divino em mim.
Ó, luz eterna
que me rega com esperança
com seu amor da sua forma
com sua luz que me guia
e me transforma.
Ó luz, que tu me deixes melhor
que me ajude, e que essa seja
a minha oração, e a minha elegia.
Ilumina-me, e peço, ilumina-me
não me esquece,
ó, luz eterna, brilha sobre mim
a tua aura, o teu poder.
Pois só tu podes
realmente me trazer a verdade da vida.

domingo, 8 de setembro de 2013

Carta Amante 3 - Giovanne

Ibiporã, 08 de Setembro de 2013

Giovanne


É o riso que belo entorna nossa amizade, e por mais que eu sempre diga que o riso é falho, é bobo, nem sempre ele tem a função de distrair, ou fazer perder a concentração, às vezes ele é imponente, e às vezes nos coloca num novo rumo, ou num novo caminho, nos faz escolher a profissão, o que nos fará rir, ou nos trará prazer através do sofrimento, no meu caso inquietação do ser.
Essa reflexão do riso é na verdade um meio de chegar a ti, e de mostrar o quão importante tu te mostras aos outros, que aparentemente no delírio tristeza que sufoca a alma de qualquer indivíduo, uma graça, uma “risonheira” demonstração de afeto cura todos os males, os que ainda vão chegar até.
Eles não vêm. Muitas vezes sei que o riso tem seu papel “prevenidor”. (falar preventivo parece indício de doença). Uso os termos que mais me adéquam, por mais que não existam, assim como pensei que você não existisse quando vi pela primeira vez, pela primeira impressão, pelo primeiro amor afeto amigo que se formou; é sim, uma bela demonstração de amizade no eventual riso “prevenidor” que me causaste.
Não pense o contrário Giovanne, seu olhar risonho é importante aos outros, isso causa inveja, recalque, palavra essa da moda agora. Palavras de moda existem, pessoas também, seu olhar amistoso nunca sai de moda. Sua piada e sua sátira são ínfimas demonstrações afetuosas da missão que Deus lhe despertou. Animar os amigos, e fazer evitar aborrecimentos causados pelo aborrecimento que tu evitaste com o riso. Parece tão redundante, mas em qual aspecto devo abordar a sua característica mais sutil e ao mesmo tempo mais evidente? O seu amor se transporta na alegria, e no riso consequentemente.
Minha desvalorização da comédia é um indício de gostar das coisas que me incomodam e que mexem comigo, mas seu riso também mexe comigo de alguma forma, me inquieta a buscar sempre mais, o motivo para rir igual a ti, a alegria sincera, a companhia verdadeira, o amor rebuscado que já existe dentro de você e que eu ainda busco dentro de mim.
O seu riso é meu ideal de vida, e é por isso que te admiro, tanto, meu amigo, eterno, e “semproso”. Meus neologismos são a prova de que algumas palavras são indescritíveis em ti.
Por isso, agradeço a todos os risos provocados que me deste. E digo que termino essa carta sem terminá-la, deixando margem a um futuro texto, e indicando a infinitude das palavras combinadas; um poema:

A Luz,

A graciosa luz do vagalume
vagou por entre as vagas árvores escuras
iluminando o vagueado campo com vacas
e fazendo rir o menino pastor
descendente do maior pastor vaqueiro;
o menino Jesus Nazareno, a quem oram todos
os brasileiros mais ansiosos
pelo amor do desconhecido e vago
espírito de Deus.

 Uma música que me alegra               

  
Carinhosamente,

Leandro Benevides

Biografia: Florbela Espanca.

Apesar do áudio em português de Portugal, a sequência é ótima.

Minissérie em 3 episódios: Perdidamente Florbela




Episódio 1

Episódio 2

Episódio 3

sábado, 7 de setembro de 2013

Intimidade


Pensar, e viver e existir,
já que sou assim
me condene o mundo,
no eterno círculo,
no vicio mais que perfeito,
no tédio que se formou em mim.
Em você, enfim.
O meu íntimo clama
a minha alma completa,
que se é incompleta por inteiro
precisa da tua.

E desacredito, no amor,
no deus, no meu amor,
e no teu, que não existe,
que formo na mente
e a sociedade mente,
e tu és assim, reflexo dos outros.

Sem coragem continuo,
sem amor me parto,
e já dois, não sei definir
quem sou eu, e quem é você,
mas sei que vivo a preparar-me
para o triste fim. Imudável.


Em homenagem a Florbela Espanca

Carta amante 2 - Bruno

Ibiporã, 07 de Setembro de 2013-09-07

Caro Bruno

É com pesar que sinto a necessidade de dizer essas palavras, já que há pouco tempo nos vimos, nos falamos, é com pesar que sinto dizer o quanto a necessidade de ter você junto a meu corpo me favorece os dias e as alucinações depois dos pequenos cálices de álcool que me permito.
Sei que namoras e deve estar fatidicamente apaixonado, sim, isso mesmo, fatidicamente, mas devo ainda assim dizer que a traição nem sempre é ruim, você devia ser propriedade pública, patrimônio tombado da humanidade, aberto a visitas de segundas, quartas e sextas, Para que tenha um descanso entre os dias, e eu, obviamente me candidataria ao cargo de diretor da sua instituição.
Transformar-te-ei em objeto. Afinal, tu já o fez, quando tornou-se um símbolo dentro dos lugares que frequenta. No fim das contas, nada farei, apenas afirmarei e tombarei o objeto que já és.
A verdade é que seu sorriso me conquista, assim como seus braços e pernas e peito e costas, e bíceps e tríceps e Et Cetera;
Seus olhos são como a infantilidade ainda em vigor, a adolescência que parece não chegar, aos 15 anos que te bate a porta, e te considera a lei um quase maior, mas na verdade, é a sua inocência que me ilumina, que me faz com que preste atenção em ti e em suas fotos e em seus vídeos e em tudo que falas.
É com pesar que devo conquistar-te para que não fique mais nessa incessante vontade volúpia que aflora dentro de mim como uma doença. Sua namorada, seu amor terá você para sempre, por mais que o sempre seja curto, e assim eu peço a Deus. Amor adolescente dificilmente floresce. O amor é mais a convivência.
Sempre terá aqui um ligar para que convivas comigo querido.

Com o carinho de sempre.

Leandro.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Viste Deus no Homem? Eu vi.

Seria trágico se não cômico, a sua imperfeição. Seria como o amor que nasceu tão simples, e que se complica a cada dia, a tua face brilha tão inusitada. Mas não devo descrever como sua pele fica rósea ao sabor do sol. Devo pensar como farei para te agradar, para te atrair, para te fazer me ver, para que você preste atenção em mim, para que tudo isso continue de forma mais física e não tão memorial, preciso dizer que tudo que posso dizer de você é pura imaginação, ou uma memória futura inventada que funciona para mim como uma oração ao Deus todo poderoso que de poderoso ultimamente nada tem, ou então que pouco tem se importado. Como sempre fez, desde a criação dos anjos, que são imperfeitos e crueis, cujos governam o mundo em seu nome, pela sua preguiça, oras, não se entreguem ao medo de concordar comigo leitores. A prova é o dilúvio, ou as sete pragas do deserto, ou a torre de babel, e isso se a bíblia for realmente um relato fiel das coisas que aconteceram e não um monte de asneiras inventadas. Por fim minha busca por Deus tornou-se provocativa. Mas para que falar de Deus se posso te olhar, ele nem permite isso. Então tu és mais Deus que ele. Deus é um termo tão limitado, usaremos criador de agora em diante. Isso, criador é apropriado; Mas partindo do conceito de que você criou em mim esse sentimento horroroso que tenho atrofiando meus músculos cardíacos, tu és também Deus. Acho que Deus ao quadrado, tu além de permitir-me a visão de seu corpo (que por sinal é uma perfeição) ainda tem a habilidade criativa do criador. Repetitivo não? Deus também é repetitivo, e ninguém o culpa, vamos continuar, vamos continuar nosso romance memorial, fictício, lúdico, risonho e triste, porque não existe, assim como Deus.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cartas amantes I - Victor

Ibiporã, 28 de Agosto de 2013

Querido Victor


Preciso descrever o que aos poucos me conquista nesta noite, se você é mesmo o primeiro escolhido para quem dedico umas palavras, ou estas pequenas afetuosidades de meu coração e minha boca, é porque já me conquistou aos poucos, porque o pouco que se passou já é muito, e muito tempo sem você não edifica ninguém.
Enquanto pouso meus dedos nas teclas do computador, e acredite, queria muito que estivesse em minha Olivetti línea 98 podendo endereçar isto verdadeiramente à sua casa, através das bondosas mãos de um carteiro, envio a ti minha sentimentalidade, apoiando meus braços ao lado do vinho que costumeiramente bebo no lugar de um sonífero. Percebe, então, que esta carta que escrevo antes de dormir é como um “boa noite”, um repelente dos pesadelos que tive noite passada?
Pois é, a noite anterior foi turbulenta. E nem sempre sei o que fazer nesses momentos, acordo meio desesperado, meio tonto, meio isso, meio aquilo, meio coisa nenhuma como sempre fui. Então só me sobra um caminho para dispersar as más lembranças, os maus pesos; lembrar de você, assim radiante, assim bobo, assim tão belo e exibicionista se formando como um verdadeiro príncipe das histórias que lemos quando criança, ou que pelo menos tu deves ter lido, já que não lemos juntos.
E é então, esse o motivo que primeiro escolho você para essas memórias alheias. Pois você já é um remédio para minhas agonias, sem ser, e um alívio para minhas lembranças ruins, sem ser, sem ser verdadeiramente meu. O fato de lembrar de ti, assim tão disponível, me deduziu a bala de morango ao meu lado junto a boca minha, e o vinho do outro lado, aguardando sei lá o quê?! Pareço ter enjoado dele cedo, por lembrar de você.
E é assim que me sinto, já que me peguei lembrando das suas sardas, e do cabelo ruivo, e dos finos lábios, e até da barba ruiva e macia, tentando apagar o pesadelo, percebi que posso ter desenvolvido um sentimento meio platônico por essa sua singeleza e descontração.
Você se tornou meu remédio sem ser, e isso é amor. (ou não, ou vontade amar, ou desejo, ou um amável desejo).
Pois bem, toda carta deve transmitir uma notícia, acho que já a fiz, já disse que preciso de você aqui do meu ladinho, me ajudando a dedilhar palavras no piano de escritor, rindo de uma bobagem, de um erro, massageando minha coluna cansada de tanto escrever sobre minha vida amarga, que tento adocicar com o vinho e com a bala de morango, símbolo desse amor vivenciado, eliminando a amargura com seu beijo, e com seu carinho, e com seu apoio.
Esse desespero solitário, expressão mais viva e ao mesmo tempo mais fantasiada de amor me constroi, como o ser que sou, e peço perdão se te ofendo, mas pergunto, qual amor pode ofender?
Termino dizendo o que faço, meu último gole de vinho, quase um canto de ninar de Jeff Buckley, “Corpus Christi Carol”, e meu adeus de certeza, tu que não virás nunca, a não ser nos encontros rotineiros que estão ficando mais escassos pelo tempo, pelo aperto de mão tão sonhado que foi uma despedida há uma semana e meia atrás, na busca do dinheiro, (só tu entenderás porque digo isso), e ainda digo, que estas palavras misturadas nas pessoas da língua, do você, do tu, do ele, são um meio de me comunicar mais literário, mais poético, porque se perco isso, nada terei.
Copiando Joyce, digo, Adeus, meu belo anjos dos paraísos do éden, meu querido e amado pássaro silvestre da primavera, com apelidos que te dei na fantasia.


Do seu, (quando quiser) Leandro.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Nova sessão no blog.

Ibiporã, 26/08/2013.

Caro Leitor,

A partir de hoje, inauguro uma nova sessão aqui no blog. É uma sessão diferente de tudo que já fiz, quero usar músicas, poemas (mesmo que não sejam meus), impressões visuais, e fazer de cada postagem uma pequena obra de arte eletrônica. É uma sessão de cartas, posso garantir que são cartas direcionadas a pessoas reais, mas divulgarei apenas o primeiro nome, e caso este tenha uma grafia muito diferente, enfeitarei-o com uma grafia mais simples e singela, preservando ao endereçado, e a mim mesmo (acima de tudo). Depois da leitura de "Cartas a Nora" de James Joyce, digamos que fiquei bem entusiasmado com a ideia. Já coloquei aqui, em outro momento um video com Caco Ciocler lendo uma das cartas de Joyce. Contudo, a ideia surgiu mesmo após uma carta que enviei a um dos melhores amigos que tenho, e um dos mais desejados carnalmente (sei que ele lerá isso, risos). Fiquei extasiado, com um sentimento novo, daquela busca pela verdade literária que me faltava. Também penso que as cartas podem trazer mais leitores ao blog. 

Penso que você pode ser o próximo.

Aguardem a primeira carta, logo logo.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Terça-Feira Gorda - Caio Fernando Abreu

De repente ele começou a sambar bonito e veio vindo para mim. Me olhava nos olhos quase sorrindo, uma ruga tensa entre as sobrancelhas, pedindo confirmação. Confirmei, quase sorrindo também, a boca gosmenta de tanta cerveja morna, vodca com coca-cola, uísque nacional, gostos que eu nem identificava mais, passando de mão em mão dentro dos copos de plástico. Usava uma tanga vermelha e branca, Xangô, pensei, Iansã com purpurina na cara, Oxaguiã segurando a espada no braço levantado, Ogum Beira-Mar sambando bonito e bandido. Um movimento que descia feito onda dos quadris pelas coxas, até os pés, ondulado, então olhava para baixo e o movimento subia outra vez, onda ao contrário, voltando pela cintura até os ombros. Era então que sacudia a cabeça olhando para mim, cada vez mais perto.
Eu estava todo suado. Todos estavam suados, mas eu não via mais ninguém além dele. Eu já o tinha visto antes, não ali. Fazia tempo, não sabia onde. Eu tinha andado por muitos lugares. Ele tinha um jeito de quem também tinha andado por muitos lugares. Num desses lugares, quem sabe. Aqui, ali. Mas não lembraríamos antes de falar, talvez também nem depois. Só que não havia palavras. havia o movimento, a dança, o suor, os corpos meu e dele se aproximando mornos, sem querer mais nada além daquele chegar cada vez mais perto.
Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu também dançava agora, acompanhando o movimento dele. Assim: quadris, coxas, pés, onda que desce, olhar para baixo, voltando pela cintura até os ombros, onda que sobe, então sacudir os cabelos molhados, levantar a cabeça e encarar sorrindo. Ele encostou o peito suado no meu. Tínhamos pêlos, os dois. Os pêlos molhados se misturavam. Ele estendeu a mão aberta, passou no meu rosto, falou qualquer coisa. O quê, perguntei. Você é gostoso, ele disse. E não parecia bicha nem nada: apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o meu, que por acaso era de homem também. Eu estendi a mão aberta, passei no rosto dele, falei qualquer coisa. O quê, perguntou. Você é gostoso, eu disse. Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem também.
Eu queria aquele corpo de homem sambando suado bonito ali na minha frente. Quero você, ele disse. Eu disse quero você também. Mas quero agora já neste instante imediato, ele disse e eu repeti quase ao mesmo tempo também, também eu quero. Sorriu mais largo, uns dentes claros. Passou a mão pela minha barriga. Passei a mão pela barriga dele. Apertou, apertamos. As nossas carnes duras tinham pêlos na superfície e músculos sob as peles morenas de sol. Ai-ai, alguém falou em falsete, olha as loucas, e foi embora. Em volta, olhavam.
Entreaberta, a boca dele veio se aproximando da minha. Parecia um figo maduro quando a gente faz com a ponta da faca uma cruz na extremidade mais redonda e rasga devagar a polpa, revelando o interior rosado cheio de grãos. Você sabia, eu falei, que o figo não é uma fruta mas uma flor que abre pra dentro. O quê, ele gritou. O figo, repeti, o figo é uma flor. Mas não tinha importância. Ele enfiou a mão dentro da sunga, tirou duas bolinhas num envelope metálico. Tomou uma e me estendeu a outra. Não, eu disse, eu quero minha lucidez de qualquer jeito. Mas estava completamente louco. E queria, como queria aquela bolinha química quente vinda direto do meio dos pentelhos dele. Estendi a língua, engoli. Nos empurravam em volta, tentei protegê-lo com meu corpo, mas ai-ai repetiam empurrando, olha as loucas, vamos embora daqui, ele disse. E fomos saindo colados pelo meio do salão, a purpurina da cara dele cintilando no meio dos gritos.
Veados, a gente ainda ouviu, recebendo na cara o vento frio do mar. A música era só um tumtumtum de pés e tambores batendo. Eu olhei para cima e mostrei olha lá as Plêiades, só o que eu sabia ver, que nem raquete de tênis suspensa no céu. Você vai pegar um resfriado, ele falou com a mão no meu ombro. Foi então que percebi que não usávamos máscara. Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara. Não sentíamos dor, mas aquela emoção daquela hora ali sobre nós, eu nem sei se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara, ainda mais no Carnaval.
A mão dele apertou meu ombro. Minha mão apertou a cintura dele. sentado na areia, ele tirou da sunga mágica um pequeno envelope, um espelho redondo, uma gilette. Bateu quatro carreiras, cheirou duas, me estendeu a nota enroladinha de cem. Cheirei fundo, uma em cada narina. Lambeu o vidro, molhei as gengivas. Joga o espelho no mar pra Iemanjá, me disse. O espelho brilhou rodando no ar, e enquanto acompanhava o vôo fiquei com medo de olhar outra vez para ele. Porque se você pisca, quando torna a abrir os olhos o lindo pode ficar feio. Ou vice-versa. Olha pra mim, ele pediu. E eu olhei.
Brilhávamos, os dois, nos olhando sobre a areia. Te conheço de algum lugar, cara, ele disse, mas acho que é da minha cabeça mesmo. Não tem importância, eu falei. Ele falou não fale, depois me abraçou forte. Bem de perto, olhei a cara dele, que olhada assim não era bonita nem feia: de poros e pêlos, uma cara de verdade olhando bem de perto a cara de verdade que era a minha. A língua dele lambeu meu pescoço, minha língua entrou na orelha dele, depois se misturaram molhadas. Feito dois figos maduros apertados um contra o outro, as sementes vermelhas chocando-se com um ruído de dente contra dente.
Tiramos as roupas um do outro, depois rolamos na areia. Não vou perguntar teu nome, nem tua idade, teu telefone, teu signo ou endereço, ele disse. O mamilo duro dele na minha boca, a cabeça dura do meu pau dentro da mão dele. O que você mentir eu acredito, eu disse, que nem na marcha antiga de Carnaval. A gente foi rolando até onde as ondas quebravam para que a água lavasse e levasse o suor e a areia e apurpurina dos nossos corpos. A gente se apertou um conta o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico. A gente se afastou um pouco, só para ver melhor como eram bonitos nossos corpos nus de homens estendidos um ao lado do outro, iluminados pela fodforescência das ondas do mar. Plâncton, ele disse, é um bicho que brilha quando faz amor.
E brilhamos.
Mas vieram vindo, então, e eram muitos. Foge, gritei, estendendo o braço. Minha mão agarrou um espaço vazio. O pontapé nas costas fez com que me levantasse. Ele ficou no chão. Estavam todos em volta. Ai-ai, gritavam, olha as loucas. Olhando para baixo, vi os olhos dele muito abertos e sem nenhuma culpa entre as outras caras dos homens. A boca molhada afundando no meio duma massa escura, o brilho de um dente caído na areia. Quis tomá-lo pela mão, protegê-lo com meu corpo, mas sem querer estava sozinho e nu correndo pela areia molhada, os outros todos em volta, muito próximos.

Fechando os olhos então, como um filme contra as pálpebras, eu conseguia ver três imagens se sobrepondo. Primeiro o corpo suado dele, sambando, vindo em minha direção. Depois as Plêiades, feito uma raquete de tênis suspensa no céu lá em cima. E finalmente a queda lenta de um figo muito maduro, até esborrachar-se contra o chão em mil pedaços sangrentos.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ao senhor M.F.B.

Posso não ver poema
na singeleza do olhar
bobo.
Nas expressões, que ora sim
ora não, parecem vazias.
Mas vejo o poema,
não na essência, mas
na simplicidade
da compreensão de ti.
Belo, com os olhos vertentes de escuridão,
negros como a noite sem luar.
Na pele das origens do nosso povo
rico.
No andar meio moleque
entre o descuido e a pretensão.
Eu posso ver o poema
no certo desejo, que entretém
algumas e alguns, entre os anjos.
Do teu Deus, ou o meu
vejo o poema nos caminhos
que cruzaram-se
despretenciosamente
na mais culta, e lasciva
demonstração da volúpia humana.
Vejo o poema em ti,
no certo ou no errado,
no que me mantém acordado
a noite, lembrando dos seus olhos
negros como a noite sem luar.



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Textículo final

Quero me amparar no seu peito, me encostar, sentir teu corpo, talvez seja uma confissão, ou uma memória futura. Contudo, qual o problema com a memória? Brás Cunas também as tinha. Eu já não sei como me comportar, porque sua presença se vai, e ao longe não sinto sequer o meu amor, sequer a minha paz. Minha angústia é célere. Minha raiva é oprimida, e eu continuo aqui, sozinho, perdido, e sem esperança; Se as vezes me afundo nas histórias, quero substituir a minha, se me vejo de frente, se encaro-me, tento apenas ler um poema, pára mudar o foco da mente. Nem as músicas mais, são alegres. Eu sinto mais frio, e a vida não tem mais sentido. Conseguiram enfim.

domingo, 21 de julho de 2013

Pensamento

As circunstâncias atuais, são só as circunstâncias atuais, nada mais, nada que não possa ser superado. Nunca é tarde para a felicidade.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sobre a Poesia - Vinicius de Moraes


MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor: Crônicas e Poemas. Rio de Janeiro: Editora do autor, 1962. p.57-58

Não têm sido poucas as tentativas de definir o que é poesia. Desde Platão e Aristóteles até os semânticos e concretistas modernos, insistem filósofos, críticos e mesmo os próprios poetas em dar uma definição da arte de se exprimir em versos, velha como a humanidade. Eu mesmo, em artigos e críticas que já vão longe, não me pude furtar à vaidade de fazer os meus mots de finesse em causa própria – coisa que hoje me parece senão irresponsável, pelo menos bastante literária.
Um operário parte de um monte de tijolos sem significação especial senão serem tijolos para – sob a orientação de um construtor que por sua vez segue os cálculos de um engenheiro obediente ao projeto de um arquiteto – levantar uma casa. Um monte de tijolos é um monte de tijolos. Não existe nele beleza específica. Mas uma casa pode ser bela, se o projeto de um bom arquiteto tiver a estruturá-lo os cálculos de um bom engenheiro e a vigilância de um bom construtor no sentido do bom acabamento, por um bom operário, do trabalho em execução.
Troquem-se tijolos por palavras, ponha-se o poeta, subjetivamente, na quádrupla função de arquiteto, engenheiro, construtor e operário, e aí tendes o que é poesia. A comparação pode parecer orgulhosa, do ponto de vista do poeta, mas, muito pelo contrário, ela me parece colocar a poesia em sua real posição diante das outras artes: a de verdadeira humildade. O material do poeta é a vida, e só a vida, com tudo o que ela tem de sórdido e sublime. Seu instrumento é a palavra. Sua função é a de ser expressão verbal rítmica ao mundo informe de sensações, sentimentos e pressentimentos dos outros com relação a tudo o que existe ou é passível de existência no mundo mágico da imaginação. Seu único dever é fazê-lo da maneira mais bela, simples e comunicativa possível, do contrário ele não será nunca um bom poeta, mas um mero lucubrador de versos.
O material do poeta é a vida, dissemos. Por isso me parece que a poesia é a mais humilde das artes. E, como tal, a mais heróica, pois essa circunstância determina que o poeta constitua a lenha preferida para a lareira do alheio, embora o que se mostre de saída às visitas seja o quadro em cima dela, ou a escultura no saguão, ou o último long-playing em alta- fidelidade, ou a própria casa se ela for obra de um arquiteto de nome. E eu vos direi o porquê dessa atitude, de vez que não há nisso nenhum mistério, nem qualquer demérito para a poesia. É que a vida é para todos um fato cotidiano. Ela o é pela dinâmica mesma de suas contradições, pelo equilíbrio mesmo de seus pólos contrários. O homem não poderia viver sob o sentimento permanente dessas contradições e desses contrários, que procura constantemente esquecer para poder mover a máquina do mundo, da qual é o único criador e obreiro, e para não perder a sua razão de ser dentro de uma natureza em que constitui ao mesmo tempo a nota mais bela e mais desarmônica. Ou melhor: para não perder a razão tout court.
Mas para o poeta a vida é eterna. Ele vive no vórtice dessas contradições, no eixo desses contrários. Não viva ele assim, e transformar-se á certamente, dentro de um mundo em carne viva, num jardinista, num floricultor de espécimes que, por mais belos sejam, pertencem antes a estufas que ao homem que vive nas ruas e nas casas. Isto é: pelo menos para mim. E não é outra a razão pela qual a poesia tem dado à história, dentro do quadro das artes, o maior, de longe o maior número de santos e de mártires. Pois, individualmente, o poeta é, ai dele, um ser em constante busca de absoluto e, socialmente, um permanente revoltado. Daí não haver por que estranhar o fato de ser a poesia, para efeitos domésticos, a filha pobre na família das artes, e um elemento de perturbação da ordem dentro da sociedade tal como está constituída.
Diz-se que o poeta é um criador, ou melhor, um estruturador de línguas e, sendo assim, de civilizações. Homero, Virgílio, Dante, Chaucer, Shakespeare, Camões, os poetas anônimos do Cantar de Mío Cid vivem à base dessas afirmações. Pode ser. Mas para o burguês comum a poesia não é coisa que se possa trocar usualmente por dinheiro, pendurar na parede como um quadro, colocar num jardim como uma escultura, pôr num toca-discos como uma sinfonia, transportar para a tela como um conto, uma novela ou um romance, nem encenar, como um roteiro cinematográfico, um balé ou uma peça de teatro. Modigliani – que se fosse vivo seria multimilionário como Picasso – podia, na época em que morria de fome, trocar uma tela por um prato de comida: muitos artistas plásticos o fizeram antes e depois dele. Mas eu acho difícil que um poeta possa jamais conseguir o seu filé em troca de um soneto ou uma balada. Por isso me parece que a maior beleza dessa arte modesta e heróica seja a sua aparente inutilidade. Isso dá ao verdadeiro poeta forças para jamais se comprometer com os donos da vida. Seu único patrão é a própria vida: a vida dos homens em sua longa luta contra a natureza e contra si mesmos para se realizarem em amor e tranqüilidade.

O mosquito

Parece mentira
De tão esquisito:
Mas sobre o papel
O feio mosquito
Fez sombra de lira!


Montevidéu, 1959

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Textículo V – Carta ao futuro amor


Queria eu ter a beleza do seu corpo, mas está longe de mim, como se a distancia fosse um obstáculo impossível, como se o mundo todo não deixasse que eu te visse. Meu amor se congela no peito, e nenhuma guerra transformará minha vontade. A tua bondade é tão infinita, o teu carinho é tão doce, sua pele tão branca e a barba tão macia, me trata apenas como um príncipe destronado, parece ter pena. Nasci no destrono. Amor meu. Não me faça escolher nesta carta o amor ou a morte, eu não sei dizer o que se parece mais com a nossa relação, se você não me deixa feliz penso estar morto, esquecido; mas ao mesmo tempo me sinto amado e adorado, e de longe, e mesmo de longe eu consigo sentir a alegria que me dá vida, e que brota como uma orquídea rara no peito fraco. Meu coração que bate vagaroso não se limita a mim, parece expandir-se até você, como se nosso espírito fosse um, e nossa alma (mesmo no singular) demonstrasse qual é a necessidade que sinto tanto, o meu amor morto, que parece nunca renascer.



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dualidades

Eis o mundo bipolar
O palhaço também é triste
O libertino é solitário
O escritor, com versos amorosos, nunca amou.
A bela paisagem na parede, esconde o prego sujo a que se pendura tortamente.
A vida, enfim, não é o que parece ser.
Não entristeca-te, amigo. 
Todos sofrem no fim das contas.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

CD Max Milner - Download

O CD do Max Milner já está disponível para download, deixo aqui para vocês o link no 4shared.


Lembrando que essa edição é do blog, as musicas foram editadas e cortadas para melhoria do som, já que foram retiradas do youtube.





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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ao rés do peito: Respeito

A grande questão é: o que é o respeito. O que é essa coisa de que todos falam, mas não concluem, nunca chega a lugar nenhum, respeito é respeito oras. Res, de rés, que significa junto, e peito (bem, todos sabem essa), estar junto do peito, pode ser para uns, um grande duplo sentido irônico, e para outros, apenas um "estar junto do peito de alguém", no seu sentido mais emocional, mais romântico, mais lírico. O respeito é como uma conversa. Estar junto do peito do outro, pronto para abri-lo se necessário, defendê-lo, pelo valor da integridade humana. Quem respeita meu texto, respeita minhas vírgulas, é um combo afinal. Respeito é um pequeno lustre de sala, de uma pequena casa, de uma pequena vila, de uma pequena família, o lustre só tem três pêndulos, um caiu, se espatifou no chão, esse pendulo queria fazer mais badalos que os outros, ressoava como sino de natal. O respeito acaba quando seu barulho interfere o do outro. Isso é respeito. Não ultrapasse, não se imponha. Não se desgaste, não se irrite com bobagens, não, não, não... Tudo que você quer, na mais linda e bela demonstração de respeito, é ser igual ao outro. Afinal, nós só enxergamos no próximo, o que temos em nós mesmos. Aquele defeito chato, que eu não suporto no vizinho (no meu caso, pessoas que falam demais), é o meu defeito que não enxergo em mim. Portanto, desrespeitar ao outro, é desrespeitar a si mesmo. E assim por diante, consecutivamente. Respeito é uma demonstração de igualdade, até porque, todos com as suas manias, únicas extravagantes, são iguais, porque se cada um tem uma mania única e extravagante, adivinhe, todos temos, portanto, logo, somos todos únicos e extravagantes. Isso não é um ideal igualitário? Pois bem, para terminar esse texto. Eu digo com toda a propriedade, respeito é o que você não tem, nem eu, nem ninguém, todos somos desrespeitosos, luxuriosos, egoístas, e pode terminar esse texto bravo comigo, caro leitor. Mas, se alguém te diz reflita, respeite o pedido. Se tenho certeza de uma coisa é que, o respeito é fruto da reflexão.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Sofreguidão


Ainda com a alma triste eu clamo amor. tento me divertir, mas não consigo me concentrar na liberdade. E choro, choro por não ser amado. Abençoo as boas pessoas que me alegram os dias. As carícias que vem amistosas. Me alimentam o básico. Mas ainda faltam as sobremesas, os licores. O sexo é básico. Ainda falta o beijo, o amor. Minha alma pede satisfação. É triste. Mas continuo sorrindo, fingindo que tudo é verdade. Todos acreditam... E eu continuo a sofrer em silêncio. Eu e John Meyer. Eu e Baker. Mas continuo sozinho. Colocando no papel minhas tristezas, minhas agonias. E eu alimento o poema, com o sofisticado. A tristeza. E me mato pouco a pouco, das bençãos que não chegaram, ou foram embora. Ou ficaram com medo de se aproximar. Ou, quem sabe, nunca chegarão... E eu choro a solidão. De estar apenas na companhia da música. A sofreguidão da necessidade de pedir ajuda.

28/01/2013

Menor miniconto do mundo.

pArÓdIa

"Quando acordou, o deus ainda estava lá"



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Royalletes - It's gonna take a miracle


Trecho - Cartas de um Sedutor - Hilda Hilst


Perdoa-me, Cordélia, mas a não ser tu, minha irmã e tão bela, não tive um nítido e premente desejo por mulher alguma. Mas sempre gosto de ser chupado. Então às vezes seduzo algumas de beiçolinha revirada. Mas o falo na rosa, nas mulheres, só ‘in extremis’. Há em todas as mulheres um langor, um largar-se que me desestimula. Gosto de corpos duros, esguios, de nádegas iguais àqueles gomos ainda verdes, grudados tenazmente à sua envoltura. Gosto de cu de homem, cus viris, uns pêlos negros ou aloirados à volta, um contrair-se, um fechar-se cheio de opinião. E as mulheres com seus gemidos e suas falações e grandes cus vermelhuscos não me atraem. Bunda de mulher deve dar bons bifes no caso de desastre na neve. Lestes sobre os tais que comeram os amiguinhos e amiguinhas congelados? Voltando à nadegas. As tuas. Douradas e frescas. Tu foste única. Tuas nádegas também. Firmes, altas, perfeitas como as de um rapaz.

José Parra


TEXTÍCULO IV


Me sinto só, tão só quanto a última estrela que sobrou em toda a galáxia depois da explosão do sol. Se o sol explodiu? Onde é que você tava? Não estava não, eu estou só... Tão só quanto a última flor do deserto. Mas deserto não tem flor, tem sim, eu desabrocho no primeiro sinal se tu quiseres, cheio de mim, arreganho-me, em posicionamentos nada éticos deixo a solidão como quem abandona uma doença. E me vou aos seus braços. Me sinto só, mas sem sol, sem vida, e sendo a última estrela, nem brilhar parece satisfatório, por isso, apago as luzes. Não preciso de holofotes, não sou um show. Não sou um monumento, nem um objeto. Sou eu... A última estrela do deserto, que procura uma flor para iluminar todo o sabor do sexo. 

TEXTÍCULO III


Seu doce abraço me conforta, seu amor é tão desejado. Meu amado, não te posso dizer o que quero, tenho medo, de me colocar em posições heterodoxas. Mas sempre quis, com todo meu amor, manter todo o romantismo que se coloca em mim, desde meu nascimento, por Deus, em ti. Toda a esperança se brota com esse amor, esse platônico desejo de vencer a vontade, de conquistar um novo abraço, um beijo. Pegar tuas mãos, acariciar teu rosto, olhar teus olhos tristes, sua boca trêmula, quieta. Meu desejo é ter-te em devaneios na cama, na noite que se levanta. Retirar seu medo, destremular seus lábios, calar-te com um beijo. Meu doce abraço que te conforta, meu amor que se é desejado, me colocar em heterodoxas posições. Deus abençoa essa união, e há quem diga o contrário, há quem diga o contrário. Mas Deus me disse, no meu interior, que meu amor é puro. 

TEXTÍCULO II


Que tu chores, se em mim não fores feliz, que tu lamentes, se não bendizer-te à minha verdadeira religião. Oh querido, não te amaldiçôo, mas quero-te aqui, bem perto e todo o tempo em que me sinto vivo, a respirar, pois é em seu peito que descanso, sobre os pelos macios, e sobre as tuas coxas repousadas no branco lençol que se doura com o amanhecer. Eu te amo tanto, que prefiro a sorte de meus dias abandonados à morte, a ter de esquecer-te, a ter de enfrentar o julgo divino da escolha. Meu amado, minha solidão é tanta, encontre-me logo, para que a eternidade possa nos presentear.

TEXTÍCULO I


Sabe as vontades que eu tenho, de me empeladar todo em cima de você, e colocar-me sentado, no seu corpo, e te abusar, todo meu, querido e amado, sinto tua falta, e te imagino aqui, meu bem, meu querido, se escolhi assim te chamar, vem aqui, ilumina-me. Tu bom amigo. Repartimos a cerveja, colocamos nosso fim ao ventre. Me abraça forte. Teu corpo contra o meu, em sofreguidão eu choro, em teu colo, teu peito. Pelo com pelo, suor que me contamina; Meu amor, se entregues a mim, assim sempre belo. Amigo. Meu querido, meu belo, cante baixo ao meu ouvido... de manhã ao acordar, e de noite à bebedeira. Ao meu luto, à minha carência, beba comigo. Me ame de novo, me come, me beija; Me coloca a coisa toda em pé, viril e lógica. Me coloca a par, sempre e sempre, pois quero te amar. E me abraça como consolo para minha vida triste. 

Forgive Me Father For I Know Not - Paul Richmond


quarta-feira, 8 de maio de 2013

2345678, tá na hora de molhá o biscoito.

O mundo anda distorcido, morreu mais um, é só mais um, que pena... não pensa não, para que? é mais fácil viver a sorte dos dias, vamos e vamos, caminhando e cantando e seguindo a canção, e o mundo anda distorcido, balearam mais um, mais um morreu, mais um no meio de tantos, drogas? dinheiro? mulher? não sei, não me interessa, não quero saber... O mundo é assim, Braga diria, somos só números, o que morreu ontem foi o 3154627384635298363527 baleado dessa região em dez anos... Isso é comum, para que se preocupar com tão pouco? ... vamos seguir as nossas vidas, caminhando e cantando e seguindo a canção, hoje é luto amanhã já se acabou, se hoje eu te amo, amanhã já lhe esqueci, já lhe esqueci, já não me faz falta os meios e os fins, só sigo caminho. O mundo anda distorcido, e lá vamos nós. mais um morreu baleado ontem, mais um menino com a vida toda pela frente, mais um que se vai, que se parte ao longe destemido, na esperança de encontrar um outro mundo. Caminhando e cantando e seguindo a canção, ele procura os céus, e deus? Será que ele canta nessa hora? Mas a mim não importa. Tudo é minúsculo, Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor, lhe tenho horror, te faço amor eu sou um ator... E vamos nós seguindo nossas vidas. Caminhando e cantando, e seguindo a canção, esperando que não sejamos nós, os próximos a procurar o rumo do céu. maybe not. (e o mundo continua se globalizando).


sábado, 6 de abril de 2013

Fátima e Catarina.

Es mi madre
Abençoada aos olhos santos
Do meu deus que se é insano
Não me traz nenhum desgosto

Es mi madre
Hermosa y bela.
Quando em tristes aposentos
Me acolheu em seu amor

Oh madre,
Da-me teu acalento
Com ou sem pudor

Oh madre,
Por ti, meu coração
Se abate, regozija

Pois se é assim, muy buena
Es madre eterna de dios
Es mi madre que amo.

sábado, 30 de março de 2013

Survive.

Ela me olhou com singeleza, e pediu que eu fosse seu pai, chorando em meu peito. Coloquei meu queixo sobre sua cabeça, com uma lágrima disfarçada nos olhos, depois da grande praga que deixou só a nós dois vivos no mundo todo.


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Hiper micro-conto nº2

Oração ao unicórnio.

Querido unicórnio perdido ...? Fale comigo... Sinta comigo o meu pouco amor.

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Hiper micro-conto nº 1

Homem ao sol

Sol, partis-te em mim
o intenso calor que nasce
e da primavera reflete
o clima de bençãos.

Aquece-me também,
o meu coração.
Para que eu possa entregar dele...
Uma flor para alguém.

Da saudade


(Do autor: Ouça enquanto lê)   


  Toca-me, amor
elimina minha eterna solidão.
Aproxima de mim o teu amor
eterno e puro.

   
     Me dá uma esperança
de entender porque não
me entende de vez por todas
um beijo é pouco.
   
     Sinto-me só todo o tempo
que não tem comigo alguém...
O vinho tornou-se meu sangue
que bebo sozinho.

   
      Sem nenhum carinho
a noite demora-se, e o dia,
sem sentido no cantar do sol
é apenas o que tenho. Hoje

   
     Pois tudo que há em mim
morre aos poucos...
no medo lúcido de nunca ver-te mais
entre a perfeição sonhada;
que habita meus sentimentos
da saudade irremediável.




Mito



Seguindo a estrada do deserto
eu encontrei um espírito,
e cheio de amor me disse
que eu devia amá-lo para ser mais feliz.
que flores brotariam na minha vida,
que eu poderia então... compreender
que eu sou apenas um ser apaixonante

muito poucas histórias são contadas
sobre experiências reais com deus...

mas eu posso garantir que a minha é verdadeira.

Porque uma flor foi colocada na minha orelha
e então eu vi um homem que me abraçava...
e esse homem era um deus, meu deus particular
meu refúgio e minha cidadela
aquele em quem confio.
um grande amor brotou ali, entre eu e deus
o meu deus da idade grega.
O meu Deus do mito.

O aluno

Não posso contar a pouca fé que tenho, nos óculos antigos, no rosto simples, nas tristes expressões. alimentando-me de filmes, de livros e de estudos, chorando a interioridade íntima, inside. Em foco a alma controvertida. Eu te observo, ao longe, com admiração, em torno dos meus olhos lágrimas vertem. E em mim brota uma paixão entrecortada, com a volúpia iluminada nos seios teus. Uma mãe nos abençoados carinhos. E agora, sem fé, nem os óculos conseguem enxergar nenhum defeito. Pois a mim parece apenas que em ti, nasce a perfeição.


Encantamento

O campo encanta
o velho só.
Que se abandona
na lareira,
no trator,
na estrada,
no moinho,
no galpão.
O campo encanta
o velho só.
O meu ex avô.
O meu papai
que aqui morre,
a cada dia
na lareira,
no trator,
na estrada,
no moinho,
no galpão.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não quero dar título,
nem rotular as especiarias deste homem.
Por isso, um poema sem título
para um grande escorpião de fases.

Se você veio do sol
é um Centauro!
Viril, enérgico!
Alimento para sugadores.
Tem ouro nas veias, e não é de valor.
Mas compreende as inquietudes
da sua condição.

Canta a água gloriosa no céu
Vê nos astros um grande animal
Abençoa a si mesmo em vaidade
Ilumina os olhos de um ser impensável.

Aguenta as dores, a sensibilidade
Apascenta os medos, e se apaixona,
me apaixona, enlouqueça-se,
inspire, os outros.
E veja,
no mais doce lugar, uma flor cativante
banhada em águas flamejantes
no meu espírito de falso pudor

Devo dizer, caro escorpião:
Me leve com você,
para o mais doce e intenso lugar.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Olhar amado - Video Poema


Auto-amor


Amor não há
No mundo maior
Que o auto-amor
Pois nós,
Só seremos eternos
Quando formos um só.
Esse amor de fajutice
Amor de janela aberta
Para que vejam passar
O público
Amor não há
Somos importantes demais
Para que deixemos de lado
Nossas razões, ideologias...
Sonho com o dia que serei todo seu
O que será todo meu
Talvez esse dia chegue
Talvez não
Talvez tudo acabe quando nos vermos
De verdade, em carne e osso
Possa ser o fim...
Sim, e há o auto-amor
Esse que ainda me salva
Se necessário
Ou não
Acho que não...

Momento narrado 1

Puxei seus braços para o vazio, preenchi-me de glória e pudor ao embriagar seu corpo, joguei-me nu em cima de ti, aproximei meu corpo do seu, senti os pelos contra a pele, engoli teu pênis como um sedento busca água no deserto, é difícil narrar, as várias expressões que fez, jogar em seu cacete inúmeras gostas de saliva, e ver-te tremer. Era fácil encorajar as pernas a mexerem-se. Logo estava ali, na podridão do gesto condenado. Embora não sentisse culpa, remorso. Era amor. Você, meu marido doce, seco, louco. Oh quanta paixão em enfiar-me em ti. Peso os braços com os meus. Quero sentir-te único, numa fogosa dança entrelaçada. E estava novamente procurando os pelos. A barba, os beijos, até gozar em mim mesmo, espirrando porra até nos seus cabelos. Era um momento memorável, alegórico. E senti-me apaixonado ainda mais. Feliz, satisfeito, Enfim, seu corpo desejado era meu, até no banho.

Estouro



Tive um ressentimento, um escroto ataque cardíaco, uma mania inconstante de colecionar coisas perdidas, tive uma insanidade temporária, queria matar um, dois, três, quatro, cinco, e seis. Queria amar ao mesmo tempo todos os homens que já tive. Tive uma loucura instantânea, cozinhou meu cérebro em três minutos. Tive um passatempo, o pensamento distante e o ataque cardiovascular. As crianças voaram, e o céu mudou de cor, elas atacaram um vendedor de sorvete, mataram-no, o sangue como cobertura do bolo. Sangue fruta-cor. Nada faz sentido aqui, só uma coisa. Eles se organizaram na rua e dançavam, e cantavam, estava em um musical... Mas aí as imagens travavam, e eu via os homens parados no ar. Tive um ataque respiratório, tive um ataque no estômago, no intestino, era tudo a mesma coisa. Tive um ataque insano, cozinhou em três minutos. Era instantânea a embalagem. Mentiram para mim. Isso não é comida, tive um escroto ataque neurótico. Surtei. Queria comer um, dois, três e até seis, depois de mortos, no necrotério municipal. Acho que eu tive um ataque de morbidez. Pensei ter visto cadáveres em pé, correndo atrás de mim. Caí num rio, e era ouro derretido. Tive um ataque cardiorespiratório. E quando morri, três crianças me viam enquanto tomavam sorvete.