sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Respiram assim os pulmões da modernidade

Já é dificil, agora, acreditar, enamorar, consentir um empobrecimento do próprio ego em função do outro: o que se pode chamar em termos culturais de amor. Talvez que pensem em exatos espaços todos outros tantos apaixonados por tão poucos - adolescentes; Inspiradores o são, nos vemos eternos e somos. Quem, dirá não? É tão brusco o pensamento - tão rútilo pedra - duro. Não penso que ... que... que posso mudar o destino - penso apenas, e já sem acreditar na sociedade tão bela dinheiro, fome e miséria sem fé, eu digo: amem-me, pois preciso. Voltar a acreditar no amor no apaixonar. Oras, que esse amor não correspondido é uma merda, uma grande poça de merda, uma merda enorme, incrustada nas paredes do coração, e fedorenta, líquida e espessa, correndo nas minhas veias e tuas nossas todas. Tantos espaços tantos outros para tanto nada tanto vazio, que voltem espadas, a dilacerar meu peito em novos e findos amores. Que é melhor muitos que nada!

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Prelúdios.

Em Agosto, e em Novembro no Londrix, encenamos o monólogo prelúdios.
Disponível no link: 

Eis um trecho:

Permiti voltar aos sonhos, sorrisos consomem imaginações, sóis e luas plurais aglomeram-se no céu, enquanto cores se misturam numa palheta, dessa vertigem, dessa observação, de você no céu, dançando com brilhos e girassóis. Pássaros de fogo cruzam um oasis azul e quando desço os olhos pela paisagem, trombo olhares com seus mundos oculares, sorrisos que saboreiam estranhos e improváveis  encontram-me novamente, boca com boca, pele com pele, e a barba me fazendo cócegas. Masturbo-me voando nas costas de um cupido, em meio às luas, e aos pássaros outrora descritos, chuva de vinho e sêmen cobrem meu corpo nu.





sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Sobre o transformar-se - poema e prosa

Olha, eu to lendo livro novo, de poemas, do Caio, isso mesmo. Do Caio, lembra quando o mendigo perguntou o que eu estava lendo e eu mostrei com toda pretensão o Triângulo das Águas, e então ele perguntou: Você gosta desse Gaúcho? E eu dei o livro de presente para ele, porque eu não sabia que o Caio era Gaúcho, achava que era Curitibano, como o Dalton, ou o ... esqueci o nome dele... meu deus, qual era mesmo?

Então ele me olha e sorri – em meio aos nervos de minhas descrições ele sorri calmamente, abrindo os lábios em câmera lenta. E me vêm a mente.

Seus são os olhos curtos cerrados.
Dos espasmos entrecortados,
dos castanhos mares em que mergulho.

Teus beijos são únicos molhados,
espero espaços naufragados
em poesias do frio de julho.

Teu amor, como em animais enjaulados
encontrou meu coração tentaculado.

E agora, limpou minha alma
O que era barulho agora é calma
O que era entulho agora é lassa limpeza
Era pedregulho, agora é jardim, é beleza.

sábado, 19 de novembro de 2016

Sobre um presidiário e um professor de carceragem - O Começo.



_ Eu preciso falar com você.
_ Claro, senta aí... O que é?
_ Você é o melhor professor que a gente tem aqui...
_ Só porque eu não desisti de vocês? Lembra quando vocês disseram? "Vamos ver até onde você aguenta"? Eu não tenho medo de aluno não, e por mais que você estejam aqui, não tem porque temer, sabe, vocês precisam de novas oportunidades pra melhorar, sairem daqui e construir de novo uma vida, ter direito a liberdade, trabalhar, casar, ter filhos, viver como qualquer pessoa, preocupando-se apenas com a sua felicidade.
_ É por isso que eu to aqui
_ Você sai semana que vem né?
_ Sim, e eu preciso falar com você, porque eu esperei demais.
_ Bom, diga.
_ Eu estou apaixonado por você.
_ Você está brincando comigo? Você gosta de mulheres não é?
_ Sim, eu gostava até pouco tempo, mas desde que você entrou na vida da gente, quando você trouxe aqueles livros, o Amancio pra tocar com a gente, e falou que a vida podia ser diferente, eu acreditei.... Quando você trouxe aqueles filmes, a gente foi percebendo que a vida pode ser diferente saca? Não quero mais me envolver com nada errado.
_ Eu só quero cumprir meu papel aqui, você não precisa dizer que está apaixonado por mim, por causa disso.
_ Sim, mas é verdade, eu realmente estou apaixonado por você... eu sei, você nunca me beijou, nunca fiz nada, nem abraçar você eu abracei. - (interrompendo)
_ Olha cara, não me leve a mal, você é muito bonito, mesmo, eu não tenho nenhum problema em ficar com você, em me apaixonar por você também, mas isso é novo, e me vem umas coisas à mente agora. Tipo, quando você sair, você disse que não tem família né? Então, eu fico pensando se você está precisando de um lugar pra ficar e por isso tá falando isso. Porque eu posso ajudar você se você precisar de ajuda. Não precis
_ Para! - Eu não quero nada de você.
_ Bom, então, como isso é possível?
_ Eu comecei a gostar de você, a sonhar com a gente junto, a pensar na gente de mãos dadas, em casa, vendo filme no domingo a tarde no frio, abraçados, e mesmo o sexo, que antes eu só sentia por mulher, agora eu estou sentindo isso por você também.
_ E o que você pretende fazer a respeito disso?
_ Você não quer ficar comigo?
_ Como eu disse, eu não posso ficar com você aqui, eu trabalho aqui, não podemos ficar juntos, na semana que vem, quando você sair a gente pode conversar, porque eu nunca escondi de vocês que sou gay, mas eu não posso mentir... Apesar de tudo que eu fiz pra mudar a vida de vocês tenho um pouco de receio porque a gente não se conhece, faz 5 meses que eu to trabalhando aqui, com essas aulas, e ajudando vocês a escreverem e a lerem melhor pra conseguir melhores trabalhos. O Governo me paga pra dar aula pra vocês e ser mais do que professor. Cadeia não serve pra prender, serve pra restaurar, então eu to cumprindo meu papel, não queria que ninguém se apaixonasse por mim, mas to feliz que aconteceu, e confuso, e você é realmente muito bonito, e eu estou com vontade sim de te dar um beijo agora, mas isso é tão complicado saca.
_ Não é complicado, eu vou demorar pouco tempo pra começar a trabalhar, eu tenho onde ficar agora, um amigo pode me ajudar, eu só vim aqui falar porque achei que teria uma chance com você, não pensei que você não fosse gostar.
_ Quem disse que eu não gostei? Eu estou adorando você falar isso! Vamos fazer assim, hoje é terça, segunda você vai embora, eu vou pedir dispensa nesse dia, vou dizer que não estou bem, eu virei te buscar na saída, você vai pra casa, toma um banho, dorme e descansa de tudo isso que está acontecendo, depois a gente pensa com calma em tudo, e você decide se lá fora você ainda vai querer ficar comigo, porque eu tenho medo de ser abandonado de novo, ser trocado por uma mulher, já que aqui você não tem ninguém, mas você é tão bonito, lá fora você vai encontrar outras pessoas e isso vai ser diferente.
_ É você que eu quero.
_ Sim, tudo bem, eu to te dando essa oportunidade, e a gente conversa com mais calma, e aí se você quiser me dar um beijo, você me dá, eu aceito esses olhos castanhos lindos me encarando.
_ Beleza professor, amanhã a gente se vê na aula então.
_ Ok, você terminou o livro já?
_ Faz tempo.
_ Amanha a gente termina o trabalho com ele então.
_ Não vai me dar um abraço? Eu tenho que voltar pra cela.
_ Claro, vem cá;

E esse foi o abraço mais quente da história.

domingo, 11 de setembro de 2016

Entre anjos e flores - Venda


Envie um email para leandropbenevides@hotmail.com

Coloque no assunto: "VENDA ENTRE ANJOS"


Valor: 20,00



 


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Inóspita, a chuva. (Parte II)

Costume ruim de sair a noite na chuva, buscando inóspitas lembranças. Sentia algo bom quando ouvia as gotas na calçada, as folhas molhadas crepitando, o barulho do vento e a cidade vazia. Cada automóvel que passava pela rua poderia ser mais, poderia ser apenas o som das rodas colando no aslfato molhado. As sensações entre o silêncio e os ruídos noturnos aliviam o espírito, colocam a alma imersa na paz de anjos. repetia esse rito quando chovia. De longe via a sombra que caminhava em sua direção, a cena se repetia, as luzes da rua relfetiam sua sombra até perto dele, já sabia que era mais alto que ele, que era homem. Sentiu novamente um frio percorrer seu corpo. Por causa da luz se olharam nos olhos. Os dele eram todos azuis claros. E os seus castanhos e escuros, desapareciam na penumbra. Os dois se cruzaram no pouco espaço da rua vazia. Olhando um para o outro, e quando se passaram ao lado, olharam para trás buscando respostas. O outro sallteou o passo, ele falhava o seu. Desaproximando, desaproximando... Quis parar, voltou-se para trás. O outro parou. Você tem telefone? Você tem nome? Lipe. Lipe de Felipe ou só Lipe? O que você preferir. Então Lipe, tenho sim telefone, anota aí. Era seu mundo. A solidão do todo úmido aquela noite fora deixada para trás.

domingo, 8 de maio de 2016

Inóspita, a chuva. (Parte I)

Era chuva, o céu nublado entre prédios e neblina. Fantasiosa a neblina que surgia profunda no céu espesso. Estava longe de tudo, sentia-se sozinho enquanto caminhava a noite, nas ruas vazias da pequena cidade, quase um vilarejo abandonado entremeio à garoa insistente. O vento frio batia no rosto, a língua transpassava o lábio queimando-o de frio. O expediente acabou assim como o seu ânimo. Batia as mãos na perna exalando o frio e criando um ritmo frenético para seus pensamentos. Cantarolava. Ouvia uma canção escocesa desimportante na mente. Tocava os agudos o seu coração. De longe via a sombra, que caminhava em sua direção, as luzes da rua refletiam sua sombra até perto dele, era alto (não) ? Era homem. Sentio um frio percorrer seu corpo. Medo. Agia corretamente, ir até ali? ou afastar-se? Era mais seguro. Continuou, o medo em perspectiva o fascinava, precisava sentir a adrenalina. O estranho foi se aproximando, aproximando, aproximando, demorou pouco para que sentisse o cuidado do olhar alheio atravessando todo o seu corpo. Os dois se cruzaram no pouco espaço da rua vazia. Continuaram sem olhar para trás, e mais uma vez, deixou a oportunidade de deixar de estar sozinho na chuva ir embora. Era seu mundo. A solidão do todo úmido naquela noite.

Será que eles se encontram novamente? Acompanhem mais postagens.

segunda-feira, 28 de março de 2016

O saudoso



Saudosos os olhares da redoma. Os olhos expostos no meio da noite. Acalentados por um abraço, um obrigado, um olhar que se enche de lágrimas. O irmão que morreu na guerra urbana, expressado em meus braços. Os beijos não esquecidos, a memória que se faz importante. Todos unidos pelo amor. Expressos em tinta e corpo. Em sentimentos concretizados na ponta dos dedos. Todos os egoístas abriram seus corações e tripas sentimentais. Lá vem Drummond se metendo no meu poema de novo. Os desiludidos despedaçados com tiros no peito. Todos unidos pelo amor. E lá vem, os eróticos, as várias imagens de caralhos e bocetas. Mentais. Cujos nomes expressados no peito, nos mamilos, no abdômem, na coluna vertebral. Sustentação. Ele tatuava em si mesmo, a saudade dos outros, para lembrar que o amor não pode morrer. Todos ali, estavam unidos pelo amor. Somos um só povo, uma só gente, com um coração, que ainda perdido, ainda romântico.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Transcendente sonho

Muito bem, agora estão sonhando comigo. “os desiludidos do amor”, e eu que sou um deles... estamos morrendo, desfechando tiros nos nossos próprios peitos. Salve Getúlio, corajoso e grande desiludido. Apesar de parecer alegre, não é bom sonharem comigo. Não está aqui, no plano real. Platão era um grande sonhador, e nunca saiu do plano das ideias: ficou preso lá, é um inferno, uma realidade paralela. Divido comigo mesmo os meus anseios por um amor tão perto e tão distante. Distante por opção. Perto porque é possível, realizável amor. Muito bem, agora estão sonhando comigo. Ouço “só se for a dois” e peço que os sonhos se tornem reais. Deixa eu inventar algo fora da mente? Estão? Sonhando comigo? Isso é bom, refaz o meu ego, o meu plano sentimental, ressurjo no espírito, em crenças e divindades eu apareço, chamo-te a um paraíso diferente... Um paraíso, carne e prazer, olhos serenos, as águas mornas que correm pelo nosso corpo, a volta de tudo, e nos acalentam. Os seus pelos e os meus lábios, em sintonia. Musicamos juntos “tantas histórias de um grande amor perdido, terras perdidas precipícios”. E voando juntos, levados pela água de Yemanjá, e por anjos, ao altar, onde Cristo nos espera, e filhos e querubins, e outros lindos amores, sentados em praças floridas. Meu sonho é assim com você, e só poderia ser. Porque o amor é transcendente, e porque eu te amo, sem ter você. Muito bem, agora estão sonhando comigo. Sonhe, mas não me deixe no vazio das esperanças mundanas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Vila Cultural Cemitério de Automóveis promove Sarau em Homenagem a Paulo Leminski


A Vila Cultural Cemitério de Automóveis, em sua próxima edição do tradicional Sarau Prosa, Poesia e Outras Delícias, homenageará Paulo Leminski, poeta paranaense que utiliza em suas poesias elementos do cotidiano do brasileiro para criticar o modo de vida do capitalismo selvagem, assim como as críticas da arte pop que incluiam elementos de mídia nas obras artísticas, Paulo conseguiu tornar-se popular e bater records de venda com um livro de poemas no começo dessa década. Para dialogar com o autor, o sarau contará com a apresentação de um trecho da peça "Intrincados" de Leandro Benevides, por Otávio Pelisson. Com os djs SAVAGE e ABYNER LIDUINO, e com exposições de Alexs Tcho, Amanda Damásio (Cronista talentosíssima da região de Londrina) e ainda uma instalação surreal de Yashiro Imazu, além das leituras de Leminski por Christine Vianna e Mario Fragoso. A Vila Cultural fica na Rua João Pessoa nº103, próximo ao Pastel do Fernando. O Sarau acontece dia 23, próximo sábado, a partir das 20h.

Link do evento.

https://www.facebook.com/events/485076875027776/