segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Dos teus beijos os meus

Posso dizer seguramente que de todos os seus beijos, os meus eram os únicos. na janela brotava o sol às cinco ou seis da manhã. E do sol vinham lembranças. A noite toda estava acordado. Ele dormia ao meu lado ainda, e com medo de me acordar me mexia pouco. Pensava no cheiro do café. Previa esboços do pão quente, da manteiga fritando. Por vezes pude sentir o gosto doce da geleia meneando as bochechas. Suspirava inquieto e triste. Imaginei o que ele sonhava. Eu não estava lá. Nem o campo das ideias. Nem o campo dos morangos. Som que embalava a manhã. Ouvia ao longe. Campos de morangos para sempre; tão perto ecoava. uma galinha subiu no telhado. Havia desnível entre minha casa e a do vizinho, devido o cair da rua. Truco. Ouvia-se os vizinhos gritando. Gente boa, talvez não tanto... cruel, todos apontam maldades que se nascem no peito.Deixa-se um leve cair de mão. Suspiro. Dos teus beijos os meus. Nenhum por vontade própria. Coração partia ao meio. A lágrima viria. "Bicha devia nascer sem coração" tinha esse escritor que eu gosto. Desistia. Faria o café, o bolo. Arrumaria a mesa, daria-lhe o beijo? Desistia de pedir atenção. Carinho. Ele faria se quisesse, pronto, está decidido. Se não iria embora. Não o preenderia mais. Livre seria para voar, asas e encontros. Corações alados embalavam minhas imaginações. A cidade grande sendo pintada de vermelho, pelos corações que pulsavam sangue no ar, correndo pelos ares com asas em meio a prédios. Sangue nos muros, nas janelas, lavando as pessoas no calçadão central. Mendigos pediam livros. Liam ansiosos por companhia. Eu me preocupava apenas com o café e com seu suspirar. Com o seu beijo e seu olhar. De todos os seus beijos, meus apenas. Miava a gata prenha de muitos filhotes, subia na mesa. Quase derrubando a xícara, o cheiro do café realizado, que eu acabara de levantar sobre passos falsos. O amor ressurgido de mim para mim. Estava decidido. Dos teus beijos os meus. Seriam dados a quem me retribuísse agora, o amor, favor, pavor, langor dos laços afetivos. Despertava. A mão mexia os dedos. As pernas agora desconfortáveis. O corpo empurrava o acordar sonolento. Prezava. Espaço na cama. Os olhos se abriam. Eu observava os sons da cozinha. Ele sorria. O cheiro do café, inalava. Pensou no cuidado. Levantou-se e o barulho da cama impulsionava o ato. Eu ia falar. Os seus olhos encontraram os meus. Diria bom dia? Abaixando a cabeça colocou os braços sobre os meus, que estava de volta a cama. Ombros, beijava-me. Agradecendo, então dos teus beijos, eram todos meus, enganava-me, do amor existente, as memórias que me iludiam.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dentro.

E como desfilam os corpos pelos parque. Parece um catálogo de possibilidades. Imaginava quando chegaria a sua vez, sentado a beira do lago. Passava todo o dia vendo os homens... casar, trocar alianças, subir no altar, esperava alguns toques. Amores perdidos na grama. E via histórias nos rostos, histórias nos tempos de cada um, na força gravitacional pessoal. Os seus olhos ficam tristes quando veem flores sendo queimadas. Dentro do espírito, produzir aromas. Então os cheiros parecem destroços da morte, do amor. Quase impossível. Quando o céu claro escurece, e as nuvens alvas douram-se, finalmente panapaná surge. Colore a tristeza dos seres, e aumentam esperanças os pequenos animais. As penas no chão, os pássaros e os anjos, em um golpe de vento, miram-se, transformam-se,  fazem-se miragem realizável de um amor conveniente. Ele observa os corpos masculinos que desfilam no parque. Bem vindo. Então ele aparece. Carne. Pelo. Alma. Traz um cachecol vermelho no pescoço. Faz calor. Carinhos de quase amantes. Conhecidos de tempos e vidas. Ele disse que não podia deixar de vir. Falar. Dali continuaram o que aqui acabará. Na poesia da tarde finita. Da noite vindoura e solitária. Das palavras que não passam de sonhos. Da maça rolando pelo gramado até a água.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Não há mais fogo no peito dos homens.

Ultimamente, minha vertente surrealista tem se aprofundado. Fiz esse poema, em homenagem a um homem que contradiz o que o título aponta. Lucas Uehara, amigo de forte índole e grande companheirismo, que amo com o ardor de uma das amizades mais fortes que tive.


Não se encontram mais pássaros de fogo no jardim.
As almas dos homens tem flores exóticas,
faltam chamas, e calor no peito dos homens... e sabor.

Vivenciam o sabor, o beijo dos anjos...

Lute com as suas forças guerreiro:
A luz te aguarda no fim do caminho.

Não é mais preciso dizer que Falo das chamas.
Que sinto um alto teor de...
Que sei que há no peito dos homens, fogo.
Que desse fogo pode só nascer algo mágico e intenso.
Que toques e olhos não suportarão reconhecer.

Não falo das chamas, mas sim... do que há dentro delas.

Sentimentos expandem-se como raios em busca de ópio e absinto.
Buscamos mosteiros perturbados corações.
A saudade corrompe o que há de mais sagrado no toque: esperança.

Há sempre para onde retornar: Sorrisos. Amores. Lutos. Memórias.

Mesmo que se não volte, há para onde retornar. Interior, voltar.
Buscar o melhor dentro do fogo.
Iluminar caminhos perdidos.
Combustível para as flores das almas. Fogo.

Brotam sementes e folhas: órquídeas e gramíneas forram as paredes da carne.
Interligam sensações as veias da alma...
E a chama  inexistente: que não se vê... aquela que não ama...
Na cabeça dos homens, cobrindo a pele.

Por isso: O mundo apodrece.. caem pedaços no vácuo espacial.
Não existem mais pássaros de fogo no jardim.
Iluminam espaços escuros. Predestinações do fim.
Eles que são anjos com cabeças de fogo e chamas interiores.

Fechamos os olhos para ver...
os anjos que nos tocam. E suas asas consoladoras.
Que nos fazem sentir amor,
o fogo, e o calor da exaurida bondade humana.
esperança.

sábado, 18 de julho de 2015

Deseje ou não

Posso pintar as muralhas de sangue
e reanimar o sonho de um novo amor
de um abraço que acalente, coração,
espírito. E deseje ou não.

Há pontos em teu olhar,
universo.
E deseje ou não, quero desvendá-los.

Abrir portas e sonhos, e deixar fluir em ti,
sentimentos de mim partirão para o extremo.

Teu abraço surgirá dos meus sonhos
para os laços e ponto em peles
e pelos e volúpias,

Falo. sobre o beijo e o toque.
e sobre ti que difícil faz amar
E deseje ou não, irei.
Caminhar por pedras, por você, que desejo,
ou não posso, simplesmente deixar isso partir.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sobre o término

Para um escritor, tudo vira poesia. Desde os momentos mais felizes até os momentos mais lamuriosos. Eu devia estar chorando, como qualquer alma sensível. Mas sinto que dessa vez algo está diferente. Nós somos humanos, e sempre estamos despreparados para que coisas boas acabem. O coração pode agora estar despedaçado, destroçado, desesperado, e sim, o exagero faz parte da minha alma; mas a mente está tranquila, e surge dela um pensamento muito recorrente de medo, de frustração. Mas ao mesmo tempo, devemos entender que o término é o próximo começo. Começo da fase de auto-amor, de fazer coisas que agradam a gente, e não ao outro, de fazer coisas que nos são importante e recomeçar. De novo recomeçar, e aprender. Deixar o coração recuperar-se, construir-se de novo, para aprender a amar, e aprender a ser amado.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sensorial

Inesperado momento,
de discursos e blues - corpos retorciam.
Sensorial... som de pernas
fecham esperanças - luzes retorciam
um inesperado momento.

Os corpos fechados,
os olhos cerrados,
os beijos molhados.
Frio - o sentido aponta arrepios
dentro do sentimento.
Sensorial... som de pernas
que tremiam esperanças
de amor.

domingo, 26 de abril de 2015

Inexistente caminho

Sendo as calçadas, motivos...
paralelepípedos mal cruzados
como sonhos adolescentes
são também as ruas, caminhos
para uma felicidade que...

mesmo distante não ousa pensar que existe

no real mundo
sendo as calçadas motivos
paralelepípedos entre flores mal cruzadas
como meus sonhos
são também as ruas
estradas, rios, rotas
de jardins para uma felicidade que

mesmo distante não ousa pensar que existe
no real imaginário mental.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Antonio

De manhã, sorriso.
Perto, abraço, toques,
representações puras
da inocência.

Amor que nasce
no véu da timidez
e percebo, o medo
nos olhos

comprimidos, lábios cerrados,
dentes tintilam a louça,
o café derrama-se na borda,
e a delicadeza

no toque, alimenta
espíritos, almas, corações
amasiados pela emoção
de manhã ressurgir o novo amor.