segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dentro.

E como desfilam os corpos pelos parque. Parece um catálogo de possibilidades. Imaginava quando chegaria a sua vez, sentado a beira do lago. Passava todo o dia vendo os homens... casar, trocar alianças, subir no altar, esperava alguns toques. Amores perdidos na grama. E via histórias nos rostos, histórias nos tempos de cada um, na força gravitacional pessoal. Os seus olhos ficam tristes quando veem flores sendo queimadas. Dentro do espírito, produzir aromas. Então os cheiros parecem destroços da morte, do amor. Quase impossível. Quando o céu claro escurece, e as nuvens alvas douram-se, finalmente panapaná surge. Colore a tristeza dos seres, e aumentam esperanças os pequenos animais. As penas no chão, os pássaros e os anjos, em um golpe de vento, miram-se, transformam-se,  fazem-se miragem realizável de um amor conveniente. Ele observa os corpos masculinos que desfilam no parque. Bem vindo. Então ele aparece. Carne. Pelo. Alma. Traz um cachecol vermelho no pescoço. Faz calor. Carinhos de quase amantes. Conhecidos de tempos e vidas. Ele disse que não podia deixar de vir. Falar. Dali continuaram o que aqui acabará. Na poesia da tarde finita. Da noite vindoura e solitária. Das palavras que não passam de sonhos. Da maça rolando pelo gramado até a água.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Não há mais fogo no peito dos homens.

Ultimamente, minha vertente surrealista tem se aprofundado. Fiz esse poema, em homenagem a um homem que contradiz o que o título aponta. Lucas Uehara, amigo de forte índole e grande companheirismo, que amo com o ardor de uma das amizades mais fortes que tive.


Não se encontram mais pássaros de fogo no jardim.
As almas dos homens tem flores exóticas,
faltam chamas, e calor no peito dos homens... e sabor.

Vivenciam o sabor, o beijo dos anjos...

Lute com as suas forças guerreiro:
A luz te aguarda no fim do caminho.

Não é mais preciso dizer que Falo das chamas.
Que sinto um alto teor de...
Que sei que há no peito dos homens, fogo.
Que desse fogo pode só nascer algo mágico e intenso.
Que toques e olhos não suportarão reconhecer.

Não falo das chamas, mas sim... do que há dentro delas.

Sentimentos expandem-se como raios em busca de ópio e absinto.
Buscamos mosteiros perturbados corações.
A saudade corrompe o que há de mais sagrado no toque: esperança.

Há sempre para onde retornar: Sorrisos. Amores. Lutos. Memórias.

Mesmo que se não volte, há para onde retornar. Interior, voltar.
Buscar o melhor dentro do fogo.
Iluminar caminhos perdidos.
Combustível para as flores das almas. Fogo.

Brotam sementes e folhas: órquídeas e gramíneas forram as paredes da carne.
Interligam sensações as veias da alma...
E a chama  inexistente: que não se vê... aquela que não ama...
Na cabeça dos homens, cobrindo a pele.

Por isso: O mundo apodrece.. caem pedaços no vácuo espacial.
Não existem mais pássaros de fogo no jardim.
Iluminam espaços escuros. Predestinações do fim.
Eles que são anjos com cabeças de fogo e chamas interiores.

Fechamos os olhos para ver...
os anjos que nos tocam. E suas asas consoladoras.
Que nos fazem sentir amor,
o fogo, e o calor da exaurida bondade humana.
esperança.