segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Mortálias

A morte é fria, sonolenta.
Enquanto chora a mãe, grita vitoriosa.
Oh... Bravo! A arte divina.
E canta glórias, para os rostos pálidos.
E sofre a gélida pele da alma.
Podia ser eu! Se ouve aos pés do corpo.
Eu que deveria estar ali. Minha vida sem sentido.
Sem teu amor, guria...
Para o eterno choram. Os namorados sonolentos.
...
Eu tinha quatro amigas... Gritam o interior das menininhas.
E choram desconsoladas.
A morte é fria, sonolenta.
Só não será sonolenta a noite do parente.
Só não será fria, a paixão por quem se foi.
...
Do luto brotam mortálias.
Flores de cheio forte.
Que terão raízes, no solo fecundado, pelos corpos esguios.
Esse perfume nunca apassentará nenhuma mãe
da triste noite em Santa Maria.
A morte é fria, sonolenta.
Carrega as almas de jovens queridos.
Pêsames...



do autor, para as famílias e amigos das vítimas de Santa Maria

sábado, 12 de janeiro de 2013

Caco Ciocler lê carta erótica de James Joyce.

Um video alegórico para o blog.

Com muita emoção, o ator global Caco Ciocler, que por acaso, é um Deus-nos-acuda, está lendo euforicamente uma carta erótica enviada pelo Nobel James Joyce à sua amada. Completamente inspirador, por seu carisma e por sua estimada interpretação, o ator, aplaude com entonações o escritor que toma vida em seus lábios.



A lista




Eu percebi, era hora de preparar uma lista. Uma lista de coisas. Coisas que eu pudesse fazer para deixá-la feliz. Eu percebi. Finalmente hora de entreter meu amor com algumas atividades corriqueiras. Olhar o céu, tomar banho na chuva, agradar a dança, esperar. Era hora de preparar a lista. Então aí vamos: Com você eu quero; Lutar com o vento, dançar na chuva, ouvir Frank Sinatra, aplaudir o pôr-do-sol, apanhar de um macho num bar, que olhou para sua bunda, sonhar acordado, escolher um bom melão no supermercado, olhar seus peitos e sua bunda enquanto você não percebe. Talvez não deva por isso, mas um pouco de pimenta faz bem. Com você eu poderia ir até à lua, viajar por marte, numa astronave qualquer, colher flores de um campo distante enquanto acampamos, tirar sua roupa devagar no meio das flores, cobrir o bico dos seus seios com elas, e comê-las devagar, saboreando a língua nos lábios. Com você eu poderia assistir dez horas de música clássica, subir ao palco e interromper Romeu e Julieta na frente do fantasma de Shakespeare, sair às ruas gritando, viva a vida / viva a vida, deixar-te nua, agarrando-te por trás com minha virilidade entrando em ti, fazendo de nós um único ser. Oh meu amor, não há palavras para descrever minha lista. Mas eu te digo, entre agarros e amores, estou inteiro por você, aqui, longe do mundo, perto de nós.