terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não quero dar título,
nem rotular as especiarias deste homem.
Por isso, um poema sem título
para um grande escorpião de fases.

Se você veio do sol
é um Centauro!
Viril, enérgico!
Alimento para sugadores.
Tem ouro nas veias, e não é de valor.
Mas compreende as inquietudes
da sua condição.

Canta a água gloriosa no céu
Vê nos astros um grande animal
Abençoa a si mesmo em vaidade
Ilumina os olhos de um ser impensável.

Aguenta as dores, a sensibilidade
Apascenta os medos, e se apaixona,
me apaixona, enlouqueça-se,
inspire, os outros.
E veja,
no mais doce lugar, uma flor cativante
banhada em águas flamejantes
no meu espírito de falso pudor

Devo dizer, caro escorpião:
Me leve com você,
para o mais doce e intenso lugar.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Olhar amado - Video Poema


Auto-amor


Amor não há
No mundo maior
Que o auto-amor
Pois nós,
Só seremos eternos
Quando formos um só.
Esse amor de fajutice
Amor de janela aberta
Para que vejam passar
O público
Amor não há
Somos importantes demais
Para que deixemos de lado
Nossas razões, ideologias...
Sonho com o dia que serei todo seu
O que será todo meu
Talvez esse dia chegue
Talvez não
Talvez tudo acabe quando nos vermos
De verdade, em carne e osso
Possa ser o fim...
Sim, e há o auto-amor
Esse que ainda me salva
Se necessário
Ou não
Acho que não...

Momento narrado 1

Puxei seus braços para o vazio, preenchi-me de glória e pudor ao embriagar seu corpo, joguei-me nu em cima de ti, aproximei meu corpo do seu, senti os pelos contra a pele, engoli teu pênis como um sedento busca água no deserto, é difícil narrar, as várias expressões que fez, jogar em seu cacete inúmeras gostas de saliva, e ver-te tremer. Era fácil encorajar as pernas a mexerem-se. Logo estava ali, na podridão do gesto condenado. Embora não sentisse culpa, remorso. Era amor. Você, meu marido doce, seco, louco. Oh quanta paixão em enfiar-me em ti. Peso os braços com os meus. Quero sentir-te único, numa fogosa dança entrelaçada. E estava novamente procurando os pelos. A barba, os beijos, até gozar em mim mesmo, espirrando porra até nos seus cabelos. Era um momento memorável, alegórico. E senti-me apaixonado ainda mais. Feliz, satisfeito, Enfim, seu corpo desejado era meu, até no banho.

Estouro



Tive um ressentimento, um escroto ataque cardíaco, uma mania inconstante de colecionar coisas perdidas, tive uma insanidade temporária, queria matar um, dois, três, quatro, cinco, e seis. Queria amar ao mesmo tempo todos os homens que já tive. Tive uma loucura instantânea, cozinhou meu cérebro em três minutos. Tive um passatempo, o pensamento distante e o ataque cardiovascular. As crianças voaram, e o céu mudou de cor, elas atacaram um vendedor de sorvete, mataram-no, o sangue como cobertura do bolo. Sangue fruta-cor. Nada faz sentido aqui, só uma coisa. Eles se organizaram na rua e dançavam, e cantavam, estava em um musical... Mas aí as imagens travavam, e eu via os homens parados no ar. Tive um ataque respiratório, tive um ataque no estômago, no intestino, era tudo a mesma coisa. Tive um ataque insano, cozinhou em três minutos. Era instantânea a embalagem. Mentiram para mim. Isso não é comida, tive um escroto ataque neurótico. Surtei. Queria comer um, dois, três e até seis, depois de mortos, no necrotério municipal. Acho que eu tive um ataque de morbidez. Pensei ter visto cadáveres em pé, correndo atrás de mim. Caí num rio, e era ouro derretido. Tive um ataque cardiorespiratório. E quando morri, três crianças me viam enquanto tomavam sorvete.