domingo, 17 de fevereiro de 2013

Estouro



Tive um ressentimento, um escroto ataque cardíaco, uma mania inconstante de colecionar coisas perdidas, tive uma insanidade temporária, queria matar um, dois, três, quatro, cinco, e seis. Queria amar ao mesmo tempo todos os homens que já tive. Tive uma loucura instantânea, cozinhou meu cérebro em três minutos. Tive um passatempo, o pensamento distante e o ataque cardiovascular. As crianças voaram, e o céu mudou de cor, elas atacaram um vendedor de sorvete, mataram-no, o sangue como cobertura do bolo. Sangue fruta-cor. Nada faz sentido aqui, só uma coisa. Eles se organizaram na rua e dançavam, e cantavam, estava em um musical... Mas aí as imagens travavam, e eu via os homens parados no ar. Tive um ataque respiratório, tive um ataque no estômago, no intestino, era tudo a mesma coisa. Tive um ataque insano, cozinhou em três minutos. Era instantânea a embalagem. Mentiram para mim. Isso não é comida, tive um escroto ataque neurótico. Surtei. Queria comer um, dois, três e até seis, depois de mortos, no necrotério municipal. Acho que eu tive um ataque de morbidez. Pensei ter visto cadáveres em pé, correndo atrás de mim. Caí num rio, e era ouro derretido. Tive um ataque cardiorespiratório. E quando morri, três crianças me viam enquanto tomavam sorvete.

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