sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

A vaca (Parábola Taoísta)

Havia uma família muito pobre, em uma casa muito humilde. Eles viviam do leite que dava uma vaca adestrada no quintal.

Um dia, dois monges vendo aquela situação, questionaram ao seu mestre como poderia uma família inteira viver naquela situação lastimável, de pobreza e miséria.

O monge não deu nenhuma resposta, apenas disse que todos temos os direitos de fazer as nossas escolas. Em seguida, ordenou a um dos monges que levasse a pequena e magra vaca ao topo de um desfiladeiro e a empurrasse pelo penhasco.

Os monges, incrédulos, não conseguiam aceitar a decisão tão cruel do mestre, e questionando-o novamente não compreenderam a ordem. Assim o fizeram.

Subiu a vaca o monte, junto com os dois monges. Que a empurraram pelo desfiladeiro, matando assim a vaca e condenando a família inteira.

Alguns anos depois, voltaram ao lugar, os monges e o mestre. E perceberam que a mesma família, agora, morava em uma casa de pedra, tinham um jardim bem cuidado e árvores frutíferas no quintal. Haviam ali, galinhas e pombos.

Então, sem saber o que perguntar, questionaram-se interiormente, como é possível. Achei que teriam morrido de fome, ou que não estariam mais aqui. O outro disse que pensou que estivessem se tornado andarilhos, pedindo comida nas ruas.

O mestre, paciente, com um leve sorriso ao rosto, disse: A prisão dessa família não era a pobreza, mas sim o conforto e a segurança.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Saberá identificar o amor

Saberás identificar o amor.
Ele vem como uma onda gigante no mar.
Te empurra e te puxa.
empurra e puxa.
E você está solto na maré, sendo levado
Iemanjá, lá esta ela.
Abençoa santa, mãe.

Saberás identificar o amor.
São pequeninos cavalos marinhos,
dançando tango no oriente
contradizendo tudo o que se estabeleceu
em milênios culturais.

Saberás identificar o amor.
Ele vem enquanto dorme, passa a mão em seus cabelos
contempla os teus lábios e os pequenos pelos sobre a face
acaricia seu rosto, você se incomoda no sonho.
Mexe-se...
Ele te olha nos olhos.
É o amor, de madrugada, existindo.

Saberás identificar o amor.
Puxa teus sonhos para baixo, e os impulsiona para o alto.
O amor vem em família.
O amor vem na bondade e no carinho.
Não existe esse amor na modernidade.
Que individualidade chata.

Saberás identificar o amor.
Enquanto tu espera...
o amor virá. Não deixa passar.
Não deixa ir embora.
identifica.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Púrpura e metal (Traduzido de Luis Ramiro - Tradução de Leandro Benevides).

Hoje a noite vai ficar presa no corpo.
Como estilhaços de metal que irão brilhar para sempre
em nossa memória como
uma luz púrpura
recém lançada.

Nós nunca vamos esquecer

E quando a morte vier
Nós poderemos gritar na cara dela
que uma vez, por um instante,

nós tocamos o céu com a ponta
dos dedos.

Que uma vez

Você e eu,

Contra todo empecilho

Vamos ser eternos.





Versão Original.

Púrpura y metal

Esta noche se nos quedará clavada em e l cuerpo
Como esquirlas de metal y brillará para siempre
Em nuestra memória como
Luz de púrpura
Recién estrenada

No la olvidaremos jamás

Y cuando llegue la muerte
Podremos gritarle a la cara
Que uma vez, por um instante,

Tocamos el cielo com la punta
De los dedos

Que uma vez

Tú y yo,

Contra todo prognóstico,

Fuirmos eternos.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Espetáculo Mazelas




O espetáculo Mazelas trata da vida de um Morador de Rua, e das causas que fizeram ele viver nessa condição, na extrema pobreza, lutando pela liberdade e pela fuga de um mundo doente e triste, individualista e (des)conectado.

O texto é livre, para qualquer Cia de Teatro que queira usá-lo. Basta avisar que ele será encenado, para que possamos registrar. Não é necessário o pagamento de Direitos Autorais para utilização desse texto em Espetáculos teatrais, desde que sejam dados créditos.


Fotos de Edmilson Luiz Perrota









Cena 1

Porra, que frio bicho. Toda dia essa merda, todo dia essa merda. Eu to tão cansado de olhar pro lado e não enxergar nada. Todo mundo passa aqui ó, todo mundo, acho que o mundo inteiro passa aqui, mas nada acontece. Porra, que frio bicho! Aqui é costume já, quando um ganha uma blusa deixa a velha na rua pra outro pegar. Essa gente insensível. Cada dia uma morte diferente, é só isso que é, vem uns poetinha de merda me entregar folheto de poesia. Pô cara, essa porra não enche barriga não... Eu acordei com fome já. Só comi o almoço ontem. É um dia assim, outro também, a gente vive com o que tem, com o que consegue. E não é sempre. Daí, o dia vem, a gente acorda assim. Na rua preso...

Cena 2

O moça, dá uma moedinha aí. O moço, consegue um café aí uma coisa pra eu comer? Eu não vou usar droga não. Não, não vou não... Pode deixar, deus abençoe aí o dia do senhor. A gente é assim, tem que ficar na rua, preso. Não tem onde dormir não. Comer de manhã é privilégio de quando você conhece o dono do boteco do bairro ali, aí tu vai lá de manhã, ele te dá aí um café, um cigarro. Moço, dá um cigarro? É... tem um cigarro aí? Você pode acender pra mim? Obrigado viu...  Quando você pede cigarro não pode falar deus abençoe né? Que daí você tá dizendo pro cara que deus abençoa uma coisa que faz mal né ... Pro resto tem que dizer sabe. Eu tenho uma coisa com deus que é meio engraçada assim. Eu acredito em tudo. Em deus, em oxóssi, em buda, em reencarnação, na coisa ai dos pensamento positivo, que se você vê você sente você tem. Isso um pouco menos né ... ou não, porque eu sinto fome todo dia ... Deus é engraçado sabe, eu gosto de Jesus, mas o problema é que tem muita coisa errada, muita gente que fica falando coisa de jesus que não tem a vê não. A gente fica nessa cara de ouvir essas merda e ficar quieto, porque discutir com essa gente não adianta entendeu? Você quer provar que o cara só falou de amor, mas eles não tão nem aí, amor é na conta do banco só. Essa gente aí não tem amor por ninguém não, acho que nem por eles mesmos. Coitado do jesus cara, se voltasse hoje, ia ser a mesma coisa, defender puta, bandido e viado.

Solte barrabás
é vagabundo não gosta de trabalhar
Solte barrabás
Tem que matar pra resolver isso
Solte barrabás
Atearam fogo num mendigo lá em são paulo
Solte barrabás
Ahn porque tá na rua porque quer
Solte barrabás


Quando na verdade jesus só falou duas coisas, e tudo que ele dizia era isso, fica na tua e ama os outros mano.

Cena 3

A verdade é que essa história de jesus aí, de deus nunca ajuda nada não... sabe, eu faço deus abençoe porque se eu não falar o povo me chama de mal agradecido ainda. Putz cara, minha perna ta doendo hoje... Eu cortei ontem tive que fugir duns policia aí. Os cara queria levar meus pano ....  Porra, você me machucou, você me machucou, você me machucou, dá licença, relaxa o caralho, vai toma no rabo, sai, sai, aio, [choro], vai leva meus negócio tudo, num leva meus bagulho não porra, num leva meus baguio não caramba, num tenho nada porra, me solta, por favor, ali tem roupa de frio, por favor, não leva meus baguio não, me solta. Os cara queria levar meus pano .... aí cortou, mas normalmente sara sozinho né... eu dei uma lavada só Essa porra tá infeccionada. Agora fodeu. Tem que ir no posto ali. Mas aí  já viu o jeito que os cara trata a gente né. Na base do soco.

Fecha-se o palco. O vídeo completa parte da cena. Voltamos ao palco, já com uma garrafa na mão.

Cena 4

Hoje eu estive no passado...

O vídeo volta no tempo, e mostra a juventude.

TRANSE

No entanto o dia some,
e risos e abraços...
e a luz em minha alma.

Desaparecem os sóis;
um deles era a avó que me cuidou
e o outro era o calor,
que um dia tomou meu coração.
E dele veio a amargura da paixão.
E um gélido lunar me invade,
me inunda, em peixes e polvos e tentáculos
de esperança.

Se hoje o dia some
deixando para trás escuridão e dor,
há apenas o tempo a caminhar
por estradas longas de esperança.

Se até a volúpia falta,
falta também o sonho de um dia novo.
De sóis e calor...
De novos amores e menos solidão
a fazer espaço em meu peito
esperança, companhia e vastidão


Cena 5


E aí? Como estão os pedaços disso tudo? Eu não posso amar ninguém não. Fico aqui preso na rua. Eu escolhi isso. Eu não aguentava mais aquilo. Era ser maltratado o dia todo, pelo menos aqui ninguém me nota, ninguém me vê... Eu to cansado, mas não tanto, dá pra continuar ainda. Desde que eu falei pra eles que eu gostava de homens, o mundo virou de cabeça pra baixo .. acabei decidindo morar na rua. Mas é um tanto quanto difícil a vida. Ainda é melhor do que ser humilhado todo dia. Eu to muito cansado de tanta hipocrisia. Tipo, hipocrisia mesmo ... é difícil ... Eu vejo que as pessoas estão se distanciando, mas ao mesmo tempo conectadas. Elas se mostram diferentes... Tá todo mundo violento. Eu quero ir embora na verdade.  Eu acho mesmo que eu quero é trabalhar no campo, ficar lá numa casinha qualquer. Cuidar do que planto pra comer...

TRANSE

Talvez o amor não exista, talvez a simples menção ao amor eterno, a conjuração de uma sociedade que ama e convive pacificamente, a transformação do corpo e da alma em algo bom. Talvez tudo isso não exista. Talvez não exista o bom, o deus, o anjo, o sonho. Talvez, eu esteja sempre despreparado, sempre sozinho, sempre triste e preso em lamúrias de expressão e dor. Talvez eu apenas queira ver um olhar sorridente, mas é pedir muito. Talvez eu apenas queira ver um beijo nascendo do alto de meu semblante, que se formaria contente, e que deixaria escapar um sorriso verdadeiro pela primeira vez. Talvez eu queira apenas algo simples, e desejoso. Talvez eu pense melhor em ser o mais perfeito e tenro companheiro que alguém possa querer. Mas aí vem o Talvez e joga tudo pro alto, e abandona aos olhos do destino algo que talvez nunca acontecerá levando inclusive consigo as esperanças de um mundo melhor. E aí eu digo: Talvez o amor não exista. Talvez é uma quase certeza, talvez que se forma esperançoso, porque eu não quero destituir-me de vez. Talvez sinta o que emana das pessoas, e veja também dentro delas esse desespero angustiado, e talvez eu apenas sonhe em ser uma pessoa realmente melhor, e talvez eu queira me doar aos outros para me sentir menos pior. Talvez eu beije o meu próprio corpo na busca de carinho, talvez eu siga o caminho escuro, talvez eu afronte todo mundo, talvez eu peça desilusão, desrespeito, desamor. Talvez eu apenas queira um abraço. O seu abraço, o seu sorriso, o seu respeito. Talvez eu peça para não me abandonar, mas esse talvez já foi. Você me abandonou, todo mundo me abandonou, e eu não queria me abandonar, mas talvez eu faça. Porque talvez tudo que eu sempre desejei foi ser desejado. E de talvez em talvez isso nunca aconteceu, e eu continuo aqui, pensando e pensando e chorando e refletindo, que talvez, mas só, talvez. Diante de todo esse mundo desesperado e triste e amargurado e violento e egoísta, diante dessas pessoas que agora estão aqui abandonadas me ouvindo, me lendo, me vendo, talvez essas pessoas que nesse único momento estejam sentindo algo, porque quando esse texto acabar, o talvez acabará e ela-ele, voltará ao seu egoísmo. Porque talvez essa pessoa seja o próprio amor desalmado, o próprio cupido criado pelo demônio. O próprio demônio? Talvez? Quem sabe? cade deus agora? Talvez, ele não exista. E se deus é amor, bem. Talvez, só talvez... talvez o amor não exista.


Cena 6


Apareceu esses dias um cara, um patrão aí. Um cara bom até. Ele pediu meu nome pra me chamar pra ir morar numa chácara dele. Ser um caseiro ... eu cuido lá, e ele me dá essa casa de graça. Eu só vou ganhar salário pra comer mesmo, mas não vou precisar pagar conta nenhuma sabe... Tipo caseiro assim... Eu só vou ter que ficar lá. É melhor que muito escravo por aí que ganha pra comer e trabalha que nem condenado a semana inteira, contando os dias pra chegar a sexta feira, como se não fosse se foder no sábado e no domingo também. Porque pobre só se fode. É quase crime ser pobre, mas é um crime obrigatório, porque é crime e condição. A gente enche o saco. Acorda minha gente. Vocês já moram na rua, vocês só não sabem ainda. É dor, é racismo, é homofobia, é desigualdade, é fome, é miséria, é corrupção, é violência, é roubo, é morte, é tortura, é prostituta sendo espancada, é gente que precisa de remédio e num tem, é morte, é tristeza, é depressão, é luto, é essa gente toda, escrava da liberdade.

Eu fico preso aqui, na rua. Junto com vocês.
A gente fica assim, na rua preso
A gente fica assim, na rua preso
A gente fica assim, na rua preso
A gente fica assim, na rua preso
...                                                                                                          

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Para o tempo

No entanto o dia some,
e risos e abraços...
e a luz em minha alma.

Desaparecem os sóis;
um deles era a avó que me cuidou
e o outro era o calor,
que um dia tomou meu coração.
E dele veio a amargura da paixão.
E um gélido lunar me invade,
me inunda, em peixes e polvos e tentáculos
de esperança.

Se hoje o dia some
deixando para trás escuridão e dor,
há apenas o tempo a caminhar
por estradas longas de esperança.

Se até a volúpia falta,
falta também o sonho de um dia novo.
De sóis e calor...
De novos amores e menos solidão
a fazer espaço em meu peito
esperança, companhia e vastidão

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Sobre um presidiário e um professor de carceragem - A volta para casa.

Para ler a parte 1: Clique aqui



_ Então, chegou o dia ... que bom ver você.
_ Não achei que você viesse não...
_ Eu disse, você combinou com outra pessoa?
_ Você ficou tão surpreso quando eu te contei, que não imaginei.
_ Bom, entra no carro que eu não posso ficar muito aqui, eu disse que estava doente para faltar hoje.
_ Beleza, vamos lá prof.
_ Ahn, já pode parar, não sou seu professor mais. Agora é Miguel.
_ Então M.I.G.U.E.L, Beleza...
_ Vou te levar em casa ok? eu comprei umas roupas pra você, espero que não se importe.
_ Não precisava mesmo comprar nada... Eu tenho uns amigos que podiam me ajudar.
_ Amigos, amigos sempre cobram sabe... Eu não. Eu faço muita coisa de graça pra muita gente, não é só pra você, relaxa.
_ Bom, eu agradeço, porque de verdade, eu só tenho essa roupa com cheiro de pó e cadeia.
_ Você vai ficar lindão, mais lindão.
_ Eu vou ficar mal acostumado.
_`Pois então fique, eu acho é que você vai ficar bem acostumado, a ser bem tratado... Eu sei mais ou menos como foi sua vida até aqui, não te julgo não te culpo, sabe, o sistema é muito pesado. As pessoas são condicionadas, as pessoas se tornam o que não querem se tornar, porque o mundo exige, a sociedade cobra, depois condena, então eu não te culpo.
_ Onde é que você tava?
_ Aqui, dando aula.
_ Não, sério, onde é que você estava? Eu nunca conheci alguém assim.
_ Acho que vem não tem saído com muitas pessoas decentes.
_ Na verdade não saí, você é o primeiro homem por quem eu me deixo sentir algo.
_ Mas você já sentia algo antes por outros meninos.
_ Não, isso é curioso.
_ Eu ainda confirmo meu medo, de que você pode inspirar algo fechado em mim para sempre, e depois partir.
_ Eu acho que o medo faz parte de tudo isso. Mas eu vou fazer você feliz, enquanto durar a eternidade...
_ Eu sempre pensei isso. Cada momento pode ser eterno... é um segundo interminável, mesmo esse. -  Mas eu vou te levar em casa. Como você vai ficar uns dias, eu deixei um quarto pra você, tem umas roupas, uns livros, que eu sei que você gosta. Era minha sala de tv, então, é tudo meio improvisado

(interrompe)

_ Tá tudo ótimo, fica tranquilo, e obrigado por me receber.
_ Então, eu espero que você goste de tudo. Depois que você tomar banho, dormir, descansar, comer bem, depois de tanto tempo. A gente vai dar uma volta? Pode ser?
_ Eu não quero ficar sugando suas energias e nem seu dinheiro.
_ Fique tranquilo, eu tenho outras fontes de renda fora as aulas. E além disso, eu já quero conversar com você. Sei que você quer ter seu emprego, mas eu estou precisando de alguém pra tomar conta de um bar. Eu to querendo começar um projeto novo. E preciso de alguém pra tomar conta de lá pra mim. enquanto isso, se você não se sentir a vontade, você pode ir procurando outro trabalho, mas ali já vai mantendo sua renda. - Não precisa me pagar aluguel, mas isso é pro caso de você querer ter seu espaço, sua casa, suas coisas.
_ Obrigado professor, obrigado mesmo.
_ Miguel.
_ Miguel, desculpa.
_ Sem problemas... estamos chegando... nem eu vejo a hora...
_ Está ansioso?
_ Um pouco, faz tempo que não levo ninguém pra minha casa. Muito tempo até...

liga os som

_ Que isso?
_ Isso? você nunca ouviu?
_ Ah, eu ainda to no Racionais eim
_ Eu gosto, mas não ouço no dia a dia, vou te mostrar tudo que eu ouço, tem blues, jazz, uns clássicos, uns contemporâneos bem bons, Nils Frahm, Sigur Rós eu gosto também, Esse quase ninguém conhece, Ólafur Arnalds, ainda tem os brasileiros.
_ tá, e isso é o que?
_ Isso é o Silva... Eu gosto dele, meu amorzinho platônico. "direi palavras certas de manhã, pra te despertar, pra te amanhecer, nada muda a escolha que eu fiz, do instante que eu vivi, de lá até aqui, o dia certo momento exatidão, batuca o verbo amar, retumba o coração"
_ Legal isso, gostei.
_Todo mundo gosta dele. - chegamos.
_ Eu vi que tava demorando, mas onde estamos?
_ Na chácara, eu moro aqui.
_ Essa chácara da no rio.
_ Aquela ponte ali atrás? Naquele rio?
_ Sim, aquele..
_ Cara, você é rico. Nem, nem sou, isso aqui é trampo demais.
_ A casa ainda tem um monte de coisa pra fazer sabe...
_ Eu acho que to impressionado um pouco...
_ Que isso, aqui é seu lugar também. Pelo menos por enquanto.
_ Cara sua casa? é de vidro?
_ é
_ oou.

ele para, olha tudo a volta, o rio ao fundo, o barulho ou a ausência dele, se ouve uns passáros, o vento da grama, no mato, ele ouve tudo, e o silêncio toma conta dele.

_ Bom, esse é seu quarto! Aqui é o banheiro... Deixei umas toalhas e tem shampoo no banheiro, depois se você quiser outro a gente compra.
_ Eu to bem, uso qualquer um.
_ Okay, eu vou preparar um almoço, toma banho, coloca uma roupa, depois a gente come.
_ Me dá um beijo?
_ sim.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Flores Fragmentadas



I


Porque todos os jardins do mundo não são como os jardins da babilônia. Estão recheados de papoulas e girassóis, são grandes as flores do nosso tempo. Elas crescem com a luz, à luz de um sentimento vivo. Espasmódico. Sentimentos eternos em figurações florais, em perfumes raros, em estímulos corporais, das sensações, o vento no rosto, o beijo, o pelo, e mais. O laço eterno de nossos corações.


II


Os campos os campos. Flores miúdas sobre a relva, em tons pastéis o céu colore o dia frio, frio, mas limpo. Eu corro nu sobre o campo florido, os anjos todos esperam a chegada dos olhos. Sim, todos os anjos estão presentes, asas enormes a dourar sob a luz do sol. Panapaná levanta-se como nuvem sobre os olhos. Reluzentes brilhos sobre nós, do sol, do céu, dos anjos, a abençoar o nosso amor sobre a grama morna.


III


Chove, você espera ansioso a chegada do guarda chuva que eu levo. O Barro sobre os pés não condizem com quem é você, menino urbano. Mas é diferente dessa vez, as violetas levantam o perfume até o seu rosto. Encantam-te as cores rosadas, escuras, tons e tons. Suaves toques no piano vem a sua mente. E ali, sozinho enquanto me espera, leve chuva sobre os ombros, aproveita o tempo sozinho. Pensa, e por todo o pensamento, estamos nós, cobertos por brancos tecidos levados ao vento, estamos nós nos beijando no mais tenro silêncio, do barulho da chuva e do cheiro das flores molhadas.


IV


Não há mais campos e girassóis. O desertou surge com toda a força. Estávamos juntos, o lírio secou. A água se esvai. A única flor que vemos, está presa em um cacto. No meio do deserto estamos sós. Ainda assim. O que é o deserto, se teremos todos os paraísos para sempre? Um Gênio nos toca e o fundo do mar é uma visão espetacular de todos os amores do mundo, num céu submerso.


V


Correm os carros na cidade grande. O barulho extremo procura calmaria. Quer invadir os sonhos dos homens perdidos. E eu aqui, refúgio e cidadela para você. Podem cair mil homens a tua esquerda e dez mil a tua direita, mas eu ficarei do seu lado, na urbe do nosso tempo. E ainda assim, procurarei na loucura dos dias, copos de leite, lírios, crisântemos, margaridas, e serão poucas para agradar o seu amor por mim, no cinza dos nossos dias.



VI



Devoram-me as carnívoras flores da floresta. Somente as flores sentem a valorização de minha carne. Você me deitou sobre as flores da relva. Ali antes deserto, agora a imagem de Chernobyl, não há pássaros, nem insetos, animal nenhum habita. Apenas eu e você, enclausurados na mata. Com os olhos dilatados, aquela flor que fumamos. Rimos. A fumaça era rósea, depois disso, só as fantásticas criaturas da mitologia que nos cercava. Sátiros fizeram fila para lhe deixarem raras rosas de uma pétala só. Lótus dourados sob o sol do oriente. O último deles, nos deu um anel que nos permitia voltar para casa onde te abracei eternamente.


VII


Lembro-me da flor. Azaléias em jardins de doces avós. Gramados extensos e tiriricas, o chão macio. Ao lado, ela abençoa nosso amor. Me vê feliz entre tanto carinho. Sinto-a em suas mãos. A única mulher que já amei. Há um pouco de memória em ti. Esse sonhar alturas. Imagino se não foi ela que os juntou. Os soldados de brinquedo espalhados embaixo dos arbustos do jardim da avó. Ali desenhei nosso destino, aos olhos dela, minha santa eterna. Sob o perfume de azaleias. Eis que as flores dos nossos dias ainda desbrocharão.


VIII


Ele vem com a bicicleta rangendo. Litros de leite parados no cesto a frente. Leite e pão. As galinhas e porcos e os pintinhos e os cachorros latem no quintal enorme. Estamos sós, atrás de nós apenas os desafiadores peixes do lago. Casa, choupana, chalé, enfim, aconchegante espaço onde nos entrelaçamos. As flores d'água que ali residem soltam bolhas abaixo do nível do rio. Existimos apenas, enquanto leio poemas a ti. Deixo as violetas presas no vaso, sob o aroma da sétima garrafa de vinho que bebemos no frio do lago, no quente dos nossos corpos, enquanto Jarret dedilha lentamente algo entre a calma e a loucura.


IX


Há algo de lascivo no ar. O cheiro de sexo preso no ambiente não pode sair. É a consumação da memória de que somos felizes. Guardemos isso, sob as nossas narinas. O perfume do falo e das camélias se misturam. Estamos sós, presos e libertos, renovando tudo a nossa volta. Abriremos as cortinas para ver o sol, sairemos de mãos dadas a procura de novas essências e sabores, consumados em barris envelhecidos de carvalho. Sob essa redoma, minha e tua mão cruzadas, sob os outros cálices de conhaque aquecendo o peito. Há algo de lascivo no ar. O Cheiro de sexo preso no ambiente, não pode sair de nosso entorno.


X


Foram muitas dores, meu amor. Foram muitas dores, muitos pesares, muitos pêsames, foram muitas pedras no meio do caminho. Não podemos esquecer das flores que nos cercaram; agora perpetuam-se as rosas, os girassóis, os copos de leite em nosso quintal. Podemos ver as libélulas atravessando o mar florido. Sentados na varanda. Os pratos azuis com morangos em nossos colos. Açúcar. Você me deixa prender seus lábios. A volta anjos batem asas, ventam os seus cabelos, os pelos. Como é lindo te olhar ali. Frágil e feliz. O cravo que eu seguro é seu, e eu falo em bolos e casamentos, em espelhos e luares, em vinhos e frutas, aos quais amo, quando presos à sua essência.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Sons

Passos passos passos
sonorizam as ruas
os paralelepípedos nas calçadas
os prédios antigos enormes
passos passos passos
espaços da alma
sonorizam as cores
as estradas de ferro
dentro do coração
aqui.

domingo, 7 de maio de 2017

A subjetividade do encontro

Criaram flores os nossos pensamentos, espasmódicas flores. Nuvens sépias e douradas pelo sol das 5. Encontramos refúgio nesse libertar. Panapaná colore e movimenta a beleza desse dia. Estava lá você parado, acenando os compridos braços para mim. Me viu a primeira vez. Nosso colorir pensamentos se cruzaram entre poemas e sons, os seus dedilhados no piano e as minhas metáforas mentais. (desculpe pelo cigarro!) O poeta nunca reclama de nuvens que se criam sobre nossos corações. Beijos e carinhos fazem florescer caminhos de mais de 340 kilômetros. Números cabalísticos da perfeição formam o tríduo do nosso aniversário. E eu te vejo perfeito, mais perfeito, mais perfeito sob meus dias, a me atuar neurores. A me confortar beijos amados. Criaram flores os nossos pensamentos, espasmódicas flores. Nuvens sépias e douradas abençoarão as nossas vidas. 

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Riachos e pontes na casa vazia

É uma casa completamente vazia,
sua voz propaga madeira e véu.
Translúcido véu sob nossos olhos.

Nós dois na escada da casa.
O sótão ecoa pelo ar, 
poeira não há, é tudo um vazio
sentimental... olhamos nos olhos
um e outro, dois
livres pássaros a sentir a água sob os pés,
voos rasos criam laços.

Pontes e Pedras
Formam estreitos caminhos
dos rios desses laços
que correm espaços entre os corações.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Nem todos os amores são flores, alguns são cactos.

É como percorrer o deserto!
O amor é como percorrer
o deserto numa tempestade de areia.

Luta-se, espera-se. De virtudes
ninguém sobrevive sozinho no deserto;
nem os canibais
nem os sonhadores.

Não há pés no chão no deserto,
o chão é incerto,
pode-se mover, pode-se ventar, cegar
areia nos olhos,

Os oasis são os desejos, a água,
mas no deserto lágrimas,
apenas o medo, de ser só meu,
o desejo de chegar ao mundo.

domingo, 5 de março de 2017

Marejados os olhos

Seus olhos marejaram
era mais que a dor - uma miscigenação
feelings - sentimentos - saudades
eram tantos acenos na memória
detalhes de mãos - rugas
unhas - fechava os dedos como um gato
quando ronrona e recebe carícias
eram espasmos...

Seus olhos Marejaram
asas abertas de tantos espaços - contrito

esperanças - marejados
os beijos que queria
a solidão que sofria
embora, por tudo sorria
quando só, seus olhos marejados.

Veja: tão belo...
Anjos cuidavam dos dias.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Dedicado à Jazão

Havia um homem na rua, era um carteiro.
Um carteiro diferente do normal, ele comia pouco bebia muito e cheirava mal
Era um odor peculiar aos olhos da criatura que chamam de Ceifador.
Era um carteiro homicida. Ele tremelicava os dedos antes de dispensar as cartas.
As pessoas não gostavam dele, nem da sua aparência, raquítica e fina, esguia e pequena.
As pessoas não gostavam dele, mas ele não precisava disso.
Era um justiceiro injustiçado.
Não se via como herói, nem como bandido.
Era essa sua função, carteiro juiz. Carteiro magistrado.
Ele julgava as cartas que lia antes de entregar, e entre 
confissões de assassinato
roubos de heranças
golpes
casamentos obrigados
amores roubados
traições
ilusões
ele agia. Não gostava de mentiras. 
Entrava na casa da pessoa como quem não consegue entregar a carta na caixa de correio.
Ele dizia: Está emperrada! Pegue por favor. 
A pessoa abria a porta.
Ele sacava vagarosamente, uma seringa, e enfiava com violência como um ninja dos gibis no pescoço da pessoa.
Era um carteiro juíz. Um juíz amarelo, Da cor do sol, Radiante como a luz no fim do túnel. No fim.
Ele deixava o corpo morto em casa, e se havia parentes matava todos, envenenava toda a comida da casa, e sumia com a pessoa morta. Um a um, desapareciam todos. Ninguém sentia falta de ninguém, 
quando os parentes procuravam já era tarde.
A casa vazia, o silêncio. 
Radiante.
O carteiro Juíz. Sumia, nunca mais aparecia, Pedia transferência do setor, Mudava o rosto, o corte de cabelo. A cada morte, era mais esguio, magro, raquítico como no próprio semblante da morte.
O carteiro Juíz amarelo, radiante como o sol.
Queimando as flores de onde passava e as asas dos anjos com sua ira e raiva.
O grande antiherói justiceiro da cidade de Poucospassos.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Respiram assim os pulmões da modernidade

Já é dificil, agora, acreditar, enamorar, consentir um empobrecimento do próprio ego em função do outro: o que se pode chamar em termos culturais de amor. Talvez que pensem em exatos espaços todos outros tantos apaixonados por tão poucos - adolescentes; Inspiradores o são, nos vemos eternos e somos. Quem, dirá não? É tão brusco o pensamento - tão rútilo pedra - duro. Não penso que ... que... que posso mudar o destino - penso apenas, e já sem acreditar na sociedade tão bela dinheiro, fome e miséria sem fé, eu digo: amem-me, pois preciso. Voltar a acreditar no amor no apaixonar. Oras, que esse amor não correspondido é uma merda, uma grande poça de merda, uma merda enorme, incrustada nas paredes do coração, e fedorenta, líquida e espessa, correndo nas minhas veias e tuas nossas todas. Tantos espaços tantos outros para tanto nada tanto vazio, que voltem espadas, a dilacerar meu peito em novos e findos amores. Que é melhor muitos que nada!

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Prelúdios.

Em Agosto, e em Novembro no Londrix, encenamos o monólogo prelúdios.
Disponível no link: 

Eis um trecho:

Permiti voltar aos sonhos, sorrisos consomem imaginações, sóis e luas plurais aglomeram-se no céu, enquanto cores se misturam numa palheta, dessa vertigem, dessa observação, de você no céu, dançando com brilhos e girassóis. Pássaros de fogo cruzam um oasis azul e quando desço os olhos pela paisagem, trombo olhares com seus mundos oculares, sorrisos que saboreiam estranhos e improváveis  encontram-me novamente, boca com boca, pele com pele, e a barba me fazendo cócegas. Masturbo-me voando nas costas de um cupido, em meio às luas, e aos pássaros outrora descritos, chuva de vinho e sêmen cobrem meu corpo nu.





sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Sobre o transformar-se - poema e prosa

Olha, eu to lendo livro novo, de poemas, do Caio, isso mesmo. Do Caio, lembra quando o mendigo perguntou o que eu estava lendo e eu mostrei com toda pretensão o Triângulo das Águas, e então ele perguntou: Você gosta desse Gaúcho? E eu dei o livro de presente para ele, porque eu não sabia que o Caio era Gaúcho, achava que era Curitibano, como o Dalton, ou o ... esqueci o nome dele... meu deus, qual era mesmo?

Então ele me olha e sorri – em meio aos nervos de minhas descrições ele sorri calmamente, abrindo os lábios em câmera lenta. E me vêm a mente.

Seus são os olhos curtos cerrados.
Dos espasmos entrecortados,
dos castanhos mares em que mergulho.

Teus beijos são únicos molhados,
espero espaços naufragados
em poesias do frio de julho.

Teu amor, como em animais enjaulados
encontrou meu coração tentaculado.

E agora, limpou minha alma
O que era barulho agora é calma
O que era entulho agora é lassa limpeza
Era pedregulho, agora é jardim, é beleza.

sábado, 19 de novembro de 2016

Sobre um presidiário e um professor de carceragem - O Começo.



_ Eu preciso falar com você.
_ Claro, senta aí... O que é?
_ Você é o melhor professor que a gente tem aqui...
_ Só porque eu não desisti de vocês? Lembra quando vocês disseram? "Vamos ver até onde você aguenta"? Eu não tenho medo de aluno não, e por mais que você estejam aqui, não tem porque temer, sabe, vocês precisam de novas oportunidades pra melhorar, sairem daqui e construir de novo uma vida, ter direito a liberdade, trabalhar, casar, ter filhos, viver como qualquer pessoa, preocupando-se apenas com a sua felicidade.
_ É por isso que eu to aqui
_ Você sai semana que vem né?
_ Sim, e eu preciso falar com você, porque eu esperei demais.
_ Bom, diga.
_ Eu estou apaixonado por você.
_ Você está brincando comigo? Você gosta de mulheres não é?
_ Sim, eu gostava até pouco tempo, mas desde que você entrou na vida da gente, quando você trouxe aqueles livros, o Amancio pra tocar com a gente, e falou que a vida podia ser diferente, eu acreditei.... Quando você trouxe aqueles filmes, a gente foi percebendo que a vida pode ser diferente saca? Não quero mais me envolver com nada errado.
_ Eu só quero cumprir meu papel aqui, você não precisa dizer que está apaixonado por mim, por causa disso.
_ Sim, mas é verdade, eu realmente estou apaixonado por você... eu sei, você nunca me beijou, nunca fiz nada, nem abraçar você eu abracei. - (interrompendo)
_ Olha cara, não me leve a mal, você é muito bonito, mesmo, eu não tenho nenhum problema em ficar com você, em me apaixonar por você também, mas isso é novo, e me vem umas coisas à mente agora. Tipo, quando você sair, você disse que não tem família né? Então, eu fico pensando se você está precisando de um lugar pra ficar e por isso tá falando isso. Porque eu posso ajudar você se você precisar de ajuda. Não precis
_ Para! - Eu não quero nada de você.
_ Bom, então, como isso é possível?
_ Eu comecei a gostar de você, a sonhar com a gente junto, a pensar na gente de mãos dadas, em casa, vendo filme no domingo a tarde no frio, abraçados, e mesmo o sexo, que antes eu só sentia por mulher, agora eu estou sentindo isso por você também.
_ E o que você pretende fazer a respeito disso?
_ Você não quer ficar comigo?
_ Como eu disse, eu não posso ficar com você aqui, eu trabalho aqui, não podemos ficar juntos, na semana que vem, quando você sair a gente pode conversar, porque eu nunca escondi de vocês que sou gay, mas eu não posso mentir... Apesar de tudo que eu fiz pra mudar a vida de vocês tenho um pouco de receio porque a gente não se conhece, faz 5 meses que eu to trabalhando aqui, com essas aulas, e ajudando vocês a escreverem e a lerem melhor pra conseguir melhores trabalhos. O Governo me paga pra dar aula pra vocês e ser mais do que professor. Cadeia não serve pra prender, serve pra restaurar, então eu to cumprindo meu papel, não queria que ninguém se apaixonasse por mim, mas to feliz que aconteceu, e confuso, e você é realmente muito bonito, e eu estou com vontade sim de te dar um beijo agora, mas isso é tão complicado saca.
_ Não é complicado, eu vou demorar pouco tempo pra começar a trabalhar, eu tenho onde ficar agora, um amigo pode me ajudar, eu só vim aqui falar porque achei que teria uma chance com você, não pensei que você não fosse gostar.
_ Quem disse que eu não gostei? Eu estou adorando você falar isso! Vamos fazer assim, hoje é terça, segunda você vai embora, eu vou pedir dispensa nesse dia, vou dizer que não estou bem, eu virei te buscar na saída, você vai pra casa, toma um banho, dorme e descansa de tudo isso que está acontecendo, depois a gente pensa com calma em tudo, e você decide se lá fora você ainda vai querer ficar comigo, porque eu tenho medo de ser abandonado de novo, ser trocado por uma mulher, já que aqui você não tem ninguém, mas você é tão bonito, lá fora você vai encontrar outras pessoas e isso vai ser diferente.
_ É você que eu quero.
_ Sim, tudo bem, eu to te dando essa oportunidade, e a gente conversa com mais calma, e aí se você quiser me dar um beijo, você me dá, eu aceito esses olhos castanhos lindos me encarando.
_ Beleza professor, amanhã a gente se vê na aula então.
_ Ok, você terminou o livro já?
_ Faz tempo.
_ Amanha a gente termina o trabalho com ele então.
_ Não vai me dar um abraço? Eu tenho que voltar pra cela.
_ Claro, vem cá;

E esse foi o abraço mais quente da história.

domingo, 11 de setembro de 2016

Entre anjos e flores - Venda


Envie um email para leandropbenevides@hotmail.com

Coloque no assunto: "VENDA ENTRE ANJOS"


Valor: 20,00



 


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Inóspita, a chuva. (Parte II)

Costume ruim de sair a noite na chuva, buscando inóspitas lembranças. Sentia algo bom quando ouvia as gotas na calçada, as folhas molhadas crepitando, o barulho do vento e a cidade vazia. Cada automóvel que passava pela rua poderia ser mais, poderia ser apenas o som das rodas colando no aslfato molhado. As sensações entre o silêncio e os ruídos noturnos aliviam o espírito, colocam a alma imersa na paz de anjos. repetia esse rito quando chovia. De longe via a sombra que caminhava em sua direção, a cena se repetia, as luzes da rua relfetiam sua sombra até perto dele, já sabia que era mais alto que ele, que era homem. Sentiu novamente um frio percorrer seu corpo. Por causa da luz se olharam nos olhos. Os dele eram todos azuis claros. E os seus castanhos e escuros, desapareciam na penumbra. Os dois se cruzaram no pouco espaço da rua vazia. Olhando um para o outro, e quando se passaram ao lado, olharam para trás buscando respostas. O outro sallteou o passo, ele falhava o seu. Desaproximando, desaproximando... Quis parar, voltou-se para trás. O outro parou. Você tem telefone? Você tem nome? Lipe. Lipe de Felipe ou só Lipe? O que você preferir. Então Lipe, tenho sim telefone, anota aí. Era seu mundo. A solidão do todo úmido aquela noite fora deixada para trás.

domingo, 8 de maio de 2016

Inóspita, a chuva. (Parte I)

Era chuva, o céu nublado entre prédios e neblina. Fantasiosa a neblina que surgia profunda no céu espesso. Estava longe de tudo, sentia-se sozinho enquanto caminhava a noite, nas ruas vazias da pequena cidade, quase um vilarejo abandonado entremeio à garoa insistente. O vento frio batia no rosto, a língua transpassava o lábio queimando-o de frio. O expediente acabou assim como o seu ânimo. Batia as mãos na perna exalando o frio e criando um ritmo frenético para seus pensamentos. Cantarolava. Ouvia uma canção escocesa desimportante na mente. Tocava os agudos o seu coração. De longe via a sombra, que caminhava em sua direção, as luzes da rua refletiam sua sombra até perto dele, era alto (não) ? Era homem. Sentio um frio percorrer seu corpo. Medo. Agia corretamente, ir até ali? ou afastar-se? Era mais seguro. Continuou, o medo em perspectiva o fascinava, precisava sentir a adrenalina. O estranho foi se aproximando, aproximando, aproximando, demorou pouco para que sentisse o cuidado do olhar alheio atravessando todo o seu corpo. Os dois se cruzaram no pouco espaço da rua vazia. Continuaram sem olhar para trás, e mais uma vez, deixou a oportunidade de deixar de estar sozinho na chuva ir embora. Era seu mundo. A solidão do todo úmido naquela noite.

Será que eles se encontram novamente? Acompanhem mais postagens.

segunda-feira, 28 de março de 2016

O saudoso



Saudosos os olhares da redoma. Os olhos expostos no meio da noite. Acalentados por um abraço, um obrigado, um olhar que se enche de lágrimas. O irmão que morreu na guerra urbana, expressado em meus braços. Os beijos não esquecidos, a memória que se faz importante. Todos unidos pelo amor. Expressos em tinta e corpo. Em sentimentos concretizados na ponta dos dedos. Todos os egoístas abriram seus corações e tripas sentimentais. Lá vem Drummond se metendo no meu poema de novo. Os desiludidos despedaçados com tiros no peito. Todos unidos pelo amor. E lá vem, os eróticos, as várias imagens de caralhos e bocetas. Mentais. Cujos nomes expressados no peito, nos mamilos, no abdômem, na coluna vertebral. Sustentação. Ele tatuava em si mesmo, a saudade dos outros, para lembrar que o amor não pode morrer. Todos ali, estavam unidos pelo amor. Somos um só povo, uma só gente, com um coração, que ainda perdido, ainda romântico.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Transcendente sonho

Muito bem, agora estão sonhando comigo. “os desiludidos do amor”, e eu que sou um deles... estamos morrendo, desfechando tiros nos nossos próprios peitos. Salve Getúlio, corajoso e grande desiludido. Apesar de parecer alegre, não é bom sonharem comigo. Não está aqui, no plano real. Platão era um grande sonhador, e nunca saiu do plano das ideias: ficou preso lá, é um inferno, uma realidade paralela. Divido comigo mesmo os meus anseios por um amor tão perto e tão distante. Distante por opção. Perto porque é possível, realizável amor. Muito bem, agora estão sonhando comigo. Ouço “só se for a dois” e peço que os sonhos se tornem reais. Deixa eu inventar algo fora da mente? Estão? Sonhando comigo? Isso é bom, refaz o meu ego, o meu plano sentimental, ressurjo no espírito, em crenças e divindades eu apareço, chamo-te a um paraíso diferente... Um paraíso, carne e prazer, olhos serenos, as águas mornas que correm pelo nosso corpo, a volta de tudo, e nos acalentam. Os seus pelos e os meus lábios, em sintonia. Musicamos juntos “tantas histórias de um grande amor perdido, terras perdidas precipícios”. E voando juntos, levados pela água de Yemanjá, e por anjos, ao altar, onde Cristo nos espera, e filhos e querubins, e outros lindos amores, sentados em praças floridas. Meu sonho é assim com você, e só poderia ser. Porque o amor é transcendente, e porque eu te amo, sem ter você. Muito bem, agora estão sonhando comigo. Sonhe, mas não me deixe no vazio das esperanças mundanas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Vila Cultural Cemitério de Automóveis promove Sarau em Homenagem a Paulo Leminski


A Vila Cultural Cemitério de Automóveis, em sua próxima edição do tradicional Sarau Prosa, Poesia e Outras Delícias, homenageará Paulo Leminski, poeta paranaense que utiliza em suas poesias elementos do cotidiano do brasileiro para criticar o modo de vida do capitalismo selvagem, assim como as críticas da arte pop que incluiam elementos de mídia nas obras artísticas, Paulo conseguiu tornar-se popular e bater records de venda com um livro de poemas no começo dessa década. Para dialogar com o autor, o sarau contará com a apresentação de um trecho da peça "Intrincados" de Leandro Benevides, por Otávio Pelisson. Com os djs SAVAGE e ABYNER LIDUINO, e com exposições de Alexs Tcho, Amanda Damásio (Cronista talentosíssima da região de Londrina) e ainda uma instalação surreal de Yashiro Imazu, além das leituras de Leminski por Christine Vianna e Mario Fragoso. A Vila Cultural fica na Rua João Pessoa nº103, próximo ao Pastel do Fernando. O Sarau acontece dia 23, próximo sábado, a partir das 20h.

Link do evento.

https://www.facebook.com/events/485076875027776/

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Dos teus beijos os meus

Posso dizer seguramente que de todos os seus beijos, os meus eram os únicos. na janela brotava o sol às cinco ou seis da manhã. E do sol vinham lembranças. A noite toda estava acordado. Ele dormia ao meu lado ainda, e com medo de me acordar me mexia pouco. Pensava no cheiro do café. Previa esboços do pão quente, da manteiga fritando. Por vezes pude sentir o gosto doce da geleia meneando as bochechas. Suspirava inquieto e triste. Imaginei o que ele sonhava. Eu não estava lá. Nem o campo das ideias. Nem o campo dos morangos. Som que embalava a manhã. Ouvia ao longe. Campos de morangos para sempre; tão perto ecoava. uma galinha subiu no telhado. Havia desnível entre minha casa e a do vizinho, devido o cair da rua. Truco. Ouvia-se os vizinhos gritando. Gente boa, talvez não tanto... cruel, todos apontam maldades que se nascem no peito.Deixa-se um leve cair de mão. Suspiro. Dos teus beijos os meus. Nenhum por vontade própria. Coração partia ao meio. A lágrima viria. "Bicha devia nascer sem coração" tinha esse escritor que eu gosto. Desistia. Faria o café, o bolo. Arrumaria a mesa, daria-lhe o beijo? Desistia de pedir atenção. Carinho. Ele faria se quisesse, pronto, está decidido. Se não iria embora. Não o preenderia mais. Livre seria para voar, asas e encontros. Corações alados embalavam minhas imaginações. A cidade grande sendo pintada de vermelho, pelos corações que pulsavam sangue no ar, correndo pelos ares com asas em meio a prédios. Sangue nos muros, nas janelas, lavando as pessoas no calçadão central. Mendigos pediam livros. Liam ansiosos por companhia. Eu me preocupava apenas com o café e com seu suspirar. Com o seu beijo e seu olhar. De todos os seus beijos, meus apenas. Miava a gata prenha de muitos filhotes, subia na mesa. Quase derrubando a xícara, o cheiro do café realizado, que eu acabara de levantar sobre passos falsos. O amor ressurgido de mim para mim. Estava decidido. Dos teus beijos os meus. Seriam dados a quem me retribuísse agora, o amor, favor, pavor, langor dos laços afetivos. Despertava. A mão mexia os dedos. As pernas agora desconfortáveis. O corpo empurrava o acordar sonolento. Prezava. Espaço na cama. Os olhos se abriam. Eu observava os sons da cozinha. Ele sorria. O cheiro do café, inalava. Pensou no cuidado. Levantou-se e o barulho da cama impulsionava o ato. Eu ia falar. Os seus olhos encontraram os meus. Diria bom dia? Abaixando a cabeça colocou os braços sobre os meus, que estava de volta a cama. Ombros, beijava-me. Agradecendo, então dos teus beijos, eram todos meus, enganava-me, do amor existente, as memórias que me iludiam.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dentro.

E como desfilam os corpos pelos parque. Parece um catálogo de possibilidades. Imaginava quando chegaria a sua vez, sentado a beira do lago. Passava todo o dia vendo os homens... casar, trocar alianças, subir no altar, esperava alguns toques. Amores perdidos na grama. E via histórias nos rostos, histórias nos tempos de cada um, na força gravitacional pessoal. Os seus olhos ficam tristes quando veem flores sendo queimadas. Dentro do espírito, produzir aromas. Então os cheiros parecem destroços da morte, do amor. Quase impossível. Quando o céu claro escurece, e as nuvens alvas douram-se, finalmente panapaná surge. Colore a tristeza dos seres, e aumentam esperanças os pequenos animais. As penas no chão, os pássaros e os anjos, em um golpe de vento, miram-se, transformam-se,  fazem-se miragem realizável de um amor conveniente. Ele observa os corpos masculinos que desfilam no parque. Bem vindo. Então ele aparece. Carne. Pelo. Alma. Traz um cachecol vermelho no pescoço. Faz calor. Carinhos de quase amantes. Conhecidos de tempos e vidas. Ele disse que não podia deixar de vir. Falar. Dali continuaram o que aqui acabará. Na poesia da tarde finita. Da noite vindoura e solitária. Das palavras que não passam de sonhos. Da maça rolando pelo gramado até a água.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Não há mais fogo no peito dos homens.

Ultimamente, minha vertente surrealista tem se aprofundado. Fiz esse poema, em homenagem a um homem que contradiz o que o título aponta. Lucas Uehara, amigo de forte índole e grande companheirismo, que amo com o ardor de uma das amizades mais fortes que tive.


Não se encontram mais pássaros de fogo no jardim.
As almas dos homens tem flores exóticas,
faltam chamas, e calor no peito dos homens... e sabor.

Vivenciam o sabor, o beijo dos anjos...

Lute com as suas forças guerreiro:
A luz te aguarda no fim do caminho.

Não é mais preciso dizer que Falo das chamas.
Que sinto um alto teor de...
Que sei que há no peito dos homens, fogo.
Que desse fogo pode só nascer algo mágico e intenso.
Que toques e olhos não suportarão reconhecer.

Não falo das chamas, mas sim... do que há dentro delas.

Sentimentos expandem-se como raios em busca de ópio e absinto.
Buscamos mosteiros perturbados corações.
A saudade corrompe o que há de mais sagrado no toque: esperança.

Há sempre para onde retornar: Sorrisos. Amores. Lutos. Memórias.

Mesmo que se não volte, há para onde retornar. Interior, voltar.
Buscar o melhor dentro do fogo.
Iluminar caminhos perdidos.
Combustível para as flores das almas. Fogo.

Brotam sementes e folhas: órquídeas e gramíneas forram as paredes da carne.
Interligam sensações as veias da alma...
E a chama  inexistente: que não se vê... aquela que não ama...
Na cabeça dos homens, cobrindo a pele.

Por isso: O mundo apodrece.. caem pedaços no vácuo espacial.
Não existem mais pássaros de fogo no jardim.
Iluminam espaços escuros. Predestinações do fim.
Eles que são anjos com cabeças de fogo e chamas interiores.

Fechamos os olhos para ver...
os anjos que nos tocam. E suas asas consoladoras.
Que nos fazem sentir amor,
o fogo, e o calor da exaurida bondade humana.
esperança.

sábado, 18 de julho de 2015

Deseje ou não

Posso pintar as muralhas de sangue
e reanimar o sonho de um novo amor
de um abraço que acalente, coração,
espírito. E deseje ou não.

Há pontos em teu olhar,
universo.
E deseje ou não, quero desvendá-los.

Abrir portas e sonhos, e deixar fluir em ti,
sentimentos de mim partirão para o extremo.

Teu abraço surgirá dos meus sonhos
para os laços e ponto em peles
e pelos e volúpias,

Falo. sobre o beijo e o toque.
e sobre ti que difícil faz amar
E deseje ou não, irei.
Caminhar por pedras, por você, que desejo,
ou não posso, simplesmente deixar isso partir.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sobre o término

Para um escritor, tudo vira poesia. Desde os momentos mais felizes até os momentos mais lamuriosos. Eu devia estar chorando, como qualquer alma sensível. Mas sinto que dessa vez algo está diferente. Nós somos humanos, e sempre estamos despreparados para que coisas boas acabem. O coração pode agora estar despedaçado, destroçado, desesperado, e sim, o exagero faz parte da minha alma; mas a mente está tranquila, e surge dela um pensamento muito recorrente de medo, de frustração. Mas ao mesmo tempo, devemos entender que o término é o próximo começo. Começo da fase de auto-amor, de fazer coisas que agradam a gente, e não ao outro, de fazer coisas que nos são importante e recomeçar. De novo recomeçar, e aprender. Deixar o coração recuperar-se, construir-se de novo, para aprender a amar, e aprender a ser amado.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sensorial

Inesperado momento,
de discursos e blues - corpos retorciam.
Sensorial... som de pernas
fecham esperanças - luzes retorciam
um inesperado momento.

Os corpos fechados,
os olhos cerrados,
os beijos molhados.
Frio - o sentido aponta arrepios
dentro do sentimento.
Sensorial... som de pernas
que tremiam esperanças
de amor.

domingo, 26 de abril de 2015

Inexistente caminho

Sendo as calçadas, motivos...
paralelepípedos mal cruzados
como sonhos adolescentes
são também as ruas, caminhos
para uma felicidade que...

mesmo distante não ousa pensar que existe

no real mundo
sendo as calçadas motivos
paralelepípedos entre flores mal cruzadas
como meus sonhos
são também as ruas
estradas, rios, rotas
de jardins para uma felicidade que

mesmo distante não ousa pensar que existe
no real imaginário mental.