sexta-feira, 24 de maio de 2013

Royalletes - It's gonna take a miracle


Trecho - Cartas de um Sedutor - Hilda Hilst


Perdoa-me, Cordélia, mas a não ser tu, minha irmã e tão bela, não tive um nítido e premente desejo por mulher alguma. Mas sempre gosto de ser chupado. Então às vezes seduzo algumas de beiçolinha revirada. Mas o falo na rosa, nas mulheres, só ‘in extremis’. Há em todas as mulheres um langor, um largar-se que me desestimula. Gosto de corpos duros, esguios, de nádegas iguais àqueles gomos ainda verdes, grudados tenazmente à sua envoltura. Gosto de cu de homem, cus viris, uns pêlos negros ou aloirados à volta, um contrair-se, um fechar-se cheio de opinião. E as mulheres com seus gemidos e suas falações e grandes cus vermelhuscos não me atraem. Bunda de mulher deve dar bons bifes no caso de desastre na neve. Lestes sobre os tais que comeram os amiguinhos e amiguinhas congelados? Voltando à nadegas. As tuas. Douradas e frescas. Tu foste única. Tuas nádegas também. Firmes, altas, perfeitas como as de um rapaz.

José Parra


TEXTÍCULO IV


Me sinto só, tão só quanto a última estrela que sobrou em toda a galáxia depois da explosão do sol. Se o sol explodiu? Onde é que você tava? Não estava não, eu estou só... Tão só quanto a última flor do deserto. Mas deserto não tem flor, tem sim, eu desabrocho no primeiro sinal se tu quiseres, cheio de mim, arreganho-me, em posicionamentos nada éticos deixo a solidão como quem abandona uma doença. E me vou aos seus braços. Me sinto só, mas sem sol, sem vida, e sendo a última estrela, nem brilhar parece satisfatório, por isso, apago as luzes. Não preciso de holofotes, não sou um show. Não sou um monumento, nem um objeto. Sou eu... A última estrela do deserto, que procura uma flor para iluminar todo o sabor do sexo. 

TEXTÍCULO III


Seu doce abraço me conforta, seu amor é tão desejado. Meu amado, não te posso dizer o que quero, tenho medo, de me colocar em posições heterodoxas. Mas sempre quis, com todo meu amor, manter todo o romantismo que se coloca em mim, desde meu nascimento, por Deus, em ti. Toda a esperança se brota com esse amor, esse platônico desejo de vencer a vontade, de conquistar um novo abraço, um beijo. Pegar tuas mãos, acariciar teu rosto, olhar teus olhos tristes, sua boca trêmula, quieta. Meu desejo é ter-te em devaneios na cama, na noite que se levanta. Retirar seu medo, destremular seus lábios, calar-te com um beijo. Meu doce abraço que te conforta, meu amor que se é desejado, me colocar em heterodoxas posições. Deus abençoa essa união, e há quem diga o contrário, há quem diga o contrário. Mas Deus me disse, no meu interior, que meu amor é puro. 

TEXTÍCULO II


Que tu chores, se em mim não fores feliz, que tu lamentes, se não bendizer-te à minha verdadeira religião. Oh querido, não te amaldiçôo, mas quero-te aqui, bem perto e todo o tempo em que me sinto vivo, a respirar, pois é em seu peito que descanso, sobre os pelos macios, e sobre as tuas coxas repousadas no branco lençol que se doura com o amanhecer. Eu te amo tanto, que prefiro a sorte de meus dias abandonados à morte, a ter de esquecer-te, a ter de enfrentar o julgo divino da escolha. Meu amado, minha solidão é tanta, encontre-me logo, para que a eternidade possa nos presentear.

TEXTÍCULO I


Sabe as vontades que eu tenho, de me empeladar todo em cima de você, e colocar-me sentado, no seu corpo, e te abusar, todo meu, querido e amado, sinto tua falta, e te imagino aqui, meu bem, meu querido, se escolhi assim te chamar, vem aqui, ilumina-me. Tu bom amigo. Repartimos a cerveja, colocamos nosso fim ao ventre. Me abraça forte. Teu corpo contra o meu, em sofreguidão eu choro, em teu colo, teu peito. Pelo com pelo, suor que me contamina; Meu amor, se entregues a mim, assim sempre belo. Amigo. Meu querido, meu belo, cante baixo ao meu ouvido... de manhã ao acordar, e de noite à bebedeira. Ao meu luto, à minha carência, beba comigo. Me ame de novo, me come, me beija; Me coloca a coisa toda em pé, viril e lógica. Me coloca a par, sempre e sempre, pois quero te amar. E me abraça como consolo para minha vida triste. 

Forgive Me Father For I Know Not - Paul Richmond


quarta-feira, 8 de maio de 2013

2345678, tá na hora de molhá o biscoito.

O mundo anda distorcido, morreu mais um, é só mais um, que pena... não pensa não, para que? é mais fácil viver a sorte dos dias, vamos e vamos, caminhando e cantando e seguindo a canção, e o mundo anda distorcido, balearam mais um, mais um morreu, mais um no meio de tantos, drogas? dinheiro? mulher? não sei, não me interessa, não quero saber... O mundo é assim, Braga diria, somos só números, o que morreu ontem foi o 3154627384635298363527 baleado dessa região em dez anos... Isso é comum, para que se preocupar com tão pouco? ... vamos seguir as nossas vidas, caminhando e cantando e seguindo a canção, hoje é luto amanhã já se acabou, se hoje eu te amo, amanhã já lhe esqueci, já lhe esqueci, já não me faz falta os meios e os fins, só sigo caminho. O mundo anda distorcido, e lá vamos nós. mais um morreu baleado ontem, mais um menino com a vida toda pela frente, mais um que se vai, que se parte ao longe destemido, na esperança de encontrar um outro mundo. Caminhando e cantando e seguindo a canção, ele procura os céus, e deus? Será que ele canta nessa hora? Mas a mim não importa. Tudo é minúsculo, Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor, lhe tenho horror, te faço amor eu sou um ator... E vamos nós seguindo nossas vidas. Caminhando e cantando, e seguindo a canção, esperando que não sejamos nós, os próximos a procurar o rumo do céu. maybe not. (e o mundo continua se globalizando).