domingo, 30 de dezembro de 2012

Yellow men




Feliz é o poeta
Que falou do homem amarelo
O amarelo pelo
O amarelo pele
Os pólos amarelos

Feliz é o poeta
Que enxergou o homem amarelo
O amarelo gostoso
O amarelo dengoso
Os tropos amarelos

Feliz é o poeta
Que falou com o homem amarelo
O amarelo sedutor
O toque amarelo
O seu falar
Feliz é o poeta
Que transou com o homem amarelo
O maravilhoso amarelo das minhas visões

Pentecostes


Seu corpo belo
Escultural
Com a voz rouca
Nos beijos a mais
Que vontade tocar
Os lábior brutos
Com braços singelos
Ou o contrário
Que me deixa louco
Como um Deus exibido
No templo nu
Corpo do espírito
Gostos medianos
Com peles no templo nu
Paladares a cada parte do corpo
Em ti
Sexo
Just do it

Pai e filho


Te vi, bebê no colo, uma pena ver o quão feliz está. Não que eu queria vê-lo infeliz, apenas lamento seu bebê, que tem mãe. Fico infeliz ao ver tal beleza reproduzida numa criança que não será minha nunca. Nem ao menos pelo pai. Como Jesus. Filho e pai ao mesmo tempo. Seu olhar para mim é um encanto magnífico, me surpreende de forma a glorificar meus dias. Desejo-te, quero-te, único em mim como a reprodução do meu reflexo, espelho da alma, luz dos meus dias. Me deixas bonito. Só por viver. Tu que carregas no colo a prole. Que vive a alma de duas pessoas num único coração. Desejo-te, em carne, sangue e amor.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Podre



Ontem eu morri, por dentro. Morri de agonia, de tristeza. Não ria da minha solidão. Não é piada. Ontem eu morri de amor, pelo que não tenho. Assim, sofri. Eu não tinha amor. Hoje eu quero morrer de novo, aos poucos, sonolento, sem sentir o peso da morte, ou seu beijo. A não ser que seja doce, o beijo da morte. da cúpula doentia de concatenações. (morri). Se me vejo no velório, bem, se não, amém. Hoje eu morri, meu corpo aqui decompõe. Sujo. Dentro dele, nada mais que barrigada. Um coração podre. Um cérebro inutilizado. Pernas que não voarão nunca mais. Junto de mim, estão meus princípios. Amanhã morrerei, de novo, para renascer quem sabe, da fétida conclusão de meus sentimentos. Saberei amar novamente? Depois de tantas e tantas conquistas decepcionantes. Ai, que vontade morrer!
A lua caiu na minha cabeça. Aí como dói, ai como dói. O peso da lua. 

Amor à primeira vista


Vi os olhos azuis
que só olhavam pra mim
mas eu não olhava assim
com esperança de ver
então, enfim, 
cansou-se de mim
decepcionei-me, 
sem ganhar nenhuma flor
meu primeiro amor
começou no vácuo
e terminou sem ter um fim
(Triste poética da voz
que insiste em rimar
algo que foi apenas
um flerte no ônibus).

Poema do nojo

Em homenagem a Baudelaire


O mundo das fezes
das cétidas (palavra cagada)
O mundo das prezes (palavra cuspida)
das mortálias.
Quem entender esse poema
que cuspa na minha cara.






terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Por favor, atenção!


Chamo-o do que quiser. Disse raivoso, depois de noites e noites tumultuadas e cheias de preocupações. Caóticas. Não quero mais entreter suas aflições e nem alimentar seus ciúmes. Preciso ser livre. Livre dessa necessidade constante de carinho e atenção. Do choro que me persegue. Acabo me envolvendo com (ELES, ESSES), tenho que usar os dois pronomes. Esses estranhos meticulosos, eles, imprestáveis. Desdotados de caráter. Gosto de inventar palavras. Desdotados é a melhor palavra para descrever esses imbecis que se envolveram comigo. Hoje choro. Não por eles. Mas por quem ainda não veio. Chame-me do que quiser. Sou dependente químico, da química corporal, do feeling de atrações e volúpias que sinto quando chego perto de alguns homens bonitos. Foi aqui que acabou o namoro. Chamei-o do que quis. Agora sofro com a solidão. Chorei um dia. No outro queria outro. Aprenda a me chamar. Dar-lhe-ei atenção redobrada se preciso for. Contudo, choro as lágrimas do silêncio. A vida é assim. Solitudica. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Tempo louco roda viva


Um tempo será
um tempo serei
Um tempo serão
cerão
cera
tempo encebado

um tempo trepei
um tempo loucura
um tempo tesão
terão
pera
tempo acabado

Um tempo de amor
um tempo paixão
um tempo acabei
pézão
morbidez
tempo chorei