Olha, eu to lendo livro novo, de
poemas, do Caio, isso mesmo. Do Caio, lembra quando o mendigo perguntou o que
eu estava lendo e eu mostrei com toda pretensão o Triângulo das Águas, e então
ele perguntou: Você gosta desse Gaúcho? E eu dei o livro de presente para ele,
porque eu não sabia que o Caio era Gaúcho, achava que era Curitibano, como o
Dalton, ou o ... esqueci o nome dele... meu deus, qual era mesmo?
Então ele me olha e sorri – em meio
aos nervos de minhas descrições ele sorri calmamente, abrindo os lábios em câmera
lenta. E me vêm a mente.
Seus são os olhos curtos
cerrados.
Dos espasmos entrecortados,
dos castanhos mares em que
mergulho.
Teus beijos são únicos molhados,
espero espaços naufragados
em poesias do frio de julho.
Teu amor, como em animais
enjaulados
encontrou meu coração
tentaculado.
E agora, limpou minha alma
O que era barulho agora é calma
O que era entulho agora é lassa
limpeza
Era pedregulho, agora é jardim, é beleza.
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