segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dentro.

E como desfilam os corpos pelos parque. Parece um catálogo de possibilidades. Imaginava quando chegaria a sua vez, sentado a beira do lago. Passava todo o dia vendo os homens... casar, trocar alianças, subir no altar, esperava alguns toques. Amores perdidos na grama. E via histórias nos rostos, histórias nos tempos de cada um, na força gravitacional pessoal. Os seus olhos ficam tristes quando veem flores sendo queimadas. Dentro do espírito, produzir aromas. Então os cheiros parecem destroços da morte, do amor. Quase impossível. Quando o céu claro escurece, e as nuvens alvas douram-se, finalmente panapaná surge. Colore a tristeza dos seres, e aumentam esperanças os pequenos animais. As penas no chão, os pássaros e os anjos, em um golpe de vento, miram-se, transformam-se,  fazem-se miragem realizável de um amor conveniente. Ele observa os corpos masculinos que desfilam no parque. Bem vindo. Então ele aparece. Carne. Pelo. Alma. Traz um cachecol vermelho no pescoço. Faz calor. Carinhos de quase amantes. Conhecidos de tempos e vidas. Ele disse que não podia deixar de vir. Falar. Dali continuaram o que aqui acabará. Na poesia da tarde finita. Da noite vindoura e solitária. Das palavras que não passam de sonhos. Da maça rolando pelo gramado até a água.


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