Caminhei, buscando melhorar a mim mesmo, meu corpo a caminho
do sofrimento diário, cotidiano. Mas algo me prendia e me fazia voltar para
casa. O rosto que vi no caminho me deixou triste e alegre, romântico e infiel,
são e louco, inútil e inspirado, era eu comigo mesmo. O rosto perfeito dos tais
sentimentos confusos. Quão triste me tomava o corpo ao pensar que não estaria
perto dele, perto daquela sarda que marcou minha memória. Um ponto de lembrança
do seu rosto angelical. E porque não o motivo da inquietação da mente humana. A
certeza de que seu corpo nu está fora de meu alcance. Está fora da minha vida,
mas força-se na minha memória triste. Quase um diálogo comigo mesmo. Corri,
brinquei, soltei risos forçados de medo. E descobri que não adiantaria fazer o caminho
de volta porque não o encontraria mais, perdido em si, nas derradeiras
expressões de prazer que me encheu os olhos ao lembrar dos dele. Se é amor à
primeira vista, não sei dizer. Posso afirmar apenas que se eu tenho um anjo da
guarda, ele deve ter se mostrado para mim naquele dia. E quanta vontade tenho
eu de poder acertar o coração de um anjo de deus? Casá-lo e fazer-te pai.
Quantas inquietações pecaminosas me atingem o cérebro... Descobri-me um
demônio. As minhas imaginações não são tanto humanas. São inquietações de um
demônio querendo deixar a solidão de lado. E arremessar-se num mar de corpos
angelicais dispostos ao amor carnal.
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