quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Carta amante nº 5 - Renan

Ibiporã, 27 de fevereiro de 2014.

Querido,

sempre te chamo assim, de querido, como se o amanhã fosse reservar alo especial que me fizesse ter a certeza de que poderei, amanhã, te chamar de querido. Há então nessa palavra certo ar aromático de café da manhã, de acordar, de cheiro de nozes e menta, e há também aquela esperança do acordar com a chuva trepitando na janela, no telhado, na casa no campo, e então olhar para você no meio do branco dos lençois e dizer, bom dia querido. É realmente essa uma palavrinha mágica. O sentimento mais puro que bota no meio do som das letras. Q.u.e.r.i.d.o. E eu posso entre tantas tentativa desesperadas de sonhar com você para realizar pelo menos na mente o sonho de amor impossível que me assemelha os devaneios do meio do dia, no meio do almoço, no transito, nos textos, nos beijos e abraços falsos, e todas as outras atividades que não são mais as mesmas porque você não me sai da mente em nenhum minuto. E porque é com essa carta que na verdade, ao invés de te chamar de querido, eu me despeço desse nosso amor irrealizável, impossível. Não dava para perceber antes disso o quanto isso é importante. Eu quero um amor, e você não pode sê-lo. Meu querido, meu sonho de amor juvenil, meu príncipe mais que perfeito do subjuntivo ou seja lá o que possa se tornar isso, a gramática está um saco hoje em dia. Meu lindo inspirador poético de meus dias atuais. Meu sonho mais tenro e justo dos anjos do céu. Meu querido. Quanta coisa expressa numa única palavra, além do sentimento vil e temeroso aqui no meio das pernas. Joyce te chamaria de flor empapada de chuva. Mas eu, eu... eu prefiro dizer que sonhos me aguardam nossas conversas tão singelas. Nossos trocadilhos mais dispersos. Nossos olhares nunca vistos. Meu amor à distância. Meu, meu meu, meu querido Renan... 

Com carinho.

Leandro.


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