sábado, 29 de março de 2014

Ele, ele e a avó

Naquele dia, quando acordou percebeu o céu mais claro, não que no outro dia não estivesse, apenas sua vida cinza não lhe permitia enxergar a beleza à sua volta. A beleza dos dias, da natureza, dos pássaros, do amor. Mesmo vivendo na cidade, encontrava vestígios de uma natureza meio morta, semimorta, quasemorta, completa somente pelo canto do bem-te-vi que ficava no parapeito da janela. Ele ouvia sua avó na sala, terminando seu leite quente. E ninguém mais na casa percebia nada. Ela sabia que ele estava feliz, e não questionava nada, apenas sabia, e ficava feliz também. Acredito que para aqueles dois, a cumplicidade é apenas uma demonstração de amor. O dia passa, o almoço, o jantar, a casa barulhenta de novo. O seio amargo da sua família. A tristeza parece tomar conta de tudo novamente, então ele sai, olha as estrelas, vê o telefone, e pega a foto 3x4 que ganhou do seu amor no dia anterior, e pensa nele. O telefone toca, ele do lado de fora da casa, a foto 3x4 nas mãos, o beijo relembrado, a voz que se aproxima novamente, o céu estrelado ganhou mais estrelas. A avó dentro da casa observa a cena sentada no sofá ao lado da janela, sorri disfarçadamente, e quando perguntam a ela o motivo, ela diz: "é a novela". Todos pensam que ela tem problemas mentais... então os sonhos deles se unem, e mostram a felicidade guardada no coração daqueles dois... a cena se repetirá todos os dias, até que uma estrela se apague no céu.


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