terça-feira, 20 de maio de 2014

Carta amante nº 6 - Jean

meu querido.

normalmente eu escrevo com vírgulas após o vocativo, porque continuo a falar com você e não vejo a necessidade de pôr um ponto em algo que vai continuar. hoje é diferente. normalmente eu escrevo com letras maiúsculas depois dos pontos, porque acho tão necessário fomentar as regras da gramática, mas hoje ignoro todas, pois minha vida não seguiu o caminho das regras estabelecidas para o meu coração. hoje eu não escrevo, eu conto, eu digo, eu sonho. você se casou e eu não entendo. eu não entendo como reginaldo rossi poderia ter descrito essa cena de tristeza e amargura em palavras tão doces que me representassem tanto. eu não entendo. eu não entendo porque você não me convidou. obviamente eu não iria, mas receber de suas mãos, pessoalmente esse papel seria uma grande oportunidade para eu perguntar porque? porque só eu posso sentir tudo isso que afunda o peito em lágrimas todos os dias, e você, nada? porque nós nunca podemos ser felizes juntos? as coisas são difíceis. nada simples. eu certamente ia estar cantando baixinho, no meio dos convidados, esse verso pequeno, "saiba que o meu grande amor hoje vai se casar".... e pararia aí porque não recebi carta, nem aviso, apenas um choque imenso. eu também choraria no seu casamento, não de emoção, mas de tristeza, de luto, um choro soluço. não conseguiria parar. eu posso lembrar de quando o vocativo "meu querido" me alegrava e sustentava no meu coração algo novo, a se renovar todos os dias. eu mudei! você mudou! e hoje você é diferente. usa essas algemas de ouro, que me impedem de dizer sequer: te amo. aquele humilde som que grave, baixo e choroso, pudesse representar meu sentimento. hoje não posso dizer nada. fico só a pensar como seríamos felizes juntos. como eu poderia ter uma vida alegre e diferente se você me dissesse isso também. te amo. te amo no eterno. e nunca vou deixar de te amar. não importa o que aconteça, o que apeteça nos seus dedos, o ouro, o luxo, a prisão desnecessária, a outro coração que não o meu. desculpe se canto músicas bregas. mas eu não tenho mais nada a dizer senão "se eu pegar no sono, me deite no chão"... mas não me deixe voltar. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário