segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O bobo



Era um sorriso bobo, bobo, etc. Mas mesmo assim me encantava. Eu que esperava ouvir sonetos e canções eruditas, que sonhava em ver Camões em meu quarto falando sobre as ninfas e os cupidos, eu que sempre amei a inteligência e admirei quem a tinha. Estava apaixonado por um bobo. Um bobo que ria em espasmos, grunhia palavras, com voz grossa e abafada, e que empilhava ofensas em tom de riso, para me provocar somente. E eu deixava-o; Que fizesse o que queria, ele podia tudo; Que sonhasse o que pudesse, bastava que eu estivesse em seus sonhos; Que beijasse quanto quisesse, desde que a mim, e somente a mim. Que se apaixonasse... enfim, na luta da conquista que se fez, em olhares furtivos, com as mãos que esbarravam.

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