terça-feira, 14 de agosto de 2012

Carrossel

PARA LILLIAN SALLES



Passeava no campo, com as flores no derredor. Abria os braços, finos e delicados, e rodava em meio ao capim, seco, florido, como um carrossel, o sol que batia no rosto dava vida a ela. E assim ela continuava a sonhar. Sonhava com os namorados que foram embora, mas que ainda não haviam sequer aparecido. Nenhuma vez. Sonhava com a noite que chegaria daqui a alguns minutos, quando o sol começasse a se pôr, e que nessa noite ela via alguns anjos caminhando ao lado dela. Talvez por isso ainda estivesse ali. Sentindo o perfume das flores. Eu a via, com vestido de renda e algodão, toda fresca. Eu a via de longe, da janela de uma casa distante. Eu a via porque estava o dia todo olhando para ela. Eu via essa menina, que rodava e rodava como um carrossel. E ela sonhava. E sonhava com as flores ganhando vida. Com as estrelas que passeavam no seu corpo, como abelhas a procura do mel. E ela sonhava com anjos caminhando ao lado dela. Eu a via. A via porque o sonho dela ia se realizar. A via do alto das nuvens, da casa distante, construída em cima de uma nuvem, no céu. Que logo iria escurecer. Eu a via de perto, caminhando ao lado dela. E minhas asas a abraçavam

Um comentário: