quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Ação II

PS: "Ação I", no livro (in)completas, a partir de Novembro.


Queridos, quero escrever isso como uma carta. Não me confundam, não sou o escritor. Eu apenas sou alguém que não sei quem, como já dizia o poeta. E que está a procura exacerbada de um desabafo. Um meio para o qual tirarei uma dor muito grande do meu peito. Uma dor de amor, que não é amor, que de corno, mas o corno não sou eu. Pois é gente! Talvez esteja na hora de tornar os fatos públicos. Desamarrar as amarras. E ver o mundo de uma maneira mais leve. Enfim, vamos aos fatos: Conheci um ruivo no ônibus. Ele era muito bonito, do tipo de cara que se olha e fala, putz. Palavra nova inserida no dicionário pela boca do povo. É uma abreviação de PUTA QUE O PARIU! Expressão que denomina espanto, alegria, euforia, tesão. Eu olhei e disse. Putz. Naquele momento fiquei imaginando ele pelado. Era inevitável. Dizem que os ruivos metem bem. Não sei. Dessa fruta rústica eu nunca provei. Ou tinha provado. Já eu falo o porquê. Entrou no ônibus. Cabelos alaranjados, pele branca, barba larga. Um rosto milimetricamente reduzido a perfeição. Umas sardas, queria poder ter contado. Ele me olhou. E eu já o estava olhando. Virei o olhar, não vi o que ele fez. Mas estava meio que atrás de mim. Na diagonal. E eu conversando com uma ex funcionária de casa. Frequentemente olhava para trás, esperando encontrá-lo, e lá estava ele. Com uma mala branca e azul no chão. Chegando de viagem, talvez. Então, se colocou bem atrás de mim. Eu já estava até feliz, achando que ia ser encochado, (palavra que define o ato de colocar suas cochas sobre as cochas de outra pessoa, atracando-se sexualmente em tom menor, ou seja, de forma sutil). Estirei o bumbum para trás. E uma senhora o levou para a parte de trás do ônibus o empurrando. Fiquei a olhá-lo, por entre pessoas. Esperando que dele viessem alguns olhares furtivos. Mas deixei olhá-lo por distração, ou medo de acanhá-lo visto que algumas pessoas já estavam encarando nossa relação. Surtei. Não havia relação. Por favor. Minha mente traiçoeira! Quando o procurei, não o vi mais. Ele havia sumido. Pensei, desceu em algum desses bairros. Toquei a vida, pensando naqueles pelos ruivos. Será que são todos assim? Ruivos metem bem. Agora sim, afirmação. Porque no outro dia o re-vi. Estava lá, na fila do banco, enquanto que eu pagava contas. Saí do caixa, esperei que ele saísse do banco, para seguí-lo, meio de longe, distante. Dito e feito. Saiu do banco. Começou a andar e me pus atrás dele. Ele se virou e me viu. E continuou a andar. Até que passando entre ruas e ruas e ruas. Entrou numa casa, e ficou a porta, sem camisa. Aquela pele branca, e eu passando em frente, olhando-o discaradamente. Ele colocou o dedão da mão direita no cós da calça, abaixando-a, deixando a mostra todos os pelos ruivos. Eu surtei. Entrei na casa. Um cachorro veio em minha direção, congelei. Ele afastou o cachorro e sem dizer uma palavra, me guiou até a sala. Tirou a calça, e só de cuecas, me ofereceu uma bebida. Aceitei, meio zonzo. Nunca havia me ocorrido nada do tipo. Esperei que o amor não viesse. Então retirou minha camisa com seus dedos. Beijou meu corpo e minha boca. Jean. Até que enfim, um nome. Lindo. Coloquei minhas mãos sobre ele. Retirei minhas calças. Jogamo-nos no sofá. E ali, sim ali. Coloquei tudo que havia em mim a trabalhar. Boca, mãos, corpo, pinto, cu. Agora sim. Ruivos metem bem. Afirmação. (Repetição espontânea). Quero o mundo em mim. Queria ele para sempre. Vamos nos encontrar hoje. Para um jantar. Nunca esperei conhecer um namorado no ônibus. Quanta trairagem. A vida é traiçoeira.

Obrigado por ler meu desabafo.
Estou profundamente agradecido.

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